Alberto Ribeiro Soares, Companhia de Artilharia N.º 106. História das Operações em Angola - 1961/63, Coimbra, 2001, 26 pp.

10-MAR-1962 — A sede da CART 106 é transferida para o SASSA. Continua com 1 Pelotão destacado, de reforço da CCAÇ 138.
Continua a ocupar MAZUMBO com 1 Pelotão e monta um posto de controlo de viaturas em SASSA.
Nesta altura a CART 106 tem o seu material bastante danificado, especialmente o material auto, a que tem sido exigido grande esforço. Operacionais tem apenas 1 Jeep ¼ Ton, 1 Jeep ¾ Ton e 1 Unimog.

15-MAR-1962 — Ferido gravemente em combate o 1.º Cabo n.º 221/60, MANUEL R. OLIVEIRA.

18-MAR-1962 — A CART 106 (-) passa a reforçar o BCE 21961.

Mantém 1 Pelotão destacado, de reforço à CCAÇ 138 e outro Pelotão no MAZUMBO, e passa a ocupar a FAZENDA ICAU com 1 Pel (-). Nesta data recebe 3 Morteiros 60 e 3 Lança-granadas Foguete, ficando a dispor de 1 Pelotão de Acompanhamento como qualquer Companhia tipo Caçadores.

20-MAR-1962 — “OP. TIGRE REAL”, com a CCE 268 na região do MAZUMBO.

27-MAR-1962 — Desaparecido do estacionamento do MAZUMBO o Soldado n.º408/1961/EP, HORÁCIO RODRIGUES, provavelmente morto pelos terroristas.

01-ABR-1962 — O 1.º Pelotão continua destacado no Subsector NAMBUANGONGO, mas passa a reforçar a CCAV 352/BCAV 350. Passa a ocupar apenas o destacamento de QUIMANOXE, abandonando TRÊS MARIAS, onde é rendida por 1 Sec/CCAV 352.
Nesta altura o Pelotão apenas tem 1 viatura operacional (Unimog) e o estado sanitário do seu pessoal é bastante deficiente.

19-ABR-1962 — “OP. MONTANHA AZUL” na região das BALACENDE-SETE CURVAS (QUICABO). A CART 106 (-) colabora com a CCE 269 e a CCAV 149.

26-ABR-1962 — “OP. ONÇA AMARELA” na região do Rio LIFUNE (ANA PASSO). A CART 106 (-) colabora com a CCE 269 e CCAV 149.

09-MAI-1962 — “OP. CAPIM GIGANTE”, na região de BALACENDE-SETE CURVAS (QUICABO). A CART 106 (-) colabora com a CCE 269 e a CCAV 149.

09-MA-11962 — “OP. LUA NOVA” na região a Norte do ÚCUA, nas duas margens do Rio DANGE (PEDRA VERDE e QUIEMBA).
O 1.º Pelotão, muito embora tivesse inoperacional apenas cerca de 50% do seu efectivo, reforçou a CCAV 352, que actuou na região de QUIEMBA, na margem direita do Rio DANGE. Tomaram também parte na Operação as CCE 268, CCAV 149, 1 CPARAS e as forças restantes da CART 106.
A operação terminou a 20MAI para as tropas a Norte do DANGE, que percorreram a pé cerca de 180 Km, tendo permanecido em operações 12 dias consecutivos.

21-MAI-1962 — O 1.º Pelotão regressa à CART 106, apresentando-se no SASSA.

24-MAI-1962 — A CART 106 passa a ocupar os estacionamentos do MAZUMBO e QUISSACALA (PEDRA VERDE), com 1 Pelotão cada e a FAZENDA ICAU com 1 Pel (-). O Comando continua no SASSA.

04-JUN-1962 — A CART 106, que actuou durante mais de um ano com uniformes de caqui amarelo e espingardas MAUSER, de repetição, é dotada de fardamento camuflado e de espingardas automáticas FN.

21-JUN-1962 — “OP. NUVEM NEGRA” na região dos MONTES QUIUNENE (QUICABO). A CART 106 (-) colabora com as CCE 267 e 269 e 1 CPARAS. Termina a 271UN.

17-JUL-1962 — Apresenta-se na CART 106 o CAP MIL ART JOSÉ CÉSAR RESTOLHO MATEUS, que passa a desempenhar as funções de Adjunto do Comando.

