Hoje, é
uma imagem que já não surpreende quase ninguém, a de um
cego caminhando pela rua, de bengala branca na mão que,
num movimento pendular para um lado e para o outro, de
forma contínua e mais ou menos ritmada, vai permitindo
“tactear” o chão, detectar obstáculos e encontrar pontos
de referência úteis para a sua orientação e locomoção.
Desta forma, as pessoas cegas deslocam-se autonomamente
pela rua, usam os transportes públicos, fazem a sua vida
quotidiana, dirigem-se ao seu emprego e, tudo isto, com
naturalidade para si e para os outros.
Mas,
nem sempre foi assim e, a nossa história está bem recheada
de exemplos de clara marginalização das pessoas com
deficiência que, ao longo dos tempos, foram conquistando,
a pulso, o respeito, a dignidade e o direito a realizarem
os seus sonhos e a participar na sociedade de que fazem
parte.
A naturalidade com que hoje se olha para uma bengala, na
rua, servindo de ajuda para um cego, quase nos faz pensar
que sempre foi assim. Na verdade, desde há muito tempo que
os cegos se socorriam de pequenas “bengalas” ou de algum
objecto do quotidiano que pudesse auxiliá-los, ao menos a
detectar os obstáculos dos quais deveriam livrar-se.
Aliás, ainda hoje podemos observar em algumas regiões mais
isoladas, como as pessoas idosas a perderem visão se
socorrem de objectos como um guarda-chuva, para
“tactearem” o chão e evitarem obstáculos. |