Câmara Municipal de Anadia

 

ANADIA, na fertilíssima região da Bairrada, centro vinícola de tanta e tão apreciável fama, onde se produzem os afamados espumantes que lhe fizeram merecer a denominação de «Champagne» Portuguesa, é um concelho dos mais importantes do distrito de Aveiro, e dos que, pela acção, persistência e tenacidade do seu município, mais importante obra social tem realizado.

Pode dizer-se que o Município de Anadia está no número daqueles que melhor interpretam a sábia política do Estado Novo.

O seu presidente, sr. dr. Luciano Correia, verdadeiramente integrado nos altos princípios da doutrina corporativa, homem novo e cheio de forte e impulsionadora vontade, realizou uma obra apreciável, juntamente com a respectiva vereação.

Não falando, propriamente, da obra, de saneamento e de modernização do concelho, que essa todos quantos por lá passam a conhecem − basta passear pelas belas e amplas avenidas da vila e percorrer os quilómetros de novas estradas e arruamentos de toda a municipalidade e, sobretudo, notável e eminentemente social a obra realizada no campo da assistência. O sr. dr. Luciano Correia, tendo no espírito o exemplo nobilíssimo da organização católica denominada «Conferência de São Vicente de Paulo», a que pertenceu durante o seu tempo de estudante da Universidade de Coimbra, decidiu segui-lo e pô-lo em prática, dentro das possibilidades do concelho.

Partindo do princípio de que a Família é, por assim dizer, a célula de todas as nacionalidades que pretendem, como a nossa, projectar-se na eternidade, reconheceu indispensável rodear o organismo familiar do maior carinho e protecção.

É sobre o Homem, como Unidade, que mais se inclina o espírito cintilante do ilustre presidente do Município de Anadia, a quem abordámos / 157 / com o objectivo de dar uma entrevista à Revista “Turismo”.

Aspecto da nova avenidaCom a maior amabilidade, expôs-nos, em linhas gerais, o que consta do seu programa de renovação municipal e social.

Começando por declarar que uma das primeiras medidas sociais tomadas pelo município foi a da criação de um subsídio às famílias numerosas, acrescentou que está bem patente no seu espírito o princípio da Família como base do Estado Corporativo.

− E o problema da mendicidade? − interrogámos.

− Esse procurámos solucioná-lo da maneira que nos pareceu mais cristã, pois somos nós que levamos a esmola a casa do mendigo sem que este no-la venha pedir. De resto, é esta a prática das Conferências de São Vicente de Paulo, de que fomos confrades no nosso tempo de Coimbra. Além disto, instituímos, com a colaboração da Mesa da Misericórdia, um serviço de sopas para os passantes, o qual funciona no Hospital-Asilo, sob a direcção de Irmãs de São Vicente de Paulo.

− E além desses benefícios, a Câmara ainda presta outros? − observamos.

− Mantendo os subsídios de lactação, organizámos, em 1939, a «Obra de Protecção à Grávida e à Criança», instituição esta de largo alcance social e moral, que toma a seu cuidado tanto a mãe como o filho, vigiando pela sua saúde e alimentação durante o período da amamentação.

Informados do vasto plano de criação de Casas do Povo, inquirimos do sr. dr. Luciano Correia com o que contava para a realização dessa obra de tanto vulto; fomos prontamente elucidados:

Jardim de Anadia− Vamos organizar dez Casas do Povo, ou seja, tantas quantas as freguesias do concelho, e para a sua edificação contamos não apenas com a verba do Município, mas também com o financiamento do Estado, dos Grémios, das Casas do Povo, das Misericórdias, das instituições particulares de beneficência, etc.; uma pequenina parcela a todos. Assistência dirigida, que não é só material mas moral; que não há-de ser só curativa mas preventiva. Desejaríamos, mesmo, mostrar a todas as autarquias do país como é fácil criar Casas do Povo, ao mesmo tempo, num concelho inteiro.

Agradecemos ao sr. dr. Luciano Correia a sua amabilidade, com o desejo sincero de que o seu profundo sentimento de humanidade seja compreendido ou, mais do que isso, apoiado, por todos quantos possam contribuir para a realização de tão bela e edificante obra.

 

 

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