Álvaro José Seiça Neves, Poesia, 2001.

O Esquecer não esquece

Tento esquecer o flagelo
Que, por vezes, o é… o Amor
Marca rugosa e tempestuosa de gelo
Que o tempo tatuou de dor

E o Esquecer não esquece…

Novo porto avisto,
(o receio, esse, nem me atravessou)
Mas ao amor cristalino assisto,
Soberbo, não raiou…

E o Esquecer não esquece…

Sim, mas gostava de saber…
Se em porto novo atraco, de sargaço,
Porque será que o barco a romper
Me prende com memórias e cabos de aço?

Esquecer que não esquece
Galga o barco num salto!
Preso, assim, aí apodrece
Nas ondas que seguiam alto!

Cunha o infinito âmago do meu casco… o viver…
Ai raios, Esquecer!
As fragas irrompem!, esquece-te, Esquecer!


Página anterior     Primeira página     Página seguinte