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A. Carretas, Para a História do Atletismo, Inédito.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 51


A revelação Rafael Gonçalves

(e confirmação de Joel Costa)

Joel Costa - Clicar para ampliar.Aveiro dominava completamente no corta-mato na competição a nível das Beiras. Ganhou colectivamente em todos os sete escalões disputados (infantis masculinos e femininos; iniciados masculinos e femininos; juvenis masculinos e juniores/seniores masculinos e femininos) e individualmente nas cinco provas dos mais jovens, apenas deixando para Leiria o comando dos mais “velhos”. A classificação colectiva geral deu 70 pontos, com Leiria (2ª classificada) a larga distância que fez 198 pontos.

No dia 17 de Fevereiro de 1996, o atleta da Escola Secundária Júlio Dinis, Joel Costa, atingia 14,34 m. no triplo-salto, melhor marca nacional de todos os tempos para um juvenil. De realçar, igualmente, a marca de 2,07 m. no salto em altura, que constituía novo máximo regional absoluto (sendo ainda um atleta juvenil), marca de qualidade nesta tão difícil especialidade. Uma palavra para o técnico deste atleta (e de outros mais), que vinha fazendo um excelente trabalho de formação na referida escola, António Beça, ele que também havia sido um atleta com qualidade.

Este atleta seria considerado pela revista “Atletismo” como a revelação do mês de Janeiro. Em segundo lugar ficaria um outro atleta de Aveiro, Filipe Pedro da ADREP.

Nas provas deste mesmo dia, Juan Rosete acrescentava mais centímetros aos seus recordes nacionais da categoria, alcançando 17,44 m. no lançamento do peso e 55,76 m. no lançamento do disco.

Nos campeonatos de Portugal de pista coberta, disputados em Braga a 10 e 11 de Fevereiro, referência para Nuno Serra, recentemente integrado no Núcleo de Atletismo de Cucujães, que melhorava o recorde regional absoluto do lançamento do peso, fixando-o em 15,18 m. No Nacional de Clubes (20 de Abril) alcançaria 15,23 m. Destaque também para Joel Costa (Escola Secundária Júlio Dinis), segundo na altura com 2,07 m. Em femininos, Anália Rosa, da ADREP, foi uma boa terceira nos1500 metros.

Em 25 de Fevereiro disputou-se em Marvão o Campeonato Nacional de Corta-Mato. O destaque foi para o juvenil da ADREP, Filipe Pedro, que no seu escalão ficou na 2ª posição, a escassos 3 segundos do vencedor.

Em Março de 1996 dava-se notícia de que Espinho ia avançar com Pavilhão a contemplar o atletismo. Seria a segunda pista coberta, depois de Braga, a servir o atletismo, esta no centro do país, mais propriamente no distrito de Aveiro. A nave polidesportiva já estava na altura em adiantada fase de construção. No dia 7, o presidente da Associação, o director técnico regional e o presidente do Conselho de Arbitragem estiveram reunidos com o presidente da Câmara de Espinho, José Mota, e o vereador da cultura e desporto da mesma câmara, para tratar da rentabilização da pista a implantar no pavilhão.

A atleta Anália Rosa, da ADRE da Palhaça, foi seleccionada para representar a selecção feminina portuguesa (4 atletas) no Campeonato da Europa de Sub-23 de Corta-Mato, realizado em Turim (Itália) no dia 10 de Março, em que estiveram igualmente selecções da Alemanha, Espanha, Suécia, Finlândia e Eslovénia.

Durante a realização (11 e 12 de Maio) do XIV Torneio Olímpico Jovem, em que a selecção da Associação participou, tendo ficado em 3º lugar colectivamente (entre 21 associações representadas), Juan Rosete melhorava o recorde nacional de juvenis do lançamento do peso em 76 cm (?!), fixando-o em 18,20 m. Ficaria ainda a escassos 10 cm do seu recorde nacional do lançamento do disco. Tratava-se efectivamente de um lançador que prometia.

O denominado Agrupamento das Beiras continuava com o seu quadro competitivo. Das provas realizadas destaques para:

Km Jovem 96 (16 de Março) – vitória colectiva de Aveiro

Torneio Absoluto das Beiras – vitória de Aveiro com 106 pontos, com Leiria e Coimbra nas posições seguintes.

Campeonato de juniores das Beiras – competição a nível de clubes com vitória colectiva do Grecas na competição masculina.

Nos Campeonatos Nacionais de Juvenis, Juan Rosete fazia mais uma demonstração das suas qualidades no capítulo dos lançamentos, sendo campeão nacional das provas do peso e do disco. Seria bem acompanhado por Joel Costa, com três brilhantes segundos lugares na altura, no comprimento e no triplo; por Filipe Pedro, da ADREP, terceiro nos1500 metros; por Sandra Cruz da ADREP, terceira no comprimento; e por Pedro Teixeira, dos Ílhavos, segundo nos 1500 metros obstáculos, e terceiro nos 800 metros.

Nos campeonatos de Portugal, disputados em Leiria em 6 e 7 de Julho, o destaque vai para Rafael Gonçalves, da ADO, que se sagrou campeão de Portugal do salto em altura, com a marca de 2,04 m. Nestes campeonatos, referência ainda para quem ficou no lote dos finalistas (oito primeiros), o que significa estar entre os melhores do país: Artur Pinto, do Campismo, 6º no salto em altura; Paulo Carteiro, do Campismo, 5º no salto com vara (4,13 m. sua melhor marca pessoal e recorde distrital); Nuno Serra, do NAC, 2º no lançamento do peso; Paulo Silva, também do NAC, 5º no lançamento do dardo e o juvenil Juan Rosete, do C. Calvão, 6º no lançamento do disco com 44,71 m. (nada mau para um juvenil com o disco de 2 Kg.). Nos femininos, embora não tão brilhantes, podemos citar os 7ºs lugares de Susana Silva, da ADREP, nos 400 m.; de Anália Rosa, também da ADREP, nos 1.500 m. e de Regina Mendonça, da ADO, no triplo salto, e o 8º lugar de Márcia Peixoto, da ADO, nos 200 m.

