Sofia Nunes Vecchina, Poesia, 2000.

O virar do milénio

Um novo milénio se aproxima.
Imaginam alguns
Um mundo misterioso
De monstros e animais ocultos
Que, num nevoeiro profundo,
Destroem a raça humana,
Regem o planeta
E, com uma outra caneta,
Traçam o destino do mundo.

Hoje, ainda o sol canta
E o mar sorri;
A noite encanta
E tudo é calmo aqui.
Ou talvez não… pelo menos
Não temos o coração
A pulsar de medo.

Agoiros antigos,
Aos mais jovens,
Nada importam.
O futuro será constante aventura,
Uma maior abertura,
Para a ciência electrónica
Por onde viajarmos
E, a sonhar, nos alimentaremos.
Tudo é cheio de cor e movimento
E, sem precisar de sair do lugar,
Nem por um só momento:

Robôs serão gente,
E a gente estará contente.
Não haverá mais nada,
Nem crítica, nem diálogo,
Nem sequer realidade,
Nessa miserável comunidade.

Hoje, cada vez mais,
Predomina a violência.
No futuro, ela será independência
Que acabará com a compreensão,
Terminará na solidão
E tudo será escuridão.

Mas pode ser melhor:
Tudo está nas nossas mãos.
Basta saber conduzir
Ao caminho do sorrir.

Para o novo milénio enfrentar
Basta saber amar.


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