Aveiro e Cultura - António Carretas - Atletismo em Aveiro (Subsídios)

A. Carretas, Para a História do Atletismo, Inédito.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 34

Atletismo com Associação própria

Em Novembro de 1978 a Associação de Desportos de Aveiro convoca os clubes filiados para uma reunião a realizar no dia 19 desse mês, e inclui na ordem de trabalhos um ponto que denominava “Legalização da Associação de Atletismo de Aveiro”. O aumento de atletas filiados que vinha em ritmo crescente a verificar-se desde 1975 trazia para os funcionários uma sobrecarga de trabalho administrativo, o que justificava plenamente uma associação própria para a modalidade. Os dirigentes ligados ao atletismo começaram desde essa data a tratar da sua criação, a qual viria a efectuar-se no ano seguinte como veremos mais adiante.

Em 28 de Janeiro de 1979 a secção de atletismo do S. C. Beira-Mar levou a efeito uma prova de estrada que denominou de “I Cross Cidade de Aveiro”. Em parceria disputar-se-ia o “Cross Nacional Universitário”. Vitórias em juvenis masculinos para Amílcar Teixeira, do Estarreja; em senhoras para Regina Gonçalves, do Beira-Mar e em juniores/seniores masculinos para Fernando Francisco, do Benfica. O melhor aveirense nesta última prova foi Mário Cordeiro, a representar o Beira-Mar, ficando em 3º.

O Parque das Abadias, na Figueira da Foz, foi o local escolhido pela Federação para fazer disputar os campeonatos nacionais de Corta-mato. Como não podia deixar de ser os atletas aveirenses estiveram presentes e alguns obtiveram honrosas classificações, inclusive títulos de campeão. Em juvenis femininos, a favorita Regina Gonçalves, do Beira-Mar cedo tomou o comando da prova não o largando mais até à meta, sendo portanto considerada como campeã nacional. Em juvenis masculinos, outro atleta aveirense e também do Beira-Mar, Rui Saldanha, conseguiu desfeitear o favorito, um atleta do F. C. Foz, vindo a sagrar-se igualmente campeão nacional no seu escalão etário.

Outras classificações brilhantes de atletas de clubes de Aveiro nestes campeonatos: Em juniores femininos, Natália Pinho, da Ovarense, foi 2ª e Isabel Duarte, do mesmo clube, 4ª; em juniores masculinos, Elísio Rios, a representar o C. A. Arouca, foi 3º, logo seguido por Luís Pinhal, do Beira-Mar; em seniores femininos, Isabel Soares, do Guilhovai, foi uma brilhante 2ª classificada, sendo apenas batida pela campeoníssima Aurora Cunha, do F. C. Porto.

De registar a presença de dois atletas juniores do distrito no Campeonato Mundial de Corta-Mato, seleccionados que foram pela Federação, Luís Pinhal e Elísio Rios. A sua participação, ao contrário do que seria de esperar, não foi contudo brilhante, Luís Pinhal ficou-se pelo 63º lugar e Elísio Rios, desistiu por volta dos seis mil metros do percurso.

No dia 4 de Maio de 1979, na secretaria notarial de Aveiro, compareceram: António Valentim Barbas Carretas, Octaviano Alberto Guerra Alves da Costa, José Augusto Valente Vieira, Luís Porfírio de Carvalho e Silva, Alfredo Joaquim Ferreira Vaz Pinto, Joaquim Nunes Duarte, Maria da Ascensão Gonçalves Lacerda, Isabel Júlia Gonçalves Coutinho, Anabela Martins Carvalho Teles e Sílvia Maria Guimarães de Menezes Leitão, para constituição de uma associação que se designaria por “Associação de Atletismo de Aveiro” e que tinha por fins dirigir, regulamentar e promover a prática da modalidade de atletismo no distrito de Aveiro.

São estes dez nomes que nesta referida data passaram a constar da “certidão de nascimento” da tão desejada Associação de Atletismo de Aveiro, que a partir daí orientaria em plenitude todas as manifestações condizentes a continuar o estatuto que a modalidade já adquirira até então. Os dois primeiros ficariam como presidente e vice-presidente provisórios.

Estatutos da A. A. A. - Clicar para ampliar.

António Carretas e Octaviano Costa eram bem sabedores do que faltava ao atletismo para manter os níveis de qualidade obtidos até então, para além das poucas verbas que as entidades oficiais lhes facultavam, e que eram a falta de condições materiais (pista, já veremos mais adiante as acções tomadas para a sua consecução) e de condições humanas (neste caso, técnico regional). Quanto a esta segunda lacuna, trataram de imediato de contactar o professor José Santos, então em Coimbra, aliciando-o para ocupar o cargo de técnico da Associação, o que aconteceria logo no ano seguinte (1980) e no qual ficaria por longos anos.

Uma das primeiras iniciativas seria a do lançamento de uma revista que "pretende ser um auxiliar para os que carecem de meios, com a divulgação de artigos técnicos, bem como o arquivo de resultados alcançados nas diversas competições, para além de uma tribuna onde todos terão lugar, dizendo das suas carências, das suas dificuldades e dos seus anseios", dizia-se no editorial do que seria o número um da revista, publicada já no decurso de 1980. Ficaria no entanto sem continuidade por razões de vária ordem. Só seria retomada anos mais tarde, como teremos oportunidade de referir na altura própria.

António Carretas, por razões da sua vida profissional, deixaria Aveiro em finais de Outubro desse ano, a caminho de se radicalizar por algum tempo na Áustria. Mas logo de seguida, em 17 de Novembro desse mesmo ano de 1979, tomariam posse, nas instalações da Delegação da Direcção Geral de Desportos, os corpos gerentes para o biénio de 1980/81, ficando, para que conste, como presidente Octaviano Alves Costa e como vice Américo Tavares Ferreira. O secretário era Carlos Reis Dias.