ARANHILE

Sofia Capela Covelo - 8.º G

 

Gritava, ninguém me acudia. Parecia que todas as pessoas do mundo tinham sido comidas por aranhas. Quando a encontrei na parede do meu quarto pela primeira vez, nunca pensei que um bicho daqueles ia acabar com toda a humanidade. A salvação do mundo estava na sola do meu sapato dos dias de chuva. Desci as escadas mais depressa que uma flecha! Cheguei à cozinha, peguei na chave e abri a porta. A noite estava escura, sossegada e silenciosa. Parecia que a tempestade tinha passado. Só permanecia uma brisa fria. A desordem nos quintais e nas ruas era uma prova de que a tempestade tinha sido realmente forte. Fiquei lá uns minutos a respirar fundo, a chorar, a esconder-me e a pensar numa maneira mágica de resolver os problemas que estavam dentro do meu quarto, ao lado da minha cama.

Volto para dentro de casa, olhando para todos os lados, só para prevenir o aparecimento de outras aberrações que costumam aparecer quando o mundo acaba. Fecho a porta à chave. Subo as escadas em pontas dos pés, degraus atrás de degraus, interminável escadaria para quem já não conseguia dominar as pernas. A porta do meu quarto estava fechada. Achava que a tinha deixado aberta. Abro a porta devagar e...

– ...AHHHHHHHHHHHHHHHH!! – grito eu num tom terrivelmente estrondoso, arrependida de ter voltado ao ninho da aranha.

A aranhilde salta agilmente para cima de mim para me comer. Abre a boca e engole-me de uma golada.

Ao mesmo tempo o meu pai bate pela segunda vez a porta do meu quarto:

– Sofiaaaa!! Acorda! Já são oito horas, e tu ainda a dormir! Rápido que eu já vou ligar o carro!

Parece que ainda estava a gritar quando acordei finalmente. Até ia caindo da cama! Fiquei uns minutos a tentar interiorizar o que tinha realmente acontecido e a tentar distinguir o sonho da realidade. Os fantasmas, as luzes, os barulhos esquisitos, as sombras... Foi tudo sonhado, tudo por causa de uma aranha minúscula que estava sossegada na parede. Tal aranha que me deu cabo da cabeça! Aquilo parecia tão real! “Ai que susto, ai que horror!!! Que sonho tão estúpido, realmente, cada coisa que me acontece! Sinceramente!” – pensei eu enquanto me destapava e levantava da cama.

Fui lavar a cara ainda um bocado abalada. Vesti-me rapidamente, tomei o pequeno almoço, escovei os dentes, penteei-me e fui para o carro para ir para a escola. E não é que a maldita aranha estava encostada ao vidro do carro a lembrar-me que o teste de Matemática estava quase a começar? Carrego no botão de descer o vidro. O malvado inseto preto está mesmo à frente do meu dedo. Solto o dedo do meio em jeito de disparo. Ainda conseguiu esconder-se atrás do espelho retrovisor. “Fecha o vidro Sofia”, disse o meu pai para a chuva não molhar os estofos. Enfim! Já chega de aranhas por agora. Espero que esta noite ela não me venha visitar. Mas se vier, eu estarei preparada!

 

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