1 ♦ Portão dos Carros (Entrada/Saída)
2 ♦ Portaria
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A Portaria de Cima, construída em finais do século XVII, guarda como
marcas desse uso a velha porta, encimada pela Imagem da Sr.ª do Pilar,
criada, em 1721, pelo escultor beneditino Frei Cipriano da Cruz, com o
ralo e a sineta e os armários para o pão e os remédios. Estes ladeiam a
escada que conduz ao piso superior.
3 ♦ Claustro do Cemitério
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Construído na primeira metade do século XVII, sobre partes da edificação
do mosteiro medieval, tem no seu pavimento os túmulos dos monges. É
constituído por: lanços de arcaria toscana; tecto em caixotões de
madeira; chafariz e canteiros de granito de 1757. É decorado com painéis
de azulejos de 1770 com a vida de São Bento. Estes foram restaurados em
1999 optando-se por uma intervenção de conservação nos da ala Sul, muito
danificados pelo incêndio de 1894 que destruiu parte do Claustro do
Refeitório, e pela colocação da chacota sem vidrado no lugar dos
ausentes. Perduram as trabalhadas portadas em granito desenhadas por
Frei José de Santo António Vilaça, entre 1761 e 1764 para as capelas que
aí existiam.
4 ♦ Igreja
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A actual igreja, construída no local da antiga igreja românica, foi
erigida entre 1628 e 1661 seguindo a concepção maneirista. Apresenta
planta em forma de cruz latina, nave ampla com abóbada de cantaria, três
capelas laterais de cada lado e dois altares no transepto. Num primeiro
momento o programa decorativo seguiu a gramática maneirista, ainda
visível no retábulo da Capela de Santa Gertrudes, mas a linguagem
barroca, nas suas diferentes propostas, o rococó e o neoclássico
instalaram-se ocupando capelas, retábulos, órgão, púlpitos, sanefas. Foi
o trabalho notável de um grupo de arquitectos, entalhadores, escultores
e douradores, onde se encontram nomes como Manuel Álvares, Frei João
Turriano, António de Andrade, Frei Cipriano da Cruz, Agostinho Marques,
António Fernandes Palmeira, André Soares, José Álvares de Araújo, Frei
José de Santo António Vilaça, Luís de Sousa, que tornaram esta Igreja do
num dos mais elevados expoentes da arte portuguesa.
5 ♦ Sacristia
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Construída no triénio de 1680-1683, tem tecto de caixotões em granito
pintado, chão de pedra de Montes Claros. A sua decoração foi remodelada
na segunda metade do século XVIII, época de que são o retábulo, os
caixilhos, as sanefas, criação rococó de André Soares e Frei José de
Santo António Vilaça, e as pinturas dos quatro evangelistas do pintor
italiano Pasquale Parente. Mantém do programa inicial o mobiliário e o
conjunto de 12 esculturas em terracota da autoria de Frei Cipriano da
Cruz, representando quatro reis santos beneditinos, as sete virtudes e
uma alegoria à Igreja. Estas esculturas receberam policromia nova
aquando da remodelação no séc. XVIII.
6 ♦ Salão da Ouvidoria
Construído entre 1683-1686 e reformulado em finais do século XVIII,
quando é dada nova forma aos Aposentos do Abade Geral, apresenta ainda
da imponência de outrora os grandes tabuões de pinho manso do chão e o
belo teto de grandes caixotões de madeira de castanho entalhada com
cachorros e florões policromados. Possuía ao centro uma mesa, bancos de
encosto a toda a volta da sala e do lado direito um relógio de pé alto
com caixa pintada.
Nesta sala o Abade escutava os habitantes do couto quanto estes vinham
reclamar das decisões proferidas pelo juiz.
Junto à sala está um grande quadro pintado a óleo sobre madeira, com a
representação de S. Martinho de Tours e no chão podemos observar o
tamanho das tábuas do soalho em pinho manso.
7 ♦ Aposentos do Abade Geral
O Abade do Mosteiro era também o abade da congregação tinha por isso um
amplo espaço a ele reservado com capela, jardim e salas das visitas
próprias.
8 ♦ Galeria dos Gerais
Espaço construído em finais do séc. XVII, aqui se situavam as celas
daqueles que auxiliavam o Abade Geral na administração da Congregação
Beneditina de Portugal: o padre Secretário, o padre Companheiro do
Abade, o Padre Gastador, a Secretaria e a cela dos antigos Abades
Gerais.
As paredes da Galeria estavam cobertas com quadros de Papas, Bispos,
Filósofos, Príncipes e Reis. Uma cinta de azulejos azuis e brancos
corriam ao longo do corredor. O tecto era pintado a azul, branco e
dourado.
9 ♦ Hospedaria
Construída em finais do século XVII, tinha 16 celas para os hóspedes, a
casa da rouparia, a barbearia, a botica e as secretas. As celas eram
pequenas e tinham como mobiliário uma cama, algumas cadeiras e uma mesa
de castanho. Eram iluminadas por velas colocadas em castiçais de latão.
O acolhimento dos hóspedes e dos peregrinos mereceu de S. Bento um
tratamento especial na sua Regra. Receber os hóspedes era um ato de fé,
estes eram entregues ao cuidado do Monge Hospedeiro que nunca devia
perguntar-lhes novas do mundo, mas sim tratá-los com palavras santas e
devotas. O hóspede devia obediência ao Abade, tinha de respeitar a regra
do silêncio, de assistir ao ofício da Terça e das Completas e não
comunicar com a comunidade. Comia no Hospício, actual restaurante, local
distinto do Refeitório conventual, e era-lhe exigido um pagamento pela
estadia, se ficasse por um período superior a três dias.
