4ª Série - Número 1 - Dezembro de 1996 - pp. 3-8

memória

LABOR

 

Revista trimestral de educação e ensino e extensão cultural do Liceu Vasco da Gama (José Estêvão desde Jul. 1927)

Revista bimestral de educação e ensino e extensão cultural e órgão provisório do professorado liceal (desde Jan. de 1927)

Revista mensal de educação e ensino e extensão cultural do ensino secundário (desde Out. 1932)

Revista do ensino liceal fundada por José Pereira Tavares e Álvaro Sampaio (desde Mar. 1951)

 

Aveiro

Jan.1926-Dez. 1931/Out. 1932-Jun. 1940/Mar. 1951-Jun. 1973

 

Periodicidade, formato, n.º de páginas, preço e tiragem

Trimestral; bimestral (desde Jan. 1927); mensal (desde Jan. 1931) – não se publica durante as férias escolares Jul. a Set.). 22 cm, cerca de 60 pp., 25$00 / 60$00 (assinatura anual), 400 exemplares (Jan. 1926) / 1100 exemplares (Jan. 1966).

 

Responsáveis

Até Jun. 1940, José Pereira Tavares e Álvaro Sampaio são simultaneamente directores e editores, enquanto o administrador é Armando Coimbra. Entre Jul. 1926 e Set. 1927, Pedro Gradil desempenha a função de editor. A propriedade do periódico pertence a "um grupo de professores" do Liceu de Aveiro até Jul. 1932. Após Mar. 1951, a propriedade, direcção e edição surgem asseguradas por José Pereira Tavares e José Augusto Teixeira, este último até Jul.1971. O cargo de administrador está atribuído a António Fernandes Marques da Rocha, sucedendo-lhe, em Jun. 1958, José Gomes Bento. A redacção e administração encontram-se sediadas no Liceu de Aveiro.

 

Colaboradores

Todos os responsáveis colaboram com bastante regularidade, embora a contribuição de José Pereira Tavares deva ser destacada. Tendo em conta a história da revista, é conveniente isolar as participações até 1940 e após 1951.

Apesar disso, registem-se previamente os autores presentes nas duas "fases" de forma mais ou menos assídua: Manuel Cruz Malpique, Alves de Moura, F. Falcão Machado, José Augusto Cardoso, Álvaro de Ataíde, António Nicodemo de Sousa Pereira, Arminda Paula, Américo Pires de Lima, António Salgado Júnior, Galiano Tavares, Fernando L. M. Zamith, Alexandre Rodrigues, Rómulo de Carvalho, Cândido P. Forjaz, Roger Gal e Francisco Dias Agudo.

Alguns destes, colaboram regularmente:

– Até 1940: J. H. Barata, Alfredo Carvalho, Jaime Magalhães Lima, A. Riley da Mota e Luís Teny;

– Apôs 1951: Adriano Nunes Almeida, Fernando Pinho Almeida, Maria Teodora Alves, António Simões Capão, Fernando V. Peixoto da Fonseca, José Machado Gil, Elviro da Rocha Gomes, Virgílio Lemos, Basílio Lopes, Carlos Montenegro Miguel, Maria Alda de Lima Monteiro, Orlando de Oliveira, José de Almeida Pavão Júnior, Abílio Alves Perfeito, Guilherme Pimentel, José Pinho Soares, Manuel Joaquim de Sousa Ventura e Evaristo Guedes Vieira. De forma esporádica participam:

– Até 1940: Mário Alcântara, M. Adrião Amado, António F. Botelho, João Brás, Agostinho Campos, Alberto Candeias, D. Juan Carandell, Norberto / 4 / Cardigos, João da Silva Correia, Mendonça e Costa, Gastão de Sousa Dias, Francisco de Sena Esteves, Albano Maria Fernandes, Joaquim Figanier, Tenório Figueiredo, Braga Paixão, J. J. Oliveira Guimarães, Rui Lapa, Viegas Louro, Álvaro Rodrigues Machado, António Machado, Augusto Reis Machado, Gaspar Machado, Armando Duarte Meio, Carlos Negrão,

José de Barros Nobre, Alberto Sá de Oliveira, António J. de Sá Oliveira, José Alves Oliveira, Seomara da Costa Primo, Manuel Oliveira, Carlos Eugénio Pereira, Alfredo Dias Pinheiro, Aurélio Quintanilha, Alberto da Silve ira Ramos, Feliciano Ramos, Serras e Silva, Raul Torres, José M. Queirós Veloso e Rafael Candel Vila;

