Adriano Casqueira Pires

Verbo amar

Vejo carros passar à desfilada,
Num barulho infernal de trovoada...

Há pressa em toda a gente, correria...
Para quem mal nasceu 
Já acabou o dia!

No ar, saturado de prazer,
Palpita vontade de viver!

Caridade é coisa inexistente
Que, só por snobismo, ‘inda se sente...

Em quem me estende a mão
Só sinto 
Um gesto maquinal de saudação,
Às vezes tão cheio de cinismo!...

E fico, tristemente, a meditar
Nessa maneira de ser de tanta gente
Que nunca conjugará o verbo amar.

20/03/1971

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