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A. Carretas, Para a História do Atletismo, Inédito.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 38


Uma certa quebra...

No Campeonato nacional de Corta-Mato deste ano de 1982, apenas há a destacar o brilhante 2º lugar de Alice Cardoso  do Lourocoop, em juniores femininos.

No sector formação, iniciados e juvenis em análise, a revista “Atletismo” destacava em 1981: Ângela Pinheiro, que com apenas quatro meses de treino foi cronometrada em 26,3 s aos 200 m.; Cristina Eduardo, a subir de época para época obteve a justa compensação da sua dedicação com a obtenção do título nacional do salto em altura e um excelente segundo lugar nos 100 m. barreiras; e Alice Cardoso, ao alcançar o segundo lugar nos 3000 m. nos nacionais absolutos, encheu de orgulho as gentes do Lourocoop.

No balanço de juniores, o órgão oficial da Federação referia: "Com dois atletas seus presentes nos europeus da categoria, em Utrech–Holanda, Rui Saldanha e Regina Gonçalves, o Beira-Mar merece uma referência especial, bem como o seu dedicado técnico, Mário Cordeiro. O Beira-Mar alcançou o título de vice-campeão nacional na estafeta de 4x400 m, e uma sua atleta, Otília Oliveira, foi uma das revelações do meio-fundo. Surpresa no 3º lugar de Mário Silva, a representar o Galitos, na prova de 5.000 m. dos nacionais, ele que era um ilustre desconhecido".

Nos nacionais de juniores é justo realçar a boa actuação de Cristina Eduardo, agora a representar o Beira-Mar, repetindo a proeza dos nacionais de juvenis de 81, ao ganhar uma prova, os 100 m. barreiras (16,2 s) e a ficar em 2ª em outras duas, os 400 m. barreiras (65,0 s) e o comprimento (5,07 m). Destaque ainda para Mário Silva, do Galitos, vencedor dos 3.000 m. (8.25,0), nesta prova curiosamente à frente de Domingos Castro e Dionísio Castro, por Lamego, e foi ainda 2º nos 5.000 m. (14.43,5); Paulo Pinhal, do Beira-Mar, 2º nos 1.500 (3.50,7)e 3º nos 800 m (1.55,7).; Élio Simões do Beira-Mar, 3º nos 400 m. barreiras (57,9 s) e de Alice Cardoso, do Lourocoop, 2ª nos 3.000 m. Mário Silva, Paulo Pinhal e Élio Simões bateram recordes regionais. Paulo Pinhal estava em 7º nos “melhores de sempre” na prova dos 800 metros.

Nas listas dos dez melhores atletas juniores do ano, além dos nomes que vêm sendo referidos, Mário Silva, Paulo Pinhal, Élio Simões, Ângela Pinheiro, Cristina Eduardo e a sua irmã Mimosa e Alice Cardoso, aparecia também o nome de João Milheiro, do Clube de Campismo de S. João da Madeira (clube que entretanto substituíra a Sanjoanense), saltador em altura, comprimento e triplo, atleta a denotar grande margem de progressão.

Em 24 de Abril, na novel pista de Oliveirinha, a A.A.A organizou um inter-associações, que se pretendeu internacional porque se contava com uma selecção de Ciudad Rodrigo mas que acabaria por não aparecer, torneio bastante interessante, pois colocou em confronto os melhores atletas de associações com poucas oportunidades de contacto, como foram neste caso Coimbra, Braga, Guarda e Leiria, para além de duas selecções de Aveiro. A luta entre Aveiro e Coimbra foi muito equilibrada, vindo a decidir-se a favor da selecção da casa. De destacar os 11,0 s de José Carlos nos 100 m. e os 16,1 s de Cristina Eduardo nos 100 m. barreiras.

Em 5 e 6 de Junho disputaram-se em Lisboa os nacionais de juniores em pista. Mário Silva, a representar o Galitos, foi campeão da prova dos 3.000 m., com o bom tempo de 8.25,0. Paulo Pinhal, do Beira-Mar, foi 2º nos 1.500 e 3º nos 800 m. Nos masculinos realce ainda para Élio Simões, do Beira-Mar, 3º nos 400 m. barreiras. Nos femininos, foi campeã Cristina Eduardo, agora a representar o Beira-Mar, na prova de 100 m barreiras, tendo alcançado ainda dois notáveis 2os lugares em 400 m. barreiras, onde realizou uns bons 65,0 s., e no salto em comprimento, um bom prémio para a sua dedicação ao treino. Notável ainda o 2º lugar de Alice Cardoso, nos 3.000 m., logo atrás da futura campeoníssima Fernanda Ribeiro.

O Beira-Mar disputou a 12 e 13 de Junho a final da III Divisão nacional, que teve lugar na pista de Oliveirinha, tendo ganho esta prova com 83 pontos, à frente da A. C. Mocidade e do Tramagal. José Carlos (100 e 200), Élio Simões (400 e 400 barreiras), Paulo Pinhal (800 e 1.500), Fernando Pinho (5.000 e 10.000) e Rui Saldanha (3.000 obstáculos) somaram só à sua conta – e não considerando as estafetas, onde alguns deles participaram – 58 do total de pontos da equipa. Foi, como dizia a revista “Atletismo”, o triunfo das individualidades.

