Acesso à página inicial
A. Carretas, Para a História do Atletismo, Inédito.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 24


O Beira-Mar aparece com muitos e bons jovens

Estarreja continua a promover o seu Grande Prémio, agora na sua IX edição (4ª internacional), que faz realizar no dia 14 de Fevereiro de 1971. Ainda com atletas do Celta de Vigo, que venceram as provas de juvenis masculinos e de senhoras, a novidade da prova principal foi a participação de atletas do Sporting, já na altura o clube com melhores fundistas nacionais. Dominou completamente a prova com Carlos Lopes, Américo Barros e Armando Aldegalega (vejam que trio!) nas três primeiras posições. Aniceto Simões apareceria depois com Mário Cordeiro uma vez mais a representar o clube anfitrião, logo a seguir a estas “trutas” de nível nacional. Naturalmente Carlos Lopes, com a inigualável categoria que já tinha, bateu o recorde da prova com 16 min. 13,4 s.

Neste ano de 1971 filiam-se na Federação mais três clubes do distrito: a Associação Desportiva Ovarense, o Grupo Desportivo da Gafanha e o Ginásio Clube de Águeda, passando a ser sete os clubes filiados e a participar em provas regionais e nacionais.

Os regionais de corta-mato deste ano realizam-se nos terrenos da Junta de Colonização Interna na Gafanha (iniciados e juvenis) e nos terrenos à Metalurgia Casal em Tabueira (juniores e seniores). Registe-se apenas que o campeoníssimo Mário Cordeiro, a representar o Estarreja, apenas seria 4º na prova de seniores, atrás de Manuel de Oliveira e de Vítor Silva, ambos do Galitos, e de José Gamelas, com as cores do Estarreja. O Galitos seria campeão colectivo.

Nos nacionais de corta-mato, saliência para a atleta do Beira-Mar, Ana Picado, que foi vice-campeã em juvenis e em juniores.

A época de pista começou na segunda quinzena de Abril.

No campeonato de iniciados “... à pressa, em instalações de recurso, no estádio Mário Duarte e no campo de jogos Paula Dias”, “salientaram-se 2 beiramarenses que ultrapassaram os mínimos para presença nos nacionais – José Silvares, com 36,67 m. no dardo e Ana Picado, com 1 min. 57,8 s nos 600 metros”. Além dos citados, aparecem também José Outerelo, da Ovarense, e Olívia Elvas, igualmente da Ovarense, entre outros jovens com futuro.

Os regionais de juvenis já puderam ser disputados em S. João da Madeira (a pista estava dependente do futebol do clube?!), a 22 e 23 de Maio. A participação foi elevada, sinal de que a modalidade estava em franco progresso no distrito. Os sete clubes então filiados competiram com os atletas deste escalão que possuíam na altura. A novidade foi a participação do Centro de Actividades Juvenis da Mocidade Portuguesa.

O Beira-Mar, principalmente em masculinos, apareceu com um conjunto de atletas de nível que daria brado nos anos seguintes. Em femininos era ainda o Galitos quem tinha melhor equipa.

Efectivamente foi um “banho” que os atletas beiramarenses deram aos seus adversários, vencendo os campeonatos com 159 pontos, com Ovarense, Galitos e Estarreja nos lugares seguintes, a longa distância (64, 49 e 46 pontos respectivamente). Em femininos, o Galitos venceu com 61 pontos, com o Beira-Mar em 2º com 47.

O Beira-Mar tinha na altura um homem que era a “alma-mater” da modalidade (além de “mexer” em outras, nomeadamente o andebol). Tratava-se de António José Gonçalves de Menezes Leitão, a quem nunca se terá dado o merecido relevo da sua acção em prol da modalidade. Foi ele o impulsionador, neste início dos anos setenta, do atletismo no clube e não só!...

Individualmente, para não ser exaustivo na informação dos resultados das diferentes provas dos campeonatos, referimos aqueles que depois haveriam de disputar os primeiros lugares em campeonatos a nível nacional. Nos masculinos, destaque para os lançadores, Nuno Leitão e José Silvares, do Beira-Mar, e José Outerelo, da Ovarense. Permitimo-nos igualmente referir o vencedor do lançamento do disco, um promissor atleta a representar o Centro da Mocidade Portuguesa, Élio Maia, com 29,98 m nesta difícil especialidade, à frente de José Outerelo, que viria a ser grande lançador, tendo este inclusivamente vindo a representar o Sporting. Pena foi que Élio Maia se tenha ficado por aqui...

Nos femininos, o destaque vai par Ana Picado, nas provas de meio fundo, e de Jovita Mendes, no dardo e no disco, ambas do Beira-Mar. Também Isabel Santos, do Estarreja, se evidenciava em várias provas do programa. Do Galitos, razoáveis resultados para Isabel Coutinho, na velocidade e no comprimento, e para Armanda Ribeiro, nos lançamentos.

Em seniores, o nome em evidência continuava a ser Mário Cordeiro, que venceu as provas de 1.500 m., 10.000 m. e 3.000 m. obstáculos, com marcas que eram na altura as terceiras melhores de todo o país. Foi o único atleta da A.D.A. com presença nos campeonatos nacionais e sendo inclusivamente pré-seleccionado para o Marrocos-Portugal desse ano.

Entretanto a Associação de Desportos de Aveiro tinha novos dirigentes, eleitos em Outubro desse ano de 1971. O presidente era Manuel Alves Moreira, com este “escrevinhador”, António Carretas de seu nome, em vice-presidente. Os vogais de atletismo seriam Manuel Lopes Bola e Acácio F. da Silva, sendo o representante do Conselho Técnico para a modalidade Porfírio Soares Machado.

Mário Cordeiro (nº 144) na prova de 3 mil metros obstáculos.

Para finalizar o ano, mais uma edição do Grande Prémio de Natal da cidade de Aveiro, com nova vitória de Aniceto Simões, do Santa Clara, e de Isolina Pinhel, do F. C. do Porto, na prova de senhoras.

Como estatística, os sete clubes filiados (Beira-Mar, Estarreja, Galitos, Sanjoanense, Ovarense, Desportivo da Gafanha e Ginásio de Águeda), inscreveram neste ano na Federação 158 atletas.

 

  Página anterior Página inicial Página seguinte