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A. Carretas, Para a História do Atletismo, In Revista "Mais", Jan.-Mar. 1999, n.º 17, pág. 3.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 12


Luís Robalo de Almeida

Continuamos na segunda metade dos anos cinquenta, quando Aveiro, através do Clube dos Galitos, retomou o exercício desta tão saudável e interessante modalidade. Como se afirmava em número anterior, o Galitos com apenas meia dúzia de atletas conseguia bater o pé a clubes do Porto com conceituada experiência, na pista do Estádio do Lima, onde nessa época se efectuavam os campeonatos do norte do país.

 

 
 

Estafeta 4x100 m. do Galitos: J. Arroja, J, Serra, A. Carretas e M. Fonseca.

 

E vimos já que uma estrela tinha nascido para a modalidade, pois conseguia não só bater os seus adversários nas corridas de meio-fundo, como pulverizar os respectivos recordes regionais e nacionais. O seu nome, já o dissemos, era Luís Robalo de Almeida (ou simplesmente Luís Robalo) que, como outros atletas do clube vinha das equipas de basquetebol que o Galitos possuía na altura de boa qualidade. Alguns outros eram oriundos da equipa de andebol. Do basquete tinham derivado o Luís Robalo, o Albertino Pereira e o autor destas linhas, e do andebol o Gonçalo Pinto e o Mário Fonseca. Do CICA, tinham-se transferido desde logo o Jaime Lima e o Virgolino Teto. Constituíam estes sete a espinha dorsal da equipa de atletismo do clube nos finais dos anos cinquenta.

Depois da orientação do prof. Ribeiro da Costa, os atletas do Galitos passaram em 1957 a ter como treinador o capitão Serra Pereira, outra dedicação ao atletismo. Este militar tinha sido olímpico em Helsínquia, na modalidade de hipismo. Era um homem bastante ecléctico e a quem bastantes em Aveiro devem muito da sua desenvoltura, pois dava aulas de ginástica no anexo do quartel do então Regimento de Cavalaria 5. Foi aí também que alguns dos citados atletas iniciaram os primeiros passos na modalidade. Mas, como se disse, a idade de todos eles, para cima dos dezoito anos, não permitiria grandes voos. Faltava-lhes a formação, tão necessária para obter bons atletas.

Entretanto, Luís Robalo continuava a passear a sua classe, sempre que era chamado a competir.

Nos campeonatos regionais de principiantes (Estádio das Antas em 19 e 20 de Junho de 1957), Robalo vencia de novo na prova de mil metros, com o tempo de 2.36,3, que passava a constituir novo recorde do norte e a um décimo apenas do recorde nacional. Álvaro Mendes, também a representar o Clube dos Galitos, seria o segundo nesta prova, com o tempo de 2.42,6, batendo também o anterior recorde nortenho. O clube aveirense ficaria em quatro lugar colectivamente.

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Uma semana depois, a 27 de Junho, ainda na pista de cinza do Estádio das Antas, Luís Robalo de Almeida, sagrou-se campeão nacional de principiantes da prova de mil metros, como tempo de 2.36,0, recorde nacional da distância, à frente do atleta do Benfica, Alberto Xavier, que era o detentor do anterior recorde. O Clube dos Galitos seria ainda terceiro na estafeta de 4x1000 metros (11.15,7) com uma equipa constituída por António Marques, João Gamelas, Álvaro Mendes e Luís Robalo.

Depois, em Julho de 1957, nos regionais de juniores, venceria a prova de 1500 metros com o bom tempo de 4.14,2 (apenas mais 6 décimos que o recorde nortenho) e seria ainda segundo na prova de 800 m. Foi depois a Lisboa aos nacionais de juniores ser 2º nos 800 m. com o mesmo tempo do vencedor (2 m. 1,2 s.), sendo obrigado a desistir nos 1.500 m. por indisposição. No norte do país vencia todas as provas em que participava. Tratava-se efectivamente de um atleta de nível que só a distância a que se encontrava dos dois maiores centros da modalidade e a falta de condições em Aveiro não permitiam que fosse ainda mais longe. Em 1958, agora em Coimbra, onde o Galitos se filiou nesse ano, Luís Robalo venceu de novo os 800 m. e os 1.500 m., já em seniores, alcançando novos recordes regionais.

Luís Robalo, novo recordista nortenho dos 1000 metros.

Em próximo número daremos conta de mais algumas boas participações de gente do distrito nestes anos de 56 a 58 de que vimos falando.

 

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