Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis

Há 64 anos, fundava-se a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira da Azeméis. E logo em 1927, por portaria de 7 de Dezembro desse ano, era considerada de Utilidade Pública.

Entre os seus múltiplos galardões, contam-se a Medalha de Ouro, com duas estrelas, por serviços distintos, concedida pela Liga dos Bombeiros Portugueses, a Medalha de Prata da Sociedade Protectora dos Animais, a Medalha de Ouro da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa e, entre numerosos e justos louvores, conta os das Câmaras Municipais de Arouca e Águeda, o primeiro pela eficientíssima actuação no fogo do Convento que ameaçou destruir em 1935 o valioso edifício arouquense, monumento nacional, e o segundo pela defesa das povoações de Agadão e Belazaima, gravemente ameaçadas pelas chamas que irromperam nas matas do Caramulo em 1955.

Sempre servida por elementos directivos activos que muito por ela se sacrificaram, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis tem hoje a comandá-la a figura prestigiosa de Ramiro Marques Ferreira Alegria, que, desde o seu alistamento, tem dado provas de inexcedível devotação, aprumo e competência, ocupando, além do mais, lugar cimeiro na lista dos dadores de sangue do Distrito. Ao Comandante Ramiro Alegria se deve, em muito, a magnífica unidade dos Bombeiros distritais.


Bombeiros Voluntários de Ovar

Por João Arada e Costa

Os pavorosos incêndios por vezes deflagrados e que o esforço do povo não conseguia debelar, sobretudo os da costa do Furadouro, que tantas vezes tornaram o seu aglomerado de típicos palheiros num braseiro dantesco, levaram no fim do século passado um punhado de homens bons da nossa terra a fundar uma Corporação de Bombeiros.

Na velha loja do Calma, ali na Praça, e nas boticas deste velho burgo vareiro, era o ponto de cavaqueira dos tempos de outrora. Ali paravam os bacharéis, o recebedor da Fazenda, o Juiz da Comarca e os literários, que felizmente os tivemos.

Pois, foi precisamente na loja do Calma que, pelo fim do ano de 1895, se forjou uma união de homens, cujo juramento foi servir o bem comum.

E o seu propósito firme foi levado a cabo a 24 de Maio de 1896 ao fundarem a Humanitária Corporação dos Bombeiros Voluntários de Ovar.

Quem foram os fundadores?

A João José Alves Cerqueira, que não sendo filho desta terra muito a amou, dando-lhe toda a sua vitalidade, quer no meio artístico − de que era mestre − quer nas suas iniciativas, e aos vareiros dos quatros costados que viveram e sentiram como Alves Cerqueira, Drs. António dos Santos Sobreira e João Maria Lopes, Frederico Ernesto Camarinha Abragão e Francisco Marques da Silva e Costa se deve a sua fundação.

Abrem o seu livro de contas com a quantia de 589$740 réis, produto alcançado com récitas levadas a efeito no velho Teatro Ovarense, onde os fundadores eram talentosos amadores, bazares e subscrições públicas, seguindo-se a verba de 4$300 réis, referente à jóia dos nove primeiros sócios, dentre as quais se segue aos fundadores o Dr. Joaquim Soares Pinto.

No dia seguinte exaram a primeira acta, que nos dá a clareza e luzeiro que os guiará no caminho do amor pelo próximo.

Elaboram os estatutos que são aprovados pelo Governador Civil de Aveiro, em 20 de Julho de 1896.

À casa Guilherme Gomes Fernandes & C.ª, do Porto, fazem aquisição de uma bomba, mangueiras, baldes de lona, escada, capacetes, charlateiras, cintos de gala, etc., pelo que assumiram contrato caucionado com a quantia de 500$000 réis.

Recrutam-se voluntariamente os primeiros bombeiros que, além dos fundadores, são: 1.º Comandante, Dr. Joaquim Soares Pinto; 1.º Patrão, Dr. António dos Santos Sobreira; Manuel Gomes Pinto, José Luís da Silva Cerveira, José Marques da Silva e Costa, José Ramos, Carlos Ferreira Malaquias, António Augusto Freire de Liz e Justino de Jesus e Silva. / 34 /

É nomeado Capelão o Padre José Maria Maia de Resende.