– Após 1951: Alfredo Betâmio Almeida, Francisco Miranda de Andrade, Maria Eulália Balacó, Maria Beatriz Serpa Branco, José Cardoso, José Bettencourt Coelho, Amália Ferreira da Costa, Firmino Crespo, Mário Dionísio, João Abreu Faria, Maria do Céu Morais Faria, Albino Ferreira, António Gomes Ferreira, Maria do Rosário Neves Ferro, Mário Fiúza, Maria da Conceição R. G. Fonseca, Francisco Maria Gonçalves, Rui Grácio, António Augusto Lopes, Maria Manuela Cura Mariano, Carlos Alberto Marques, F. da Costa Marques, Américo da Silva Matos, José de Melo, António Dias Miguel, Ladislau Morais, José Neves, Amílcar Patrício, António Mário Pedro, João A. C. Pinheiro, Manuel da Conceição Pires, André Ala dos Reis, Mário de Vasconcelos e Sá, Alfredo Santos, Augusto Saraiva, Ilídio Sardoeira, Pedro Cunha Serra, JoeI Serrão, Francesco Sessa, Cristóvão Silva, José Carneiro da Silva, Luís Gonçalves da Silva, Túlio Lopes Tomás, Júlio Reis Torgal, Leôncio Urahayen, Augusta de Faria Gersão Ventura, Manuel Duque Viera e Manuel Elísio Dias Vieira.

A lista de colaboradores é muito mais extensa (só foram indicados os que assinam três ou mais textos), sendo composta fundamentalmente por professores e reitores liceais, secundados por docentes de outros graus de ensino, inspectores, orienta dores e responsáveis do Ministério da Educação Nacional. Por isto, e pelo facto de existir um índice geral por autores, somente assinalamos do grupo de colaboradores eventuais os nomes de Leite de Vasconcelos, Fidelino Figueiredo, Joaquim de Carvalho, Augusto Pires de Lima, Fortunato de Almeida, Orlando Ribeiro, A. de Amorim Girão, Rodrigues Lapa, Joaquim Veríssimo Serrão, Delfim Santos, José Hermano Saraiva e Hernâni Cidade.

 

OBJECTIVO

"(...) cumpre ao professor esforçar-se constantemente por melhorar, aplicando os mais sãos e racionais preceitos pedagógicos e didácticos modernos, e mostrar aos pais dos seus alunos, e mesmo aos estranhos, o que ensina e como ensina.

Foi este pensamento que deu origem a esta publicação. A ânsia do progresso, o desejo de aperfeiçoar o que julguemos defeituoso trouxe-nos a esta tentativa de revista liceal, que não é a primeira entre nós, mas que não tem antes de si outra com o mesmo carácter. Eis o nosso programa que, em poucas palavras, eloquentemente dirá o que temos em vista: aqui mostraremos até aonde vão os nossos esforços em ensinar e investigar; aqui exporemos o que pensamos da pedagogia e da didáctica do ensino secundário nos seus diferentes distritos; aqui publicaremos e discutiremos os diplomas oficiais que nos digam respeito; aqui defenderemos tudo quanto possa contribuir para o aperfeiçoamento do ensino secundário e para o engrandecimento da classe do professorado liceal; como meio de extensão de cultura, aqui inseriremos pequenos trabalhos e artigos científicos e pedagógicos, solicitados a altos espíritos de Portugal, e mesmo do estrangeiro; aqui, finalmente, daremos conta de tudo quanto se prenda com a vida interna e missão educativa do estabelecimento de ensino onde com um afinco e fé inabaláveis transmitimos conhecimentos e moldamos carácteres. [...]

Labor? Sem dúvida! Sempre temos levantado esta bandeira, ensinando e educando; é debaixo dela que nós queremos mostrar, a quem nos ler, como ensinamos e educamos e quanto nos vamos esforçando por que os clamores contra o ensino secundário se tornem cada vez mais débeis e, sobretudo, cada vez mais raros" (A Direcção, n.º 1, Jan. 1926) / 5 /

"Dissemos no último número desta revista, em Dezembro de 1931, sob o título Palavras finais:

"Cá ficamos, pois, à espera. Se, porém, outra revista não aparecer a substituir a Labor; se fracassarem os planos daqueles que, num legítimo direito que só merece aplauso, desejam imprimir novas directrizes ao órgão da classe na imprensa, a Labor reaparecerá com a mesma orientação, com a mesma modéstia em que tem vivido, seguindo o mesmo programa e moldada nos mesmos princípios que sempre a no11earam nesta, então, primeira fase, mas não será jamais órgão oficial da Associação. Compreendemos o momento que passa. Há a isenção precisa para deixar campo livre a todas as actividades; há braços abertos para receber os que vierem continuar a obra que encetámos e ã qual demos o melhor da nossa dedicação e do nosso esforço".

