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Rosa Maria Oliveira, Verbo Liberto, Aveiro, 1989


Acerca de Verbo Liberto

Não é a primeira vez que Rosa Maria ganha um primeiro prémio de poesia com livros diferentes, o que mostra a sua verve e a sua qualidade. Foi em Ovar, é em Aveiro. Foi o prémio Júlio Dinis, é agora este.

Rosa Maria é uma poetisa acabada de atingir a maturidade. De facto, passadas as experiências da juventude, entrou em cheio e plena de alma e de conhecimento nas aventuras poéticas.

Parecem encontrar-se dois sulcos que a marcam: à uma é Sophia talvez pelo seu apego ao concreto, em particular na primeira poesia desta autora; e depois é Eugénio de Andrade pela sua fertilidade e riqueza em imagens, pela sobriedade e pelo rigor dos termos empregues e, ainda, pelo número escasso e mitigado de versos que compõem cada poema.

"Verbo Liberto" é um livro sobre Aveiro e a sua região, Aveiro que é a cidade adoptiva de Rosa Maria. Os termos usados referem nitidamente esta cidade. Assim, encontramos entre eles: gaivotas, mareante, búzio, mastro, sargaço, navio, proa, neblina, marnoto e muitos outros que refletem A veiro em verso.

Pode dizer-se deste livro que é um poema sobre A veiro apesar dos quinze poemas que o constituem. E isso é assim pela grande unidade e coesão em que os textos tecem uma teia de similitudes e harmonia que vem a ser o seu timbre.

A poesia de Rosa Maria é uma poesia directa, ilustrada, imagética e concreta; é também uma poesia de amor, o amor pelo seu amor, ou amor pela sua cidade. Várias vezes a palavra Verbo surge nos poemas; não é de estranhar, pois os poemas são verbo. Mas o livro consegue libertá-lo de verbo a verve − com grandeza.

Ançã Regala

 

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