As primeiras instruções são dadas pelo nosso conterrâneo, Tenente de Artilharia, Bernardo Barbosa de Quadros.

Logo em 1 de Outubro se dá o baptismo da briosa Corporação num incêndio que deflagrou ao Norte do Furadouro.

Gastaram com os carros de cavalos de Constantino Gomes de Pinho e serviço de ajudantes: 8$375 réis.

No entanto, o número de voluntários vai subindo, e no jornal local “A Discussão” corre uma subscrição que dá 10$500 réis; a Companhia de Seguros «A Confiança Portuense», concede-lhe 9$000 réis.

E tudo se vai preparando para a inauguração oficial da Corporação, vindo dar as instruções finais o Comandante dos Bombeiros Voluntários Portuenses.

Foi-lhe oferecido pelos seus relevantes serviços uma abotoadura de oiro que custou 13$500 na Ourivesaria Gomes Pinto, e esteve hospedado na velha Estalagem da Ana Painço, que, além destas funções, era proprietária de luxuosos carros de cavalos e do chamado «Carro Americano», que ficou imortalizado nas trovas do nosso povo, e pagaram-lhe 7$700 réis.

Chega finalmente o dia 1 de Janeiro de 1897!

No Teatro Ovarense, que em breve seria património da novel Corporação, em magna Assembleia Geral, é inaugurada oficialmente a Humanitária Associação dos Bombeiros Voluntários de Ovar.

Foi presidida pelo primeiro presidente da Assembleia Geral, Dr. António dos Santos Sobreira, a ela assistindo a Real Associação dos Bombeiros Voluntários Portuenses e grande número de pessoas de todo o nosso concelho.

A acta da posse oficial da Direcção foi assinada pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, seguindo-se o 1.º Patrão dos Bombeiros Voluntários Portuenses, os fundadores, os sócios activos e ainda por quarenta pessoas das mais destacadas categorias sociais de Ovar.

De seguida, em luzido cortejo, impecável formatura, à frente do qual seguia o estandarte da Corporação primorosamente bordado por mãos de gentis senhoras vareiras, todo o Corpo Activo e Direcção dos nossos bombeiros. Associações ali representadas e muito povo, para a igreja matriz, onde foi cantado um imponente Te-Deum por quinze sacerdotes e a banda Ovarense. Do alto da escadaria o pároco, Dr. Alberto de Oliveira e Cunha, aspergiu o hissope e benzeu a Corporação e todo o seu material.

Estava, assim, assente, em firmes alicerces, tão simpática corporação.

Foi tão grande o seu incremento e acção que a tornou considerada entre as melhores congéneres do distrito.

Surgem por todos os lados os protestos da maior simpatia e auxílio monetário, pois nunca foi desmentido o brio, o bairrismo e a generosidade deste bom povo.

Acorrem ainda as Companhias de pesca de xávega do Furadouro, denominadas S. Pedro, Nosso Senhor dos Esquecidos, S. Luís, Nossa Senhora do Socorro e S. Domingos, a darem-lhe um quinhão em todo o seu produto de pescado.

Na senda da sua acção humanitária, em 1 de Maio de 1909, organizam um bando precatório a favor das vítimas da catástrofe de Benavente, Samora Correia e Salvaterra de Magos, cujo produto cobriu dois contos de reis. O mesmo continuaram por mais vezes.

Na sua vida de relação fazem visitas de cortesia e amizade, levando o nome desta querida Ovar a diversos pontos do País. Basta lembrar a de 1909 a Viana do Castelo.

As notícias do tempo dizem-nos que «a princesa do Minho recebeu a Corporação dos Bombeiros de Ovar e a sua embaixada, numa forma bizarra e altamente fidalga, não só pelos seus habitantes como nomeadamente pela sua briosa Corporação de Bombeiros».

Em 1913, novos ventos dão a reforma aos seus Estatutos, agora constituídos por oito capítulos e 45 artigos e aprovados pelo Governador Civil de Aveiro, Alberto Ferreira, em 21 de Dezembro do mesmo ano.

