Acesso à hierarquia superior

4ª Série - Número 3 - Dezembro de 2000 - pp. 95-97

Fernando Alberto Lacerda

É um pouco para fazer um bocado a cobertura também, temporal, relativamente a outro período que eu estive noutro Conselho Directivo, na Jaime Magalhães Lima, de que era Presidente a Margarida Rosa Vinagreira, e que reflecte outro momento e eu diria quase, em termos de experiência pessoal, pronto, situava um pouco a minha intervenção dentro das aspirações e dos anseios e da tentativa de olhar a Escola numa outra perspectiva que o Carlos Dias há bocado situou, era um pouco essa a minha postura, a tentativa de perceber por dentro a orgânica do funcionamento da Escola numa perspectiva... eu não queria usar a palavra superior, mas ela aqui quase tem esse cabimento, essa aceitação.

Posso, de certo modo, hoje, e com o desfasamento do tempo que isso me permite, em termos de balanço posso dizer que tenho duas memórias distintas, e tenho uma primeira memória com alguns aspectos menos positivos e uma segunda memória, a mais recente e a experiência partilhada com este último Conselho Directivo, uma experiência bastante mais positiva, nomeadamente, e situando estes dois aspectos de avaliação, ao nível do plano de concretização dos objectivos a que nos tínhamos proposto. Ou seja, ainda que nós não queiramos a dinâmica que o colectivo dos gestores, passo a expressão, mas o colectivo do Conselho Directivo, acaba por ser uma dinâmica que resulta muito, também, do perfil das pessoas, e quando alguns Conselhos Directivos se formavam de um modo quase intempestivo, isto é, não havendo listas que apareciam de forma organizada e as pessoas se contactavam pontualmente para aceitarem fazer / 96 / parte de um grupo de trabalho que nem sempre conheciam muito bem, isso traria alguns percalços mais tarde ou mais cedo, e alguns superavam-se naturalmente, como tudo... mas outros acabavam por marcar de uma forma, nem sempre positiva, o processo de desenvolvimento de trabalho que, eventualmente, se viesse a desenvolver; ou seja, se, por mero acaso, o colectivo das pessoas se entendia bem e o perfil de todos eles se ajustava, o trabalho podia ser muito rentável, caso contrário, as quezílias que às vezes resultavam podem transpirar, ou podem de certo modo sentir-se no resto da comunidade educativa, que sente também, de algum modo, esse tipo de situações.

Estas duas memórias que eu tenho não se referem apenas ao meu momento de passagem em anos nos Conselhos Directivos, referem-se aos Conselhos Directivos que passaram por aquela Escola.

Da minha memória faz parte o Fernando Leitão, penso que com dois mandatos, um na Comissão Instaladora e outro no Conselho Directivo, e que marcou, de forma mais ou menos indelével, mas marcou aquela Escola que estava a iniciar e que, como a Helena disse há bocadinho, é uma Escola que por ser recente e por não ter um passado histórico muito longo, marcado num tempo com outro tipo de características, lhe faltará também alguma definição, isto é, é uma Escola que ainda hoje anda à procura de se encontrar e de se afirmar, definindo-se nalguma perspectiva. E o Fernando Leitão marcou na Jaime Magalhães Lima, então Escola Secundária de Esgueira, marcou de certo modo um perfil de bonomia, que ele representa, e de aceitação fácil e de sã convivência, e era um pouco isto que havia no espírito das pessoas que entravam para aquela Escola. Com o tempo e / 97 / com a agitação e o stress que se foi instalando a par do crescimento da Escola, as coisas foram-se mudando um pouco, enfim, quer dizer, perdeu-se um pouco aquela característica e... a Escola não terá andado à deriva, mas também não conseguiu uma característica que a definisse e que a colocasse numa posição, de certo modo, com características próprias e que fosse apontada como sendo aquela, aquela Escola, com um determinado tipo de perfil. Hoje parece-me que o processo, e pelos contornos a que a própria gestão obriga, que se venha a orientar o plano futuro, parece-me que a Escola poderá encontrar, então, a tal via e, digamos, situar-se dentro de um plano que no conjunto das Escolas de Aveiro tenha um lugar próprio e que não se confunda com outras Escolas, uma vez que até aqui tem vindo um pouco à sombra da sua própria existência porque não se consegue afirmar de uma forma positiva.

O próprio projecto da humanização das escola resulta muito deste aspecto além de outras actividades, que já foram referidas também pela Helena, que têm essa particularidade de transformar a Escola sem uma definição própria numa Escola com algum sentido e com um percurso próprio que venha a fazer nos próximos anos.

É basicamente era isto, quer dizer, são as duas memórias distintas que eu tenho, não só situadas na minha participação, mas um pouco a representarem também a própria evolução da Escola, que é uma Escola recente e que tem estas características.