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Acordam estarrecidos
Do seu sono breve,
Para a visão aterradora
De uma multidão
De homens alienados.
Pegam orgulhosamente em armas
E com um sorriso malicioso
Começam a serrar
A linha frágil do horizonte.
Serram, serram, serram...
Das feridas abertas
Jorram rios de sangue,
Lágrimas da terra devassada.
Os escanzelados caem
Um por um no mar frio...
O vento levanta-se de si
revoltado,
Os invasores só se riem,
Mais, mais, mais...
Auto proclamam-se então
Donos aqueles sítios,
Invocando seus nomes fatais:
Palestinianos, Israelitas,
Sérvios, Indonésios,
Iraquianos...
Eles são todas as nações
E por motivos diferentes
Ambicionam o mesmo,
Mais!
Daquela terra de ninguém...
Meninos seminus
Caminhando descalços
A endireitar tijolos
Fumegando ao sol.
Meninas pequenas
Em frente a grandes teares,
Numa monotonia e pressa
Quase adultas,
Raspando seus dedos frágeis
Na lã grossa
Dos tapetes
Das senhoras com dinheiro.
Meninas-senhoras,
Senhoras “meninas”,
Que por cinco bagos de arroz
Entregam o corpo
(Como se a alma não fosse junto),
À sorte de quem
O quer violar
E pagar.
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