Um ano lectivo passou e nenhuma revista, editada por professores do ensino liceal, veio substituir a Labor [...]

Não temos a veleidade de pretender pôr todo o mundo de acordo; impossível que as nossas opiniões tenham o assentimento unânime do professorado; mas quem discordar pode fazê-lo nas colunas da Labor. Não somos infalíveis [...]

Funcionários do Estado, como somos, se temos de apreciar e analisar a obra dos nossos superiores hierárquicos – o que algumas vezes não nos é permitido – dois riscos igualmente graves nos assaltam: se louvamos, a classe apoda-nos de servis; se combatemos, as instâncias superiores olham-nos como indisciplinados. Mas a classe não raciocina sobre estes factos, não analisa a nossa situação e julga-nos, quase sempre, com um critério simplista. Uns querem que a Labor seja um órgão de ataque, uma espécie de Batalha; outros pretendem que a revista apoie incondicionalmente tudo quanto os governos se lembram de decretar; outros ainda desejam que uma publicação desta natureza se mantenha alheia a críticas e conserve um carácter puramente doutrinário, estritamente pedagógico.

Se procurássemos, nos nossos escritos, pôr de lado o que pode molestar e ferir interesses particulares, tudo o que vai contrariar a lei do menor esforço, calar o que merece repulsa e indignação, seríamos fatalmente conduzidos a despir a revista de todo o interesse, para a transformar num órgão incolor, amorfo, insípido, sem vida, de aspecto puramente burocrático.

Continuaremos, pois, na mesma orientação anterior, apenas mais calmos na nossa maneira de apreciar os factos, mais cônscios da nossa autoridade moral, mais aferrados ao interesse colectivo, o Único que guiará os nossos passos, dirigirá os nossos actos, orientará as nossas opiniões. Procuraremos, dentro das nossas possibilidades, criar melhor ambiente ao professorado liceal e combater o sistema de desconfiança que tem gerado parte da nossa legislação sobre o ensino secundário. […]

A Labor não é uma empresa financeira. O nosso objectivo é servir a classe do professorado – a sua parte sã, entenda-se – e o ensino secundário nacional. Para isso trabalharemos sem descanso, reclamando para a classe todas as regalias justas, de ordem moral e material, e para o ensino um melhor aproveitamento de todas as actividades num sentido mais equitativo e humano.

 

O nosso fim é que a Labor seja um órgão de trabalho em comum, onde os professores comuniquem as suas impressões, as suas dúvidas, os seus desejos, as suas discordâncias, as suas opiniões; em suma, onde o trabalho, em todos os seus aspectos, encontre a sua expressão mais imediata e completa.

A classe desinteressa-se. A classe prefere a apatia em que vivia antes de 1926 e o silêncio em que mergulhou durante o ano lectivo findo, abandonando ã indiferença todos os problemas vitais que lhe dizem respeito? Ou o professorado liceal quer reagir novamente, deseja continuar a trabalhar, a possuir uma voz na imprensa que diga as suas aspirações, os seus anseios, os seus clamores?" (A Direcção, ano 7, n.º 39, Out. 1932).

 

"Parecia, portanto, que cada vez mais se afastava a hipótese de a revista tornar a ver a luz dos prelos, mas tal não aconteceu: no princípio deste ano lectivo, o prof. José Augusto Teixeira, um novo cheio de fé e entusiasmo pelos assuntos da / 6 / Educação e da Cultura, repetidas vezes instou junto de mim para que a antiga revista, ainda não esquecida, de novo viesse afirmar ao Governo e ao País a vitalidade, a nobreza, a competência e a cultura da nossa classe.

Cedi; e, troca das impressões com o meu antigo camarada na direcção da revista, ficou assente que ela reapareceria, se a classe, assinando-a, lhe garantisse vida desafogada. Ora é gratíssimo verificar e afirmar que de quase todos os Liceus mereceu a iniciativa os mais calorosos aplausos e o mais decidido apoio.

Por vontade da classe, pois, ei-la de pé! Dos benefícios que dela resultarem partilharão todos os professores, mesmo aqueles que não queiram ou não possam acompanhar-nos.

