Uma vista da Moita - Anadia
Quinta e residência da família do falecido Conselheiro José Luciano de Castro.

A PAISAGEM DA ANADIA

A Anadia, capital sorridente e amável desse opulento reino vegetal da fortíssima região da Bairrada, vale como um dos mais belos e mais ricos tesouros de paisagem que o turista pode observar no ocidente europeu.

Raras vezes as palavras: «beleza» e «riqueza» andam aliadas tão naturalmente e se poderão empregar com tanta propriedade. É que nos campos da Anadia, a natureza do solo, que neste faz brotar vegetação e culturas variadas e exuberantes, que encantam a vista, simultaneamente valoriza esses produtos da terra, devido à finura das águas abundantes, à benignidade do clima, às ciências vinícolas agrícolas que para aqui se transplantaram e criaram raízes seculares.

Como expressão representativa de toda esta paisagem tonificante e tranquilizadora, bastaria, talvez, citar-se a Curia, situada no concelho da Anadia, uma das mais mimosas estâncias de repouso do país, e que em belezas naturais – e até mesmo como centro de civilização e conforto – está a par das melhores estâncias europeias.

 

Entrada da Vila de AnadiaMas, além dos silenciosos parques da Curia, cujas sombras acolhedoras têm restituído a saúde e o equilíbrio aos corpos fatigados e a tantos espíritos neurastenizados, que maravilhas não oferece todo esse verde / 91 / paraíso dos lindíssimos campos da Anadia!

Região de vinhos delicados e apuradíssimos, que está para Portugal como a região da Champagne para a França, vale a pena ver a cultura e faina nos seus vinhedos, sobretudo no Outono, ao começarem as vindimas – quadro a que não falta movimento, cor e pitoresco – para se observar como são bem tratadas as vinhas e as uvas donde se extrai a divina essência – o loiro e crepitante espumoso que depois sai das geleiras da Anadia, o melhor champanhe de Portugal.

Trecho da nova avenida de Anadia

Agradável panorama, o dessas vides que se desenrolam e serpeiam pelo Monte Crasto e várzeas em redor, e se matizam com a gama de verdes dos hortejos, quintas e pomares, o verde-cinza dos olivedos e, mais para a beira-mar, com o verde doirado dos pinhais. Depois, por toda a parte, sombras carinhosas de arvoredo; quintas cheirosas e floridas; uma sensação de frescura que vem das águas que borbulham por todos os lados, de fontes, nascentes e cristalinos veios, e que vão enchendo tanques, fazendo girar azenhas, alegrando os campos e as almas.

Anadia e as suas pitorescas aldeias – Arcos, Moita, Sangalhos, Mogofores e outras mais – são um poema de tons verdes e doirados, de água e de luz. Lá do alto, do cimo do Monte Crasto, tudo isto é um deslumbramento, rutilante tesouro vegetal onde a Curia é rara jóia do mais rico quilate.

Se na Anadia ainda não existe um grande poeta, por certo ele surgirá um dia. Pintor já ela tem, e dos maiores do nosso país, cujas telas são maravilhosos poemas de luz. Ou ele não fosse da Anadia!
 

Uma vista de Arcos - Anadia
Pitorescos hortejos nos arredores de Anadia.
 

 

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