Em 19 e 20 de Junho, em Braga, disputou-se o II Torneio Luso-Galaico, masculino e feminino, onde, para além da selecção de Aveiro, participaram a selecção de Braga, selecções dos vizinhos espanhóis de Orense, Lugo e Vigo, e ainda com a participação da ANA, um clube que estava na berra no Porto. Venceu Braga com Aveiro em 2º lugar a escassos cinco pontos dos vencedores mas à frente das selecções espanholas. Alguns atletas que se destacaram neste “meeting”: José Carlos, Rui Saldanha, Mário Silva, João Milheiros; Cristina Eduardo, Alice Cardoso, Clara Silva, Rosa Rodrigues.

Em 3 de Julho, no Estádio Universitário de Coimbra, disputou-se o “Troféu Rainha Santa”, em que participaram as selecções de Coimbra, de Poitiers (França), de Lugo (Espanha), de um misto Viseu/Leiria e de Aveiro. Aveiro levou de vencida as outras selecções, com destaque para José Carlos, Paulo Pinhal, Élio Simões, João Milheiro, Cristina Eduardo e Clara Silva (esta última atleta do Válega). 

Verificava-se entretanto uma certa quebra nos escalões de formação, em especial nos femininos, onde, nos anos anteriores, a Associação marcava uma posição de relevo através de clubes como o Estarreja e a Sanjoanense, nesta altura praticamente sem atletas. O Beira-Mar, clube nº 1 nesta ocasião, também apresentou poucos juvenis, dos quais Mário Rui foi o melhor. Dos outros clubes, em evidência dois velocistas dos Ílhavos, meio-fundistas do Galitos, do Riba-Ul, do Cidacos e do Lourocoop, dois saltadores da Ovarense e do Lourosa. Nos lançamentos as dificuldades mantinham-se.

Não era a falta de provas a razão para a quebra verificada neste ano, pois de Janeiro a Agosto contabilizam-se 37 dias, tantos quantos a Associação organizou ou deu apoio em provas de estrada, corta-mato e pista.

Também não foi por falta de atletas inscritos pois neste ano de 1982 foram atingidos máximos até então em atletas (1.086) e em clubes (50). Razões houve, decerto, para a diminuição da qualidade e, consequentemente, dos resultados obtidos.

Clube com mais atletas inscritos o Beira-Mar, logo seguido pelo Galitos, prova de que a modalidade estava bem viva na cidade de Aveiro.

De fora de Aveiro louve-se o entusiasmo que reinava na Lourocoop. Esta equipa da Lourosa, muito recente a praticar a modalidade, apresentava já um bom lote de atletas, nomeadamente femininos, capitaneados por Alice Cardoso, e que nos campeonatos distritais de juniores femininos bateu o pé à equipa do Beira-Mar, que vinha dominando até então, vencendo categoricamente com 82 pontos, contra 58 apenas do Beira-Mar.

Nos melhores atletas de sempre continuavam a aparecer os nomes de Glória Marques e de Regina Gonçalves no meio-fundo. Glória Marques continuava detentora do máximo nacional de juvenis na prova de 800 metros e Regina Gonçalves detentora do máximo nacional de juniores nos 1.500 metros. Nas barreiras, apareciam os nomes de Clarinda Faria e Anabela Leite, duas atletas formadas na Sanjoanense mas que, neste ano de 1982, se haviam transferido para o F. C. do Porto.

Uma referência para uma iniciativa da Associação de Atletismo de Aveiro. Em 16 de Janeiro, deste ano de 1982 a que nos estamos a referir, levou a efeito o “I Encontro de Treinadores Regionais de Atletismo”. O encontro foi orientado pelo Capitão Joaquim Duarte, presidente da direcção e pelos técnicos José Santos, Júlio Cirino e Mário Cordeiro.

Uma outra notável iniciativa da Associação foi a de tentar que se implementasse uma pista coberta na cidade, para que os atletas pudessem na época de Inverno efectuar não só os treinos de que necessitavam mas também para se poder realizar competições, pois torneios de pista coberta vinham tendo lugar noutros países e não havia no país recintos apropriados para tal. Deste modo, a Associação lembrou-se que o pavilhão rectangular do “Recinto das Feiras” seria uma boa solução e inicia, em meados deste ano de 1982, contactos com a Câmara Municipal, proprietária do recinto, para a cedência do mesmo nos meses de Dezembro a Março e para que nele se viessem futuramente a instalar os apetrechos necessários para a realização de treinos e provas. A adaptação do pavilhão rectangular a recinto de pista coberta não teria grandes custos. Naturalmente que se envolveria a Federação nesta iniciativa, pois era uma parte também bastante interessada. Veremos mais adiante quando tal foi possível de concretizar.


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