Acesso à hierarquia superior

4ª Série - Número 3 - Dezembro de 2000 - pp. 49-50

 

António Luís Matos dos Santos

 

Era uma achega ao que a Elsa tinha dito relativamente à balbúrdia que houve depois da reacção à morte do Sá Carneiro; portanto, foi em Dezembro de 1980 que curiosamente houve um certo movimento, não se sabe bem porquê, os alunos fundamentalmente não queriam ter aulas, era um pouco isso. Por parte de alguns colegas também seria isso, seria naturalmente desgostosos e magoados, mas o que é facto é que eu suponho que foi das poucas Escolas que não parou, quer dizer, continuaram os alunos a ter aulas, houve uma atitude de todos os professores esclarecendo os alunos que de facto era uma tragédia e que era um momento de pesar, mas que isso não implicava que o trabalho não continuasse normalmente e continuou. E depois acalmaram. Foi a primeira reacção. Depois penso até que veio um Despacho qualquer a anular as faltas que se tinham marcado.

E já agora, não tendo nada a ver com isto mas para completar um pouco a minha intervenção da manhã, a minha ideia acerca deste modelo de gestão é que está esgotado há muito tempo, independentemente da forma como funcionou e como aguentou, digamos, o sistema estes anos todos, no meu último ano no Conselho Directivo, a ideia com que eu fiquei é que realmente era um modelo que estava esgotado, já não contemplava determinado tipo de projectos da Escola, não assumia, digamos, a participação da comunidade educativa na gestão da Escola, o que era absolutamente necessário. Mesmo se a comunidade escolar participava de uma forma um bocado limitada, havia determinadas questões que se começavam a pôr muito, a questão da autonomia era claramente um travão, digamos assim, daquilo / 50 / que se pretendia fazer na Escola, com muita burocracia, pois começou a sentir-se a necessidade da intervenção do meio na Escola e de a comunidade educativa começar a apresentar as propostas para a Escola funcionar de determinada forma. Se é verdade que na nossa escola sempre houve uma tentativa de chamar os representantes da Autarquia, do Meio, das Associações Culturais, havia, suponho eu que era um Conselho Consultivo, suponho que era isso que reunia uma vez por ano, mas a capacidade de intervenção era praticamente nula e havia até coisas um bocado caricatas; eu lembro-me da perspectiva que tinham do funcionamento da Escola, a Câmara era convocada e algumas vezes mandava o chefe dos armazéns, não é? O que de alguma forma é capaz de dar uma ideia da perspectiva que tinha do que era a Escola.

Isto parece-me que foi reconhecido e temos um novo modelo de gestão que poderá dar resposta a este tipo de coisas. Vamos esperar é que realmente as expectativas que ele está a criar não comecem a ser agora cortadas como, enfim, alguns indícios que não são nada prometedores como este último Despacho que saiu, e etc., que quando se fala em autonomia, por exemplo, não me parece que seja assim uma coisa muito razoável depois tornar limitativa a forma como ela se pode exercer nomeadamente, agora faz-se isto, agora para ali, agora para acolá, para se fazer isso já se fazia antigamente, pedia-se autorização...