Rafael Gonçalves voltaria a estar em destaque, duas semanas depois, nos Campeonatos nacionais de juniores, onde voltou a vencer o salto em altura, sagrando-se campeão do seu escalão (o atleta era ainda júnior), com a marca bastante razoável para o nosso país de 2,08 m.

Na época anterior, este atleta tinha apenas 1,90 m. como marca pessoal. Esta época começou com 1,92 em pista coberta, e depois, sucessivamente, 1,95 em Maio, 2,02 no início de Junho (Braga – 3ª divisão), 2,04 no início de Julho (campeonato de Portugal) e 2,08 m no final de Julho (campeonato de juniores). Representa isto um progresso de 18 cm em poucos meses, o que deve considerar-se excepcional.

No campeonato de juniores seria ainda 2º no triplo-salto com 14,68 m.

Surpresa nestes mesmos campeonatos para o 2º lugar de Luís Simões, do Grecas, nos 110 m barreiras, com 16,48 s. Foi ainda 4º no triplo com 14,16 m. Licínio Pimentel, do Grecas, obteve uns interessantes 5º lugar nos 800 m e 6º nos 1.500 m. Diogo Dias, da ADO, foi finalista dos 200 m, mas quedar-se-ia pela 8ª posição.

Em femininos, a melhor foi Márcia Peixoto, da ADO, com brilhantes 3ºs lugares nos 100 e 200 m (12,47 e 25,52). Ainda em lugar de pódio Xénia Fortes, 3ª no salto em altura. Depois Céu Mendonça, do GDG, 4ª no disco e 6ª no peso e Clarisse Cruz, da ADO, 6ª nos 3.000 m.

Clicar para ampliar.No mês de Julho deste ano de 1996, um acontecimento a nível nacional no tocante à modalidade merece referência, porque envolveu um oficial do corpo de juízes da AAA. No dia 23, no cartório notarial de Gavião, no distrito de Portalegre, (de notar a descentralização) foi oficializada a constituição da Associação Nacional de Juízes de Atletismo (ANJA). António Carretas assinou a respectiva escritura, conjuntamente com Mário Rui Ferreira, de Coimbra, Isabel Macedo, de Braga, António Queiroz, de Portalegre e Eduardo Gonçalves, de Santarém. Os cinco elementos constituíam a Comissão Instaladora por poderes que lhes tinham sido dados pela Assembleia de Juízes, realizada em 5 de Outubro de 1995. A ANJA teria como objectivo promover a valorização pessoal, a cooperação e a defesa dos direitos dos associados e da classe, bem como a divulgação do atletismo em geral e dos juízes em particular (artº 4º dos Estatutos então oficializados).

Ainda em Julho e no dia 24, integrado na programação do Agrupamento das Beiras, então em grande actividade, disputou-se na cidade espanhola de Zamora um encontro triangular em que participaram as selecções de Castilla y Leon e das Beiras e ainda a selecção nacional de juniores, por sugestão do técnico nacional de juniores, prof. José Santos, até então técnico regional. Na selecção das Beiras foram incluídos 16 atletas do distrito. Para a história aqui ficam os seus nomes: Paulo Carteiro, Paulo Silva, Nuno Serra, Nuno Serra no lançamento do peso - Clicar para ampliarArtur Pinto, Luís Simões, José Henriques, Diogo Dias, Hélio Reis, Sara Oliveira, Sandra Cruz, Fátima Adegas, Susana Silva, Clarisse Cruz, Anália Rosa, Céu Mendonça e Regina Mendonça. A selecção de Castilla y Léon dominou amplamente o torneio. Em masculinos, somou 144 pontos contra 73 apenas da selecção de juniores e 66 da selecção das Beiras. Em femininos, somou 113, a selecção de juniores 97 e a selecção das Beiras 53. Individualmente, as melhores prestações foram de Nuno Serra, no peso (14,88 m), única vitória das Beiras, de Anália Rosa 2ª nos 1.500 m e Regina Mendonça, 3ª no triplo-salto.

Como seria de calcular, à semelhança do que aconteceu anteriormente com outros atletas formados em Aveiro e que se distinguiam pelas suas potencialidades, Juan Rosete foi desviado para Lisboa, mais propriamente para o Sporting. Parece uma injustiça que quem faz a formação dos atletas enquanto jovens não possa posteriormente usufruir da sua sua presença nos clubes que os formaram, porque... outros valores mais altos se alevantam.

No dia 3 de Novembro disputou-se em Aveiro a II Meia Maratona Rota de Luz, cuja 1ª edição tivera lugar no ano transacto em conjunto com a Taça dos Clubes Campeões Europeus de Estrada. Embora a AAA tivesse ficado um pouco à margem da organização, não deixaram no entanto os organizadores de lançar mão do potencial adquirido pela mesma e assim a prova foi oficialmente medida por um oficial da Associação (com a participação do delegado da CNEC-Federação) e foi julgada por juízes do Conselho regional da Associação, para além de outras interferências de índole administrativa.

Segunda meia-maratona de 1996 - Clicar para ampliar.

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