Dia Mundial da Bengala Branca

Já nos últimos anos – na década de 90 -, pudemos começar a ver também os chamados cães-guia de cegos, que são cães especialmente treinados para auxiliar estas pessoas na sua locomoção. No entanto, a história do treino de cães para este efeito é ainda mais antiga do que a da própria bengala branca e suas técnicas. O primeiro treino de cães para auxílio à locomoção de cegos, remonta ao século XIX, por iniciativa de um padre na Alemanha. No entanto, a ideia não teve muitos adeptos, ganhando impulso nos Estados Unidos apenas nos anos de 1930, dando-se então início ao treino e utilização dos chamados “seeing eye dog”.

O fascínio pelo cão e a surpresa pela sua habilidade para auxiliar a pessoa cega na sua locomoção, faz com que o cão-guia seja ao mesmo tempo atractivo para os próprios cegos e tenha grande visibilidade junto da opinião pública.

Apesar disso, o cão-guia está longe de ter uma utilização massificada em Portugal. Por um lado, isso deve-se ao facto de só na segunda metade de 1990 ter surgido no nosso país a única escola de treino destes cães. Por outro lado, apesar do fascínio que nos suscita toda a habilidade do cão-guia, há que ter em conta que a pessoa cega tem que estar devidamente reabilitada, ou seja, devidamente capaz de se orientar na rua, para que possa ele mesmo dar a orientação adequada ao cão.

Por isso, a bengala continua a ser um símbolo da autonomia, da independência… enfim, da liberdade, da capacidade de integração na sociedade e da possibilidade de realização pessoal para as pessoas com deficiência visual.

Foi como reconhecimento de todo este simbolismo que, nos anos de 1960, os Lyons club nos Estados Unidos se propuseram assinalar o dia 15 de Outubro como o “White Cane Safety Day”. Entretanto, esta ideia foi-se disseminando por vários países, estando popularizado este dia como o “Dia Mundial da Bengala Branca”.

Ao assinalar esta efeméride, pretende-se, pois, realçar, não só o marco de viragem que a bengala em si mesma traz para a socialização, realização e integração das pessoas com deficiência visual, mas também, toda a carga simbólica que lhe está associada, procurando despertar toda a sociedade para as questões da igualdade de oportunidades e da inclusão e, consequentemente, para a necessidade de eliminar tudo o que possa constituir-se como barreira para a autonomia e integração destas pessoas.

De entre estas barreiras, neste dia, vale a pena atentar especialmente àquelas que condicionam a mobilidade, como sejam as barreiras arquitectónicas, o mau estacionamento de veículos e, em suma, todas aquelas situações de falta de cuidado para com os espaços públicos.


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