Rita Pinto C. R. Miranda, Poesia, 2003.

Ai, João, que me prendeste...

Ai, João, que me prendeste outra vez!

Chama-se João
Que rima com coração, 
Que rima com solidão
E chama-se João.

Um dia vou ser dele
E vou dar-lhe o luar
E vai ensinar-me as estrelas
E o céu. E o céu.

Um dia acordo e ele volta
Num cavalo de algodão.
Um dia acordo e ele é meu.
Um dia, meu João...

Depois fomos correr nas flores
E o espaço... até ao fim;
Depois fomos um só,
Um dia... é assim...

Andorinhas
Azul
Escuro, escuro, escuro...
Ai, João, que me prendeste outra vez!

Um dia acordei e o tempo era tarde
Um dia vi-o correr
Esperei.

...leva-me contigo que este cravo negro que trago no peito
chora em sonhos de ser encarnado...

 

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