Ainda neste ano, a Irmandade de St.º António concedeu-lhe autorização para que, nas traseiras da sua Capela, seja instalado um esqueleto de ferro para exercício de escalada.

A sua primeira Sede funcionou num armazém à rua de Santo António, cedido pela Câmara, até à construção do novo e actual edifício quartel-sede.

E assim se foram rodando os anos até 1926, ano em que se dá novo impulso à Corporação, adquirindo-se apetrechamento de material dentre o qual um moderno pronto-socorro.

Em 1928 é aberto concurso para a construção do novo quartel-sede, sendo adjudicada a mão-de-obra de trolharia a Agostinho Macedo por 11.400$00, e de igual modo a carpintaria por 4.250$00 a Augusto Tavares − o Florinda − e António Tavares Fonseca.
A sua inauguração, com grande pompa, efectuou-se no dia 6 de Abril de 1929, a ela assistindo deputações dos Bombeiros Voluntários do Porto, Bombeiros Voluntários Portuenses, Companhia de Salvação Pública Guilherme Gomes Fernandes, de Aveiro, Bombeiros Voluntários de Espinho, Espinhenses, de Espinho, Oliveira de Azeméis, Estarreja, / 35 / Vila da Feira, Arrifana, S. João da Madeira, Ílhavo e Vila do Conde.

O custo total da obra foi coberto com subsídio da Câmara, subscrição pública e cortejos; a compra do mobiliário, bilhares e outros apetrechos foram adquiridos por emissão de acções, na sua totalidade oferecidas pelos seus possuidores à Associação.
Actualmente está bem apetrechada com um carro nevoeiro, dois pronto-socorros e carro ambulância.

É seu Comandante o senhor Capitão Manuel Pardo de Oliveira; 1.os Subchefes Manuel Ferreira Regalado e Manuel Marques, encontrando-se vago o lugar de ajudante de Comando pelo falecimento do dedicado e saudoso sócio activo José Augusto Ferreira Malaquias.

Curvemo-nos respeitosos ante a saudosa memória dos fundadores e de todos os que lhes deram continuidade!

Honra e valor para os que continuam o seu caminho traçado há setenta e quatro anos!

Preparemo-nos, condignamente, para as suas Bodas de Ouro!

 

Bombeiros Voluntários da Pampilhosa

Desde 29 de Agosto de 1926, o Corpo de Salvação Pública denominado Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Pampilhosa, quer na freguesia onde se ergue o seu quartel, quer noutros pontos do distrito de Aveiro, quer fora dele − particularmente em zonas distritais de Coimbra, que imediatamente lhe ficam a norte − tem desenvolvido notável actividade, não só pelo seu Serviço de Incêndios, mas ainda pelo seu específico Serviço de Saúde (Cruz Roxa).

Dois dos elementos do seu Corpo Activo permanecem em gloriosa memória: Francisco Henriques, que faleceu em 11 de Novembro de 1930, durante o ataque a um grande incêndio na Pampilhosa; e Mário da Silva Henriques, que caiu em combate, no dia 1 de Janeiro de 1969, em terras de Angola.

Um dos fundadores desta Associação merece uma especial palavra de apreço e reconhecimento: o Sr. Joaquim da Cruz, que devotadamente e durante largos anos proficientemente desempenhou responsabilizados cargos, quer na Direcção, quer no Comando.

O Corpo de Salvação Pública da Pampilhosa foi cronologicamente o primeiro na comarca de Anadia.



Bombeiros Voluntários de S. João da Madeira

S. João da Madeira, de diminutas proporções territoriais no vasto rectângulo distrital de Aveiro, dir-se-á que, por sua grandeza, progresso e dinamismo dos seus filhos, não pode caber em tão acanhadas fronteiras geográficas.

Ali se fundou a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários no ano de 1926, a qual teria Estatutos aprovados dois anos depois, diploma refundido e actualizado em 10 de Dezembro de 1957.

No seu quartel-sede, que foi construído no decurso dos anos de 1937 a 1943, mantém-se um piquete pronto, em cada noite, a acorrer imediatamente aos locais de sinistro.
 

 

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