A orientação da nossa revista é a mesma da antiga Labor: independência de juízos e de opiniões; predominante afirmação de cultura; desejo, muito sincero, de colaboração com as entidades oficiais na resolução de problemas pedagógicos; crítica construtiva perante diplomas oficiais; informação do que em matéria cultural ou de actividades circum-escolares se vai fazendo em todos os liceus da Metrópole, das Ilhas e das Províncias Ultramarinas; defesa dos legítimos interesses de uma classe que, em geral, se tem imposto por trabalho valioso e honesto" (José Pereira Tavares, ano 15, n.º 111, Mar. 1951).

 

CONTEÚDO

Revista fundamental para o estudo da imprensa pedagógica no século XX, Labor revela-se também importante para algumas questões ligadas ao ensino liceal. Surgindo nas vésperas do "Golpe Militar de Maio de 1926, este periódico só viria a desaparecer – pesem embora as suspensões que conheceu – alguns meses antes do fim do regime que sucede à Ditadura, apresentando a característica singular de não ser uma publicação editada por qualquer dos órgãos dirigentes da política do Estado Novo. Tendo saído da iniciativa de um grupo de professores do ensino secundário, tenderá a afirmar-se como voz autónoma na defesa dos interesses socioprofissionais do professorado e como contributo essencial dos docentes para o progresso deste grau de ensino. Saliente-se ainda que estas características globais adquirem, com o tempo, matrizes diferenciadas a que não são, aliás, alheias as duas interrupções ocorridas.

Assim, se aparece como uma "revista trimestral de educação e ensino e extensão cultural", rapidamente acrescentará ao subtítulo a designação de "órgão provisório do professorado liceal". De facto, Labor participa no espírito de uma fase a que, mais tarde, Mário de Vasconcelos e Sá chamará, num artigo datado de 1965 sobre os congressos de 1927 a 1931, "a idade de ouro do ensino liceal". É a partir dessa ligação íntima entre a revista e os professores do ensino secundário que, de resto, se entende a primeira "suspensão forçada" da revista. Esta ideia é corroborada pelo depoimento de Álvaro Sampaio na comemoração do 40.º aniversário, quando escreve que essa interrupção surgiu "em virtude de o Congresso de Coimbra, o V do professorado liceal, ter aprovado a proposta de uma colega, no sentido de criar-se uma revista que fosse o órgão dos professores dos liceus, quando é cel10 que, nessa altura, a revista era de facto, o órgão oficial da classe" (n.º 244, Jan. 1966). Quando reaparece em Outubro de 1932, Labor reformula parte do seu complemento de título. Reafirma todavia o propósito de ser a "voz na imprensa" das reivindicações e anseias dos professores liceais. A continuidade formal confirma esta pretensão, mas os artigos relativos aos "interesses do professorado" passam a ocupar um número consideravelmente menor de páginas da revista. Dificuldades na gestão financeira e o aparecimento do boletim oficial “Liceus de Portugal” explicam o fim da segunda série. O "editorial" do n.º 110 (Jun. 1940) é elucidativo: "À semelhança da Escola Portuguesa, órgão do Ensino Primário, todos os professores, mesmo aqueles que nunca assinaram a nossa revista, quererão receber o novo Boletim, motivo bastante para que a Labor dê por terminada a sua acção, porquanto os professores dos nossos liceus, ratinhamente distribuídos como estão, alguns vivendo mesmo em situação af1itiva, não podem sustentar, como é óbvio, duas revistas". / 7 /

O segundo reaparecimento ocorrerá cerca de onze anos mais tarde. As iniciativas de José Augusto Teixeira junto de José Tavares e as suas negociações com responsáveis do Ministério – Fernando A. Pires de Lima (ministro), António A. Pires (director geral) e Francisco Prieto (director-geral interino) – possibilitaram a continuação de Labor, que se iria manter até 1973, mesmo após o afastamento de José A. Teixeira em 1971. Nestas duas últimas séries, a revista não abandonará o tom crítico e relativamente independente. Nota-se, contudo, que existe uma tendência gradual para privilegiar os objectivos informativos em detrimento da análise dos problemas profissionais do professorado.

Tendo em conta o que já foi referido, pode afirmar-se que o conteúdo de Labor abrange tudo o que ao ensino liceal/secundário diz respeito entre as datas assinaladas: revista de "extensão cultural", divulgando trabalhos científicos e pedagógicos com a intenção de desenvolver as capacidades de ensino e investigação dos professores, função esta que se estende ao domínio da didáctica aplicada; periódico de "defesa do ensino secundário e engrandecimento dos professores", publicando neste sentido diplomas oficiais e dados relativos ã história e vida interna de quase todos os liceus. É evidente que fenómenos circunstanciais produzem alterações no equilíbrio dos assuntos, mas para descrever tal situação deverá atender-se aos momentos fundamentais por que passou esse nível de ensino, tarefa que não se enquadra nos parâmetros deste Repertório.

