Naquele
quintal, uma borboleta muito colorida tinha saído do casulo. Quase não
tinha forças para voar. Com algum esforço esticou as asas e foi poisando
aqui e acolá; aos poucos ia voando. "Como está quente o dia! Parece que
já me sinto mais segura! Vou voar até àquele lindo jardim...!"
Naquela manhã, o jardim era muito visitado. Jovens já andavam por lá. As
pessoas daquelas redondezas vinham sentar-se também para apreciar as
lindas flores.
A borboleta pensou: «Vou para junto daqueles jovens. Estão tão risonhos!
Vou dar umas voltinhas para que vejam como sou bonita.» No percurso
encontrou uma amiga e perguntou-lhe:
–
Queres vir comigo? Eu vou devagar. Mas, contigo ao meu lado, vou
sentir-me mais segura.
A outra borboleta era branca e respondeu-lhe:
–
Sabes, eu ando sempre a voar pelos quintais. É lá que consigo
alimentar-me. Acabei de visitar um quintal com muitas árvores, com
pereiras já floridas. Corri, corri muito, pousei em algumas couves, mas
não encontrei nenhuma amiga. E ainda bem que tu apareces... Que bom é
saber que temos alguém que gosta da nossa companhia. Vamos voar até
perto daqueles jovens naquele jardim ali em baixo? Vão ficar contentes e
admirados. De certeza que nunca viram uma borboleta tão bonita como tu.
–
Obrigada, amiga, tu também és bonita.
As duas voaram e chegaram perto de umas rosas vermelhas. Um casal de
namorados estava sentado num banco e logo reparou nelas.
Olha
–
disse a Raquel
–
E eu que gostava tanto de ter uma borboleta que andasse sempre à minha
volta...!
–
Eu também estou sempre ao teu lado; e quando não posso telefono-te.
–
Pois é! Tens razão...
–
Raquel, parece que estão a ouvir o que dizes...
A borboleta colorida ficou muito satisfeita e respondeu:
–
Vês?
–
Já viemos aqui fazer alguma coisa... Agora, que achas? Vamos mais para a
frente? Está acolá um velhinho sentado sem ninguém por perto.
–
Parece que está triste
–
disse a borboleta branca.
As duas concordaram. Foram na direcção dele e pousaram numas tulipas
amarelas.
O senhor João estava pensativo. De repente, olhou para as tulipas
amarelas. Numa delas, destacava-se a linda borboleta colorida. Esqueceu
as tristezas, levantou-se e quis tocar-lhe. A borboleta adivinhou-lhe o
desejo e imediatamente bateu as asas, impedindo que lhe tocassem.
–
Vês, borboleta branca, quase que me apanhava... Não acho que ele tenha
uns olhos tristes. Certamente o que ele desejaria era ter alguém com
quem falar e quebrar a solidão.
–
És capaz de ter razão
–
anuiu a borboleta branca. Hã! Espera, já sei o que podemos fazer. Queres
correr um pouco atrás daqueles meninos? Pode ser que assim eles nos
vejam e prestem também atenção àquele homem triste. E, se vierem atrás
de nós, encaminhamo-los em direcção a ele.
–
Boa ideia! Vamos lá correr, então. Vamos!
Assim fizeram. Voaram e rapidamente uma delas pousou na manga florida de
uma das crianças que, ao vê-la, ficou surpreendida, com um misto de
admiração e receio.
Uma amiga da Mariana, assim se chamava a menina escolhida pela borboleta
colorida, sugeriu:
–
Corre... Vamos para aquele banco lá mais à frente. Há lá mais sombra.
Deve estar menos calor.
E o grupinho de crianças correu para perto do senhor João, o homem antes
solitário e pensativo, cujo ânimo mudou ao ver as meninas:
–
Vêm sentar-se aqui, meninas?
–
Sim... Eu tenho receio da borboleta!
–
disse a Mariana.
–
Elas não fazem mal!
–
disse o senhor João. Nunca tinham visto nenhuma? Pois é, agora é muito
difícil verem-se borboletas coloridas. Sabiam que elas estão em vias de
extinção? Agora é tudo cimento e poluição. As pessoas esquecem-se das
zonas verdes e as borboletas desaparecem.
–
Não sabíamos que era assim!
–
Pois é! Significa isto que teremos de pensar em fazer desaparecer a
poluição. Assim estaremos todos a contribuir para que as borboletas não
desapareçam. E como são bonitas!...
–
Obrigado, senhor, por nos ter ensinado.
As meninas ficaram satisfeitas. Sabem o que foram fazer? Foram contar
aos colegas e formaram um clube para protecção do ambiente.
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