10 ♦ Passadiço e Jardim de São João
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Construído no triénio de 1731-34 é obra do mestre pedreiro Manuel
Fernandes. Tem alegretes para flores, assentos e parapeitos de pedra e
uma fonte com o Cordeiro. Apresenta arcadas para a zona de serviço a sul
e para norte, um grande pano de parede rebocada com um nicho de pedra
com a imagem de vulto, em terracota, de S. João Batista.
A norte do Passadiço levanta-se, implantado sobre uma plataforma
octogonal elevada, o Jardim de S. João. Ladeado por alegretes tem Oito
canteiros contidos numa "sebe" de cantaria de granito e no meio um
chafariz de pedra lavrada, outrora pintada e dourada.
11 ♦ Secretas
As lavagens eram realizadas nas celas, aqui tinham as retretes cujos
dejectos caíam directamente na nitreira.
12 ♦ Barbearia e Botica
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O barbeiro deslocava-se ao Mosteiro de 12 em 12 dias para barbear os
monges, desde a véspera que um caldeirão de água fervia com carqueja na
barbearia. O barbeiro também fazia sangrias, lançava sanguessugas e
tirava dentes.
Em 1797 o espaço da barbearia foi reduzido para ser montada uma botica «para
o gasto da caza e dos Pobres com manifesta utilidade pela promptidão dos
remedios e ainda pela diminuição do Gasto.» Tinha potes, mangas e
almofarizes, drogas e ervas medicinais e publicações especializadas, com
relevo para as farmacopeias.
13 ♦ Sala do Capítulo
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A "Caza do Capitulo" é um dos espaços mais nobres e belos do Mosteiro.
Apesar de construída em 1700, de cuja época mantém o bonito tecto de
caixotões de madeira pintada, rematados por uma platibanda policromada
de madeira entalhada, com mísulas, folhas, urnas, cabeças de anjos e
pássaros, foi completamente reedificada no triénio 1783/1786. Então,
rasgaram-se-lhe as amplas janelas com sacadas, solhou-se de novo com
grandes tabuões de pinho manso, montou-se um novo retábulo com risco de
Frei José de Santo António Vilaça e um quadro alusivo ao Espírito Santo,
decoraram-se as paredes com painéis de azulejo rococós sobre passos da
vida de José do Egipto e puseram-se os grandes quadros com ricos
caixilhos de madeira entalhada, pintada e dourada de S. Bento e de Santa
Escolástica, de Frei Plácido Villa Lobos e de Frei Pedro de Chaves (os
reformadores quinhentistas da Ordem Beneditina); de D. Sebastião e do
Cardeal D. Henrique; dos Papas Clemente XIII e Pio VI. Estes quadros,
alguns da autoria de Frei José da Apresentação, vieram fazer companhia
aos 50 retratos da "Galeria dos Gerais", mandada pintar em 1758. A maior
parte deles foram vendidos pelos antigos proprietários do Mosteiro nos
anos oitenta, mas alguns já com o empenho do Mosteiro de Tibães e de
várias entidades públicas e privadas já regressaram à sua origem.
14 ♦ Claustro do Refeitório
Este claustro sofreu um grande incêndio em 1894 que fez colapsar as alas
sul, norte e nascente. A ala poente foi então cosida ao restante
edifício até entrar em ruína. Todos os arcos, pedras e fontes foram
vendidos. A arqueologia permitiu tornar a marcar a métrica do espaço e
revelou os vestígios do refeitório. A recuperação deu-nos um espaço
novo, para onde dão as reabilitadas valências de acolhimento dos
beneditinos, uma hospedaria, no local do Coristado, e um restaurante, no
local do Hospício, geridas pela comunidade das Missionárias
Trabalhadoras da Imaculada que aqui têm a sua casa, no local do
Noviciado.
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Objecto de uma intervenção integrada de recuperação, restauro e
reabilitação, e universo de múltiplas e variadas actividades culturais,
o Mosteiro é um espaço de percursos apoiados na história, que os livros
e as marcas deixadas pelo tempo nos contam, e pelas estórias que cada um
fará desta visita.
Nos finais do século XI foi fundado o mosteiro românico que recebeu, em
1110, Carta de Couto doada por D. Henrique e D. Teresa. Em 1567,
tornou-se a Casa-Mãe da Congregação de S. Bento de Portugal e do Brasil.
Na primeira metade do século XVII, deu-se início à grande campanha de
reedificação e ampliação do mosteiro, da qual resultou o conjunto hoje
existente. O início das obras filia-se ainda na corrente maneirista, mas
o barroco e o rococó haveriam de triunfar nas alterações desenvolvidas
nos finais do século XVII e ao longo de todo o século XVIII.
Com a extinção das Ordens Religiosas, o mosteiro é encerrado em
1833/1834 e os seus bens inventariados e vendidos. A igreja, a
sacristia, o claustro do cemitério e uma parte do edifício p 08 cerca
(passal) ficam em uso paroquial. A cerca conventual (1838) e o edificado
monástico (1864) passam para mãos particulares após venda em hasta
pública.
Adquirido pelo Estado Português em 1986, vazio e em avançado estado de
degradação, vê então assegurada a sua preservação e salvaguarda
patrimonial, para a qual contribuem as constantes obras de recuperação. |