18-JUL-1962 — Integrada no “PLANO CENTAURO GRANDE”, de remodelação do dispositivo, a CART 106 marcha para a região de TERREIRO, no distrito de Cuanza Norte.

 

 

RESUMO

 

Durante cerca de 7 meses, a CART 106 permaneceu nas regiões do ÚCUA (3 meses) e SASSA (4 meses); nesse período esteve durante 5 meses e meio desfalcada do seu 1.º Pelotão, que foi enviado para o Subsector NAMBUANGONGO em reforço à CCAÇ 138 (estacionado em MUCONDO e em QUIMANOXE e TRÊS MARIAS) e, depois, à CCAV 352, todo reunido em QUIMANOXE.

A CART 106 (-) participou nas Operações GRANADA, BOLO REI I E BOLO REI II, TIGRE REAL, MONTANHA AZUL, ONÇA AMARELA, CAPIM GIGANTE, LUA NOVA, NUVEM NEGRA (e noutras a que não foi dado nome de código) nas regiões da MUTENDA, PEDRA VERDE E QUICABO, entrou por 6 vezes em contacto com o IN, fez um prisioneiro, feriu vários terroristas (3 comprovados), capturou 7 canhangulos, catanas, documentos, utensílios, etc. e destruiu 8 acampamentos.

 O 1.º Pelotão, actuando no Subsector NAMBUANGONGO, montou emboscadas, efectuou grande número de patrulhamentos auto de reabastecimento e outros, executou batidas e golpes de mão, e participou nas Operações GOLIAS, SIROCO, BRANCA DE NEVE e LUA NOVA, tendo entrado por 4 vezes em contacto com o IN, ferido 1 terrorista e destruído 3 acampamentos, colaborando também na captura de 2 prisioneiros e na destruição de 6 acampamentos (OP. LUA NOVA).

A CART 106 (-) manteve um posto de controlo de viaturas no ÚCUA,

durante 10 dias, tendo controlado 197 viaturas civis e 17 militares e capturado 1 Pistola-metralhadora; manteve outro posto de controlo no SASSA, durante 4 meses, onde controlou 8.285 viaturas civis e 4.724 militares.

Actuando em zonas muito difíceis e de grande actividade IN, como MUTENDA, PEDRA VERDE, QUICABO, BALACENDE, SETE CURVAS, MARIA FERNANDA e QUIMANOXE e em itinerários que submetiam o pessoal e o material a grande desgaste, a missão da CART 106 foi quase sempre secundária, de apoio a outras forças e de sacrifício.

Os exemplos são muitos — no deslocamento até à ROÇA BOM JESUS foram necessárias 27 horas para percorrer escassos 32 Km; eram enormes as dificuldades de reabastecimentos, porque nesta fase das operações a Logística era ainda muito incipiente; a alimentação era muito pobre e desequilibrada, não havia rações de combate e, no QUIMANOXE, em 5 meses, o 1.º Pelotão apenas comeu peixe por 3 (!) vezes; as instalações do pessoal foram barracões improvisados durante meses seguidos; as condições sanitárias eram muito deficientes, a falta de água bastante frequente; as operações e os deslocamentos eram feitos quase sempre sem contacto rádio e o apoio aéreo era praticamente inexistente — o que demonstra bem o esforço e o sacrifício exigidos ao pessoal da CART 106 neste período.

Mesmo assim e embora a maior parte das vezes os Pelotões da CART 106 tenham actuado em proveito de outras Unidades, pôde a CART 106 apresentar trabalho útil e obtido os resultados que se indicaram, que são tanto mais valiosos se atendermos que se tratou de uma Unidade sem qualquer preparação para actuar como Infantaria neste tipo de guerra e actuou em zonas onde o Inimigo era já bastante evoluído.

Neste período sofreu a CART 106 1 ferido grave em combate, teve 1 desaparecido (provavelmente morto, segundo as declarações de um prisioneiro), 3 feridos em acidentes de viação que foram evacuados para a Metrópole, 1 Oficial, 1 Sargento e 1 Praça.

Foi a CART 106 citada pelo Exmo. Comandante do Sector 3, conforme a Mensagem n.º 20910, de 24JAN1962, do seguinte teor: 

“SEXA COMANDANTE SECTOR 3 SOLICITA TRANSMISSÃO SEU GRANDE APREÇO NOTÁVEL ACTIVIDADE ESTÃO DESENVOLVENDO ... CART 106 ... E PELOTÕES ... MAZUMBO



Página anterior Página inicial Página seguinte