Adriano Casqueira Pires

Desenganos II

Perdido o meu olhar no horizonte imenso,
Nas vagas alterosas de espuma coroadas,
Quero ver além das águas revoltadas,
Mas só encontra o nevoeiro denso.

Além, mais além, quisera ver,
Quisera ir mais além... mas não consigo:
Tenho o cérebro cansado, entorpecido,
Meu corpo quer tombar, quer já morrer.

Ó vida cruel de desenganos!
Agora, que já vejo o fim chegar
E meu sonho morrer no esquecimento,

Inutilmente quero atrás voltar
Para viver, outra vez, aqueles anos
Que, louco, perdi em divertimento.

                                                Sem data

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