Hierarquia superior

Eis a viva expressão

 

Eis a viva expressão

Por finos traços

De quem agarra a vida

Por todos os fios

Possíveis

De um imaginário

Sempre reprodutivo

 

Quais traços

Que descem

E ascendem

Em múltiplas direcções

 

Indicam o infinito

Que nos apraz bem

 

São múltiplos os caminhos

Não todos os caminhos

 

Mas os caminhos das palavras

Das notas

Que preenchem a partitura

Que torna presente

Todos os sons

 

Há sempre um som que nos embala

Que nos faz vibrar

Estremecer ou sonhar

Por entre as linhas

Nem sempre unidas

Dos finos traços

Que delineiam os caminhos

 

O chamamento do som

Emerge

Que grande promessa…

 

O som estridente

Cristalino do sino

Semi-oculto

Semi-descoberto

Que envolve o corpo e a alma

De quem ainda sabe escutar

 

A escuta

Qual motor do mundo

Que faz mover o pequeno corpo da bailarina

Cujos gestos

Mesmo os mais simples

Manifestam a pureza

De uma alma

A nobreza de um carácter

Em momentos

De perpétua comunhão

 

Esse corpo e essa alma

Que fundidos

Se dão a outros corpos

E a outras almas

Nunca em vão…

 

Dançam ao som

De todos os acordes

Fazedores do renascer

Em cada instante

De um Ser outro

De um Ser

Sempre renovado

Algures

Camuflado

No seio

Da nossa própria interioridade…

 

Isabel Rosete

(1999)

 

Página anterior  Página inicial  Página seguinte