Pedro Paulo Manuel de Melo de Vilhena,
conhecido por Pedro Vilhena, "O Cagaréu", "homem de Aveiro, homem da
Ria, que nunca se cala, temperamental, irrequieto, sempre bem disposto,
galanteador e brejeiro, adorando e adorado por crianças.
Nascido a 29 de Dezembro de 1921, em
Aveiro, na rua das Carmelitas, actual rua de Joaquim António de Aguiar,
freguesia da Glória.
Completando a instrução primária na
Escola da mesma freguesia, logo se deslocou para Estarreja, acompanhado
da família, tendo frequentado aí o Colégio D. Egas Moniz.
Cedo se revelou a sua inclinação para as
artes: desenho, trabalhos manuais, fotografia...; No entanto, não tendo
tido oportunidade de frequentar qualquer escola de ensino artístico, e
devido à sua índole "preguiçosa" para as explorar, dedicou-se em
especial à fotografia — testemunho vivo da realidade que o cercava e de
que tanto gostava: gentes, paisagem, usos e costumes da sua Região. Para
isso também contribuiu a influência do seu Tio direito, depois sogro, o
advogado Manuel Vilhena.
Regressado a Aveiro em 1947, quando
casou, foi mais uma vez incentivado pelo contacto amigo dos
profissionais irmãos Aníbal e José Ramos.
Mas a sua vivência em Estarreja
criou-lhe um tão grande amor pela Ria e por tudo o que a cercava: barcos
moliceiros, mercantéis, de pesca ou de recreio, terras produtivas e boas
pastagens, belas praias...
Percorrer os Esteiros, de Ovar a
Pardilhó, no barco que ele mesmo desenhou e construiu...; fazer uma
paragem na Torreira e esperar para ver a arte da xávega...; fixar pela
objectiva o rosto enrugado do velho lobo do mar ou da velha de corpo
alquebrado puxando os bois pela arreata, as crianças descalças e rotas
que não iam à Escola para mungir as vacas e apanhar a "bicha p'rá
pesca"... e sempre a máquina pronta a disparar.
A sua actividade profissional também
esteve ligada a esta mesma arte. Na Fábrica Aleluia foi o introdutor da
técnica de Serigrafia. Nos Estaleiros de Aveiro e Viana transmitiu para
o papel "A Hora da Toilette".
Desde sempre ligado a associações
culturais, foi dos primeiros da Secção de Fotografia do Clube dos
Galitos, monitor e director da mesma Secção na Associação Humanitária
dos Bombeiros Voluntários Guilherme Gomes Fernandes — Bombeiros Novos —
e colaborou no C. C. D. Paula Dias.
Nestas passagens organizou e colaborou
em exposições e safaris fotográficos; era tal o seu gosto nestas
realizações que ele próprio ia dar conhecimento directo aos "amantes" da
fotografia, incentivando-os a participar.
Colaborou também em várias exposições
colectivas, tendo obtido menções honrosas.
Escolheu Estarreja para a sua primeira
exposição individual, em Outubro de 1982 — terra onde decorreu a sua
juventude e onde sempre conservou grande número de amigos.
Como sendo uma retrospectiva do seu
passado e um elo de ligação da Ria, era este tema – RIA
–
o da segunda Exposição Individual que preparava, à data da sua morte:
18 de Outubro de 1987.
A filha. |