ESTE Mosteiro, fundado no vale de Arouca, em 716, por Loderico e VandiIo, entre os rios Silvares e Marialva, foi dedicado aos santos anárgiros Cosme e Damião e vendido pelos seus descendentes a D. Ansur e sua esposa, D. Ejeuva, senhores do Território da Anégia, que dele e das terras anexas fazem doação, em 7 de Setembro de 951, ao abade Hermenegildo e ao seu Mosteiro, já dúplice.

D. Ansur reedificou a igreja, que ficou sendo da invocação dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo e dos Mártires S. Cosme e S. Damião, mantendo-lhe o carácter dúplice.

Hermenegildo doa o Mosteiro a D. Gontina, sobrinha de D. Ansur e sua filha e herdeira, D. Toda Viegas, em 26 de Dezembro de 1153, doa-o, «.. . com todos os seus direitos, casas, vinhas e vilas e com todas as cousas pertencentes ao ornamento da igreja à abadessa Elvira Joanes e a todas as suas irmãs que já viviam regularmente juntas e às que para o futuro fossem» deixando assim de ser dúpIice, na Ordem de S. Bento.

Em 1217 entrou neste Mosteiro a Rainha D. Mafalda, filha de D. Sancho I, que no seu testamento lhe tinha deixado Bouças e Arouca e, observando ela o desregramento existente na Ordem, logo pensou em o sujeitar a outra mais rigorosa, como era a de Cister, nesses tempos, conseguindo do Bispo de Lamego, D. Paio, autorização para essa mudança em 1224, a qual foi confirmada pelos Papas Honório lII na Bula de 6 de Junho de 1224 e Inocêncio IV na de 8 de Agosto de 1246.

O Mosteiro foi vítima de quatro incêndios em 12??, em 1550, às 10 horas da noite de 22 de Fevereiro de 1725 e às 23 horas de 19 de Outubro de 1935; os dois primeiros são representados em duas telas, pintadas em Itália no princípio do século XVIII.

Do Mosteiro românico não resta senão uma parede, ao lado da qual está uma cruz representativa da antiga capela-mor, como ordenava a Constituição do Bispado, conjuntamente com muitas pedras sigladas; o Mosteiro actual é formado por quatro corpos que limitam o claustro, sendo / 68 / o do poente o mais antigo, dos princípios do século XVII, e os restantes do fim do mesmo século; em 1704 arruinou-se a igreja, sendo restaurada pelo arquitecto maltês Carlos Gimac, recomeçando nela o culto em 20 de Outubro de 1718, com a trasladação do túmulo da Rainha Santa Mafalda, que tinha sido colocado debaixo do arco que separa a igreja do coro, para o local onde hoje se encontra.

 

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