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Lopes de Sousa - 30 Anos na Arte - 8 de Janeiro a 9 de Fevereiro de 2005.


O Humaníssimo Olhar de um Pintor Aveirense

Lopes de Sousa é Autor de uma rica paleta de cores, de sons e de formas; de uma paleta de afectos, de memórias e de sonhos.

O seu olhar arguto, a sua sensibilidade salina e a sua técnica milenar de artesão dão-lhe a originalidade, o perfume e a poesia que habitam os seus trabalhos, especialmente os dos últimos anos, porque mais autênticos, mais maduros, mais seus.

Lopes de Sousa nasceu em Aveiro. E isso sente-se nas cores intensas, nas transparências e nos revérberos mágicos que bebeu no espaço aberto da nossa cidade, na luz brumosa e única da nossa ria.

Mas a sua pintura não se encerra na estreiteza dogmática de um qualquer discurso regionalista, porque está matricialmente marcada por uma profunda humanidade.

Dr. Manuel Ferreira Rodrigues


Da Análise das coisas
Ao sentir dos instantes...

A obra de Lopes de Sousa é marcada por um forte sentido estético; as recorrências aos “sinais”, introdução a um simbolismo representativo determinará, em muitas das circunstâncias, uma visão muito própria que o artista possui do mundo onírico que o habita.

Não terá sido sempre assim; em regra, a experimentação é percurso inicial para quantos se dão à criatividade. Mau seria se assim não se verificasse... Mas Lopes de Sousa, cedo terá tido a noção mais próxima do seu próprio percurso e, tecnicamente habilitado, vem impondo uma feitura muito característica ao seu trabalho, não tanto pela originalidade temática ou de raiz expressiva. Hoje em dia é difícil ser-se inteiramente original, uma vez que as coincidências interpretativas dos autores, entre si são constáveis, face à “imposição” de processos criativos e interpretativos que se impõem como resultado duma eficaz cadeia de informação, o que resulta em naturais influências (que não assimilação pura e simples, é bom que se registe...) que, com toda a naturalidade, “marcam” a realização artística de diferentes artistas, em latitudes bem diversas e soluções próximas, que determinam a leitura das próprias situações, perspectivas de realização ou propostas estéticas trazidas a público em quadrantes bem distintos.

Ao procurar determinar valores representativos para a sua própria obra, este autor traduz inquietações de alguma universalidade, situando-se num ângulo de observação muito peculiar, este sim, um dos mais referenciáveis aspectos da sua pintura, matérica e recolhida em cores de paleta de grande sobriedade, sem recorrer a estridências cromáticas que, por vezes, não são mais que um ardiloso processo de ocultação de objectivos.., não conseguidos! Isto não acontece na pintura de Lopes de Sousa, autor que sustenta as suas obras numa arquitectura de geometrias em que o equilíbrio dos espaços é soberanamente conseguido.

Vivendo de sinais e alguma simbologia (que se admite interiorizada no ser criativo que se expressa no pintor), a pintura deste autor determina e determina-se enquanto valor referenciável de novas formas de sentir cada momento, instantes que se vão repercutir nas superfícies trabalhadas e onde a análise de cada uma das coisas, possui o encanto duma história que se desenha em termos vivenciais, bem ao encontro da imagética que a todos nós é natural.

As interpretações serão tão pessoais quanto a capacidade de cada um dos observadores das obras; entre o lirismo das referências, e o onírico que cada observador alberga, se situarão as diferentes reacções.

Mesmo correndo o risco de perder-se em preciosismos desaconselháveis (é sempre um risco assumido por autores cuja obra roça o “perfeccionismo”, mesmo quanto a olhares alheios tal cuidado parecerá não ser evidente...), Lopes de Sousa recorre a uma técnica que sublima o resultado final em termos de impacto visual onde os sentidos não se alheiam do objectivo proposto; a vivência das pinturas deste artista é factor de referência, dada a sua abrangência sagaz dos espaços em que a mesma é patenteada. Será, em última análise, a capacidade de ler com objectividade, o que se sobrepõe ao exercício do supérfluo, eliminando-o enquanto “adereço” complementar realçando o significado de toda a representação que se propõe nos observadores. E uma virtude que se recolhe na obra de Lopes de Sousa. Nada no artista é acaso, e toda a estrutura do seu trabalho assenta no rigor do geometrismo que lhe confere sustentação.

A pintura deste autor é assim credora do maior apreço e merecedora de continuada divulgação, talvez até para, comparativamente, serem determinados valores mais exactos entre o simples fazedor de coisas e aquele que, em consciência, é o Pintor Lopes de Sousa. Nele, nada ficando ao sabor das circunstâncias ocasionais, pode ser classificado como mero circunstancialismo; ao contrário, o artista assume um posicionamento em que, por via da investigação a que sujeita o seu trabalho, se assume cultor do princípio básico da arte, ou seja, intérprete privilegiado do sentido de criar algo que não estará ao alcance de todos quantos, com igual propósito, aceitemo-­lo, buscam esse desiderato...

Lopes de Sousa iniciou um dia um percurso; haverá que o prosseguir. Tem essa responsabilidade.

Carlos Lança, Presidente da ANAP - Porto, Outubro de 2003


 

"Lopes de Sousa tem desde sempre, assumido um rosto observador. Não no panorama das artes plásticas, nem da criatividade, onde tem sido um “fazedor’ de coisas belas, mas observador do real e do que está para além dele.

A beleza do quotidiano anda de mãos dadas com as suas criações, surgindo de uma forma espontânea, ainda que, obedecendo a uma técnica e a um rigor que, sem dúvida, domina. A sua pintura tem seguido uma linha evolutiva constante, ao sabor do poder imaginativo do autor e, da crescente aprovação do seu público, que, é hoje uma realidade.

Ainda no âmbito desta reflexão, que já vai sendo longa, torna-se-me imperioso sublinhar que, olhar a obra deste artista é concluir: se numa primeira visão somos surpreendidos, pela vivacidade e pelo atrevimento, numa segunda visão somos conquistados pela capacidade que tem de nos envolver e de nos emocionar..."

Dra. Ana Margarida Silva Boaventura Figueiredo – 2004

 

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8 de Janeiro de 2005

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9 de Fevereiro de  2005