Esta
guerra – guerra dinâmica, de invenções e de aperfeiçoamentos –
impulsionou, de sobremaneira, o desenvolvimento de várias indústrias e,
de entre estas, as que mais se notaram e mais influência exerceram na
economia nacional foram, sem dúvida, as de exploração de minas, que há
muito eram, senão natureza morta, negócio de pouco lucro, quase capital
que não rendia juro. Mas veio a guerra, e com ela surgiram as
necessidades de aplicação de certos metais que anteriormente eram de
consumo reduzido. Entre esses metais destacou-se o manganês, que, como é
sabido, é indispensável à produção de ferro e aço.
Se quiséssemos apreciar devidamente esse metal, muito
teríamos para dizer, pois ele existe na natureza em vários estados e
combinações. O estado de pirolusite ou bióxido de manganês (magnésia
negra ou terra negra de Shelle) é o seu principal minério.
O manganês é objecto de larga exploração nos países
ibero-americanos. Sobretudo o Brasil e Cuba possuem uma tal extensão de
jazigos desse minério, que podem produzir anualmente mais de 500.000
toneladas, quase inteiramente absorvidas pela América do Norte. Este
grande país, para a manutenção da sua poderosa máquina de guerra,
importa anualmente cerca de 1.300.000 toneladas de manganês, o que é bem
demonstrativo da alta importância que esse minério alcançou.
Também na Europa aumentaram muito consideravelmente as
encomendas de manganês, dando um notável incremento à sua exploração. No
nosso país existiam apenas duas ou três minas de reduzida produtividade,
e foi a Sociedade Mineira de Sazes, Lda. que, utilizando todos os
recursos da economia nacional, conseguiu estabelecer a coordenação dos
elementos produtivos dessa riqueza nacional, reunindo todas as grandes e
pequenas explorações que, principalmente no centro do país, onde o
minério tem maior concentração metálica, exerciam a sua actividade na
exploração de tão útil minério.
Assim, a Sociedade Mineira de Sazes, Lda., é uma das mais
importantes empresas mineiras do centro do país, com alto proveito para
a economia nacional.
Tem a sua sede social em Sazes de Penacova, mas todos os
seus serviços administrativos estão centralizados na Mealhada, onde
possui escritórios e depósitos.
As suas minas, que ainda há pouco iniciaram trabalhos
primários de pesquisas e de prospecção, já deixam prever o largo futuro
que lhes está destinado.
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A Sociedade Mineira de Sazes, Lda. é uma firma
inteiramente portuguesa, dirigida pelos srs. Bento Pereira de
Carvalho e Rui de Pinho, os quais, pela notabilíssima acção
que têm desenvolvido, mercê da sua inteligente actividade e largos
conhecimentos de ordem comercial e técnica, a ergueram ao nível
industrial que atingiu, em rápidos e escassos meses de organização.
Todo o seu pessoal é português, e nela trabalham
diariamente cerca de cem trabalhadores.
Possui um bem organizado serviço de transportes, dotado
de viaturas que, diariamente e sem interrupção, transportam o minério
das minas com quem mantém largos contratos, para os seus depósitos da
Mealhada, excelentemente instalados em frente da estação do
caminho-de-ferro daquela vila e a ela directamente ligado com serviço
especial.
Esta Sociedade, pelas relações comerciais que mantém em
Minas de Anadia, deve considerar-se, sem favor, como a primeira empresa
mineira de manganês do país.
É fornecedora das principais indústrias fabris, como as
grandes fábricas do Tramagal e as principais empresas vidreiras, pelo
que a economia nacional conta nela um valor efectivo e real que só a
prestigia e engrandece.
Também no campo social a sua gerência tem desenvolvido
uma acção notabilíssima, que lhe tem granjeado a maior simpatia. Ainda
no dia primeiro de Dezembro último, num gesto que muito a nobilita,
ofereceu à prestimosa Corporação dos Bombeiros Voluntários da Mealhada
uma esplêndida auto-maca, realizando, assim, uma das mais velhas e
legítimas aspirações dos dirigentes daquela simpática corporação.
Ao apresentarmos aos nossos leitores esta pequena síntese
sobre a actividade da Sociedade Mineira de Sazes, L.da, não podemos
concluir sem deixar de reconhecer que a obra já levada a efeito por
aquela grande empresa, é, não só credora da sincera admiração de todos
nós, como também digna dos maiores elogios pelo muito que a economia
nacional lhe fica devendo.
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