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A
PAISAGEM DA ANADIA
A Anadia, capital sorridente e amável desse opulento reino vegetal da
fortíssima região da Bairrada, vale como um dos mais belos e mais ricos
tesouros de paisagem que o turista pode observar no ocidente europeu.
Raras
vezes as palavras: «beleza» e «riqueza» andam aliadas tão naturalmente e
se poderão empregar com tanta propriedade. É que nos campos da Anadia, a
natureza do solo, que neste faz brotar vegetação e culturas variadas e
exuberantes, que encantam a vista, simultaneamente valoriza esses
produtos da terra, devido à finura das águas abundantes, à benignidade
do clima, às ciências vinícolas agrícolas que para aqui se
transplantaram e criaram raízes seculares.
Como
expressão representativa de toda esta paisagem tonificante e
tranquilizadora, bastaria, talvez, citar-se a Curia, situada no concelho
da Anadia, uma das mais mimosas estâncias de repouso do país, e que em
belezas naturais – e até mesmo como centro de civilização e conforto –
está a par das melhores estâncias europeias.
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Mas, além
dos silenciosos parques da Curia, cujas sombras acolhedoras têm
restituído a saúde e o equilíbrio aos corpos fatigados e a tantos
espíritos neurastenizados, que maravilhas não oferece todo esse verde
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91 / paraíso dos lindíssimos campos da Anadia!
Região de
vinhos delicados e apuradíssimos, que está para Portugal como a região
da Champagne para a França, vale a pena ver a cultura e faina nos seus
vinhedos, sobretudo no Outono, ao começarem as vindimas – quadro a que
não falta movimento, cor e pitoresco – para se observar como são bem
tratadas as vinhas e as uvas donde se extrai a divina essência – o loiro
e crepitante espumoso que depois sai das geleiras da Anadia, o melhor
champanhe de Portugal.
Agradável
panorama, o dessas vides que se desenrolam e serpeiam pelo Monte Crasto
e várzeas em redor, e se matizam com a gama de verdes dos hortejos,
quintas e pomares, o verde-cinza dos olivedos e, mais para a beira-mar,
com o verde doirado dos pinhais. Depois, por toda a parte, sombras
carinhosas de arvoredo; quintas cheirosas e floridas; uma sensação de
frescura que vem das águas que borbulham por todos os lados, de fontes,
nascentes e cristalinos veios, e que vão enchendo tanques, fazendo girar
azenhas, alegrando os campos e as almas.
Anadia e
as suas pitorescas aldeias – Arcos, Moita, Sangalhos, Mogofores e outras
mais – são um poema de tons verdes e doirados, de água e de luz. Lá do
alto, do cimo do Monte Crasto, tudo isto é um deslumbramento, rutilante
tesouro vegetal onde a Curia é rara jóia do mais rico quilate.
Se na Anadia ainda não existe um grande poeta, por certo ele surgirá um
dia. Pintor já ela tem, e dos maiores do nosso país, cujas telas são
maravilhosos poemas de luz. Ou ele não fosse da Anadia!
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