 

Pelo facto de Falcão Machado ter organizado, em 1974, um índice geral (ordenado por autor e título com eventuais apontamentos temáticos) e pelas razões apontadas, indicaremos somente as secções e assuntos predominantes, dividindo-os em quatro grandes áreas.

 

A primeira área engloba as secções (regulares) que integram trabalhos de divulgação científica, relativos à preparação docente e ao seu trabalho de investigação: "Filologia, etnografia, crítica, filosofia, Ciências Histórico-Geográficas" e "Ciências Matemáticas, Ciências Físico-Químicas, Ciências Histórico-Naturais". Neste espaço publicam-se artigos de actualização de conhecimentos, de aplicação didáctica, de inserção curricular de matérias culturais científicas, de assuntos complementares à educação formal (literatura infantil e teatro) e de natureza educacional (biografias de autores pedagógicos, aspectos históricos do ensino liceal e das ciências aplicadas ao ensino).

 

A segunda área, "Interesses do professorado", é bem o paradigma das tendências evolutivas do periódico. Inicialmente aborda tudo o que se relaciona com a política educativa (nomeadamente no âmbito docente) e com as perspectivas e debates em torno dos professores, a situação assistencial, salarial, representativa, formativa e de colocação do corpo docente são constantes até 1932. Após esta data, os problemas da assistência e formação ganham predominância. Depois de 1951, estes temas são abandonados, ficando a secção reduzida ao "movimento oficial". Todavia, após meados de sessenta, as questões de formação, estágios e exames serão retomados com algum desenvolvimento, nomeadamente aquando dos projectos de reforma.

 

A terceira área, "Pedagogia e didáctica – Higiene e medicina escolar – Educação Física e Canto Coral", é talvez a que ocupa um maior peso global na revista. Aí encontramos, essencialmente, textos sobre a organização curricular e gestão de programas, os meios e métodos de ensino, os exames e sua discussão (um dos temas mais constantes), a educação física, moral, cívica e sexual, as várias correntes pedagógicas e o seu significado em Portugal, a história do ensino e da organização dos professores liceais, as correntes de reforma do ensino no estrangeiro e em Portugal, as características psicossociológicas de alunos e professores, etc. Após 1932, encontramos alguns textos que incidem nos problemas socioeconómicos e de formação do corpo docente, sendo óbvio que, a partir de 1951, é para esta área que transita a abordagem dos "interesses do professorado"; / 8 /

Finalmente, numa quarta área, deparamo-nos com uma série de rubricas, nomeadamente:

– "Vida Oficial", até 1931 inserida em "Interesses do professorado", é uma secção de apoio jurídico e informativo que contém dados relativos ao "movimento dos professores" e publica esporadicamente diplomas referentes à formação, colocação e funções dos docentes;

– "Liceus e colégios" inclui dados respeitantes às instituições do ensino secundário, que abrangem a origem e evolução do liceu ou colégio, mapas do pessoal docente e quadros de frequência;

– "Bibliografia" e "Vária" são secções regulares do periódico a que se acrescenta uma frequente primeira página de "obras recomendadas";

– Por Último, existem secções de duração efémera, tais como "Crónica do estrangeiro", "Ecos e Notícias", "Pontos de Exame" e "Necrologia" (maioritariamente alusiva a professores).

 

Além das secções referidas, Labor oferece ainda alguns artigos em jeito de editorial (normalmente no princípio e no fim de cada ano de publicação) contendo apreciações sobre a situação do ensino liceal, reportadas a um momento específico, e balanços breves da vida da revista. Aparecem ainda publicados inquéritos sobre várias questões da educação e uma lista regular de representantes da revista em liceus e colégios. A contracapa é, por vezes, utilizada para publicitar livros, editoras e material escolar. Anotem-se, por último, duas informações que facilitam a consulta e leitura da revista: a existência, além do índice geral já mencionado, de índices anuais, organizados por autor e título, interrompido entre 1957 e 1960 e retomados já só com indicação de autores; e a publicação de um número comemorativo do 40.º aniversário de Labor (n.º 244, Jan. 1966).

 

Transcrição da entrada "LABOR" em A Imprensa de Educação e Ensino: Repertório Analítico (Séculos XIX-XX / dir. António Nóvoa. – Memórias da Educação; 1) ISBN 972-938014-7; Instituto de Inovação Educacional, Lisboa, 1983 [p. 581-585]