Alberto Ribeiro Soares, Companhia de Artilharia N.º 106. História das Operações em Angola - 1961/63, Coimbra, 2001, 26 pp.


 

SÍNTESE DA ACTUAÇÃO DA CART 106 EM ANGOLA
 

Durante mais de 25 meses de permanência na Região Militar de Angola, a CART 106 esteve sempre na Zona de Intervenção Norte (ZIN) e, durante cerca de 23 meses em operações activas.

Teve a sua sede em 9 localidades diferentes, respectivamente Catete, Viana, Roça Bom Jesus, Úcua, Sassa, Bolongongo, Quitexe, Fazenda Liberato e Duque de Bragança.

E forças suas ocuparam com carácter de permanência 33 povoações:

além das 9 indicadas, mais Cassoneca, Fazenda Lalama, Cabiri, Bom Jesus, Funda, Fazenda Experimental do Vale do Bengo, Calumbo, Mazumbo, Mucondo, Quimanoxe, Fazenda Três Marias, Quíbaba, Quissacala II (Pedra Verde), Fazenda Icau, Balacende, Quissacala 1 (Beira Baixa), Caxito, Terreiro, Roça Santa Eulália, Roça Rodrigues & Irmão, Roça Socolange, Roça Canzele, Cateco-Cangola e Cuale.

Dependeu operacionalmente de 3 Sectores Operacionais, LUANDA, SECTOR 3 e SECTOR D, além de 2 Sectores independentes, BCAÇ 230 (Salazar) e BCAÇ 159 (Malanje).

Forças suas reforçaram 8 Batalhões: BCAÇ 137, BCAÇ 114, BCAÇ 96, BCE 21961, BCAV 350, BCAÇ 230, BCAÇ 317 e BCAÇ 159.

Durante a sua permanência em operações, forças da CART 106 tiveram por 36 vezes contactos de fogo com o inimigo, matando 15 terroristas, feriram bastantes (14 comprovados), fizeram 37 prisioneiros, destruíram 41 acampamentos inimigos (sendo 2 deles importantes quartéis do GRAE em Muhombo) e capturaram armamento vário e documentação importante.

Desde a sua formação teve a CART 106 o total de 2 mortos, 4 feridos em combate (1 Oficial e 3 Praças), 8 em acidentes de viação (1 Oficial, 2 Sargentos e 5 Praças) e ainda 12 evacuados para a Metrópole (1 Oficial, 4 Sargentos e 7 Praças).

Actuou nas mais diversas zonas de acção, entrando em operações contra as mais variadas facetas que o terrorismo tem apresentado em Angola: subversão latente, prestes a explodir (Catete); guerrilha com o inimigo fortemente mobilizado e armado (Úcua, Quimanoxe, Quicabo, Mutenda); bandos mal armados, actuando à base da pistola-metralhadora, canhangulo e catana (Terreiro); inimigo fortemente organizado, armado e dispondo de minas (Quitexe e Fazenda Liberato); e finalmente em zonas pacificadas onde desenvolveu intensa acção psicossocial (Viana, Sassa, Duque de Bragança).

Sendo uma Unidade que nunca recebeu qualquer instrução de contra-guerrilha — e mesmo de infantaria a pé — actuou durante um ano só com pelotões de atiradores (sem armas pesadas), uniformes de caqui amarelo e armas de repetição. Dotada depois de armas pesadas, uniformes camuflados e espingardas automáticas, consciente do seu valor — adquirido à base de experiência, força de vontade e muitos sacrifícios — pôde a CART 106 mostrar agressividade, valentia e espírito de bem-servir, muito especialmente pela sua actuação no Terreiro e na Fazenda Liberato, uma vez que só nestas condições actuou como Companhia tipo Caçadores em proveito próprio.

As constantes mudanças de Zona de Acção a que a CART 106 foi sujeita por imperativos operacionais não permitiram nunca que o seu pessoal, após conhecer a fundo uma dada região, viesse a tirar o rendimento compatível com o esforço nela dispendido.

Página anterior Página inicial Página seguinte