(Esmeralda) |
Stº António
'Stá em todas.
Mesmo sem ser
Convidado.
'Inda não eram
Nove horas.
Já aqui 'stava
Instalado.
Comovente
O seu pedido,
Escrito
Na folhinha
Ao lado.
Amigos!
A hora é grave!
'Stou triste,
Desesperado!
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Esmolinhas?
Acabaram.
Os peixes?
Já emigraram.
As fontes?
Todas secaram.
E p 'ra aumentar
A crise,
Pior a cada momento,
Há crise
No casamento.
'Stou triste,
Desesperado.
Sou mais um
Desempregado!
E tenho habilitações!
Sou Doutor,
Sou Doutorado,
Tenho Mestrado
Em Sermões.
Estive em Itália,
Emigrado.
Espalhei por meio mundo,
Com trabalho
E muito Amor,
A Doutrina
Do Senhor.
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'Inda sei
Consertar bilhas
E usar os cinco sentidos
p'ra procurar,
Com sucesso,
Os objectos perdidos.
O Menino
Não diz nada.
Já só tem um olhar
Triste
E o sorriso apagado.
Isso é que me faz sentir
Triste e amargurado.
Agora sou eu que peço.
Posso convosco contar?
Preciso urgentemente
De um lugar
P'ra trabalhar.
Se não for
O vosso amor,
O favor da vossa graça.
Só tenho uma solução:
Tiro o menino do colo.
Estendo, humilde,
A minha mão,
Cruzo as pernas
No chão,
Vou pedir
Na Ponte Praça.
Fernando de
Bulhões |
