António Luís Matos dos Santos
Era uma achega ao que a Elsa tinha dito relativamente à
balbúrdia que houve depois da reacção à morte do Sá Carneiro; portanto,
foi em Dezembro de 1980 que curiosamente houve um certo movimento, não
se sabe bem porquê, os alunos fundamentalmente não queriam ter aulas,
era um pouco isso. Por parte de alguns colegas também seria isso, seria
naturalmente desgostosos e magoados, mas o que é facto é que eu suponho
que foi das poucas Escolas que não parou, quer dizer, continuaram os
alunos a ter aulas, houve uma atitude de todos os professores
esclarecendo os alunos que de facto era uma tragédia e que era um
momento de pesar, mas que isso não implicava que o trabalho não
continuasse normalmente e continuou. E depois acalmaram. Foi a primeira
reacção. Depois penso até que veio um Despacho qualquer a anular as
faltas que se tinham marcado.
E já agora, não tendo nada a ver com isto mas para
completar um pouco a minha intervenção da manhã, a minha ideia acerca
deste modelo de gestão é que está esgotado há muito tempo,
independentemente da forma como funcionou e como aguentou, digamos, o
sistema estes anos todos, no meu último ano no Conselho Directivo, a
ideia com que eu fiquei é que realmente era um modelo que estava
esgotado, já não contemplava determinado tipo de projectos da Escola,
não assumia, digamos, a participação da comunidade educativa na gestão
da Escola, o que era absolutamente necessário. Mesmo se a comunidade
escolar participava de uma forma um bocado limitada, havia determinadas
questões que se começavam a pôr muito, a questão da autonomia era
claramente um travão, digamos assim, daquilo
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que se pretendia fazer na Escola, com muita burocracia, pois começou a
sentir-se a necessidade da intervenção do meio na Escola e de a
comunidade educativa começar a apresentar as propostas para a Escola
funcionar de determinada forma. Se é verdade que na nossa escola sempre
houve uma tentativa de chamar os representantes da Autarquia, do Meio,
das Associações Culturais, havia, suponho eu que era um Conselho
Consultivo, suponho que era isso que reunia uma vez por ano, mas a
capacidade de intervenção era praticamente nula e havia até coisas um
bocado caricatas; eu lembro-me da perspectiva que tinham do
funcionamento da Escola, a Câmara era convocada e algumas vezes mandava
o chefe dos armazéns, não é? O que de alguma forma é capaz de dar uma
ideia da perspectiva que tinha do que era a Escola.
Isto parece-me que foi reconhecido e temos um novo modelo de gestão que
poderá dar resposta a este tipo de coisas. Vamos esperar é que realmente
as expectativas que ele está a criar não comecem a ser agora cortadas
como, enfim, alguns indícios que não são nada prometedores como este
último Despacho que saiu, e etc., que quando se fala em autonomia, por
exemplo, não me parece que seja assim uma coisa muito razoável depois
tornar limitativa a forma como ela se pode exercer nomeadamente, agora
faz-se isto, agora para ali, agora para acolá, para se fazer isso já se
fazia antigamente, pedia-se autorização...
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