António Angeja, 9 de Agosto de 2008.

Forte da Barra ao abandono

 
Forte da Barra nos princípios do séc. XX


De uma carta enviada ao Igespar / Gabinete de Comunicação

 

Caros senhores,

 

Há tempos, mandei-vos um mail pedindo que me informassem como seria possível recuperar o edifício classificado de interesse público designado por «forte da barra de Aveiro». Já recebi uma resposta a dizer que alguém me iria responder e, até agora, nada! Faço essa pergunta porque me lembro, quando era director de um museu em Coimbra, de o IPPAR ter apoiado a recuperação de património dessa cidade.

A situação de ruína em que se encontra o «forte da barra» e, pelo menos, dois edifícios do estado, situados perto dele, é simplesmente vergonhosa e perigosa. E ainda mais vergonhoso é quando, ao lado do forte, se fazem grandes obras no «Jardim Oudinot», onde se construiu uma réplica de uma vigia sem qualquer interesse histórico e se espera, em Setembro de 2008, uma visita de uma regata de grandes veleiros históricos.


Forte da Barra na década de 1950.

Lembro que o forte da barra tem uma história longa no período das fortalezas pirobalísticas, existindo já a indicação de uma guarnição na zona no séc. XVI para protecção e controlo dos navios que fundeavam no local. Esta situação está confirmada por dois achados arqueológicos encontrados nas escavações do terminal norte do porto de Aveiro, a algumas centenas de metros do local, e por um livro de acordos de Aveiro da época.

Infelizmente, o forte da barra é o que nos resta de outros fortes existentes no litoral de Aveiro e de diversas vigias ao longo da costa, das quais destaco as torres da «Senhora de Vagos», do início da nacionalidade, esta já desaparecida, e da «Senhora das Areias» em S. Jacinto, ainda existente actualmente como capela.


Forte da Barra em documento de 1772 e
esboço de uma possível recuperação.

 

Penso que deveria ser destruído todo o casario em ruínas que colaram ao forte e mantida a bateria rasa ainda existente. Igualmente, deveria ser recuperada a antiga linha defensiva da tenalha com a pedra retirada da demolição, e mantido o forte como era no tempo em que tinha função de defesa. Deveriam também ser limpos os subterrâneos, fazendo-se algum trabalho de prospecção arqueológica.

António Angeja

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Inserido em
9-9-2008