Escola Secundária José Estêvão, n.º 7, Jun.- Jul. de 1992

Aquele bafiento biombo da peculiaridade da área disciplinar, com resquícios de manutenção em foro privado dum bem que socialmente deveria ser público, foi muitas vezes usado como obstáculo à cooperação interdisciplinar.

Mas a legitimação que suporta a actual Reforma Educativa (DL 46186, Desp. 142/ME/90, etc.) derrubaram aquele biombo, autêntico "muro da vergonha", invertendo certa "sabedoria popular". A partir daquela derrocada e já legalmente implementada, jamais poderá ser julgado por "sábio" aquele que ficar "calado".

Os "Princípios Orientadores da Acção Pedagógica (3.º ciclo)" publicados pelo Ministério da Educação referem-se à globalidade das disciplinas, evidenciando uma acção educativa interdisciplinar e não restringida à disciplina A ou B.

«Ao definir os objectivos do ensino básico, em coerência com os princípios gerais que devem reger o sistema educativo, a Lei de Bases apontou um conjunto de directrizes que vieram reflectir-se em todos os níveis do desenvolvimento do currículo.

O conjunto de princípios e orientação incide globalmente sobre todo o processo educativo.

...a valia-se para regular o que se ensina / o que se aprende e não para sancionar os resultados terminais da aprendizagem. O sistema de ensino não se finaliza em si próprio, mas antes existe para servir a realização integral do aluno, como sujeito consciente, autónomo e socialmente interveniente, princípio que deverá cumprir-se por inteiro no ensino básico, na medida em que ele constitui para muitos jovens a única escolaridade, finda a qual ingressarão na vida activa, assumindo também responsabilidades de cidadania.

O aluno é o sujeito da aprendizagem, não o objecto do ensino.

As experiências de aprendizagem terão de adequar-se aos estádios de desenvolvimento cognitivo e moral dos alunos, solicitando a sua continua progressão (1).

A ênfase do processo de ensino-aprendizagem reagirá sobre o domínio de processos e o desenvolvimento de aptidões que habilitem os alunos para a resolução de problemas e a adaptação flexível a novas situações (2).

As aquisições cognitivas deverão proporcionar uma formação de base em contextos significativos e estimuladora da auto-formação. (3)

As actividades educativas privilegiarão o desenvolvimento da personalidade do aluno, visando o seu equilíbrio físico e sócio-afectivo e a consolidação de atitudes e valores de autonomia e solidariedade. (4)

As actividades escolares devem articular-se estreitamente com a vida, o meio e o mundo do trabalho. (5)

A adequação das experiências ao nível de desenvolvimento dos alunos é condição necessária da construção de aprendizagens estruturadas e significantes (6)

As programações curriculares, ao estabelecerem os objectivos de ensino / aprendizagem para uma dada etapa da escolaridade, tomam por referência o estádio de desenvolvimento cognitivo que caracteriza genericamente as crianças ou os jovens na respectiva faixa de idade (7). Todavia o professor terá, não apenas de conhecer as estruturas e os mecanismos cognitivos inerentes a cada estádio, mas também de identificar em qual dos estádios se situam individualmente os alunos (8).

Experiências e Actividades adequadas significa que a realidade com que o aluno é confrontado se ajusta aos seus esquemas de conhecimento ou então é capaz de suscitar a sua modificação e o seu reajustamento. (9)

Para assegurar a evolução intelectual do aluno, importa menos o conhecimento das respostas e soluções do que os passos desenvolvidos para alcançar a resolução de uma situação problema. (10)

O professor será antes de tudo um problematizador... mas terá de preocupar-se logo de imediato, com os caminhos que conduzem à descoberta dos problemas. (11)

O que se afirma é transponível para os planos da expressão criativa, destrezas físicas e manuais. O que importa é que o aluno seja o sujeito activo de apropriação de processos, de modos de pensar e de fazer (12).

As aquisições cognitivas, quando concorrem para uma sólida formação de base, alicerçada em contextos significativos, constituem um meio privilegiado para a intelecção da realidade (13).

É possível emprestar ao conhecimento um grau elevado de significação se os conteúdos se apresentarem inseridos em campos estruturados de relações (14). Mais do que adquirir informação, o que se toma urgente é que o aluno aprenda a procurá-la e a utilizá-la, habilitando-se para prosseguir no futuro de forma continuada a sua auto-formação (15)

É necessário que cada disciplina prossiga o desenvolvimento harmonioso de um amplo leque de aptidões e atitudes. Para além disso, que a própria escola no seu todo se tome num centro de interacção multidisciplinar (17)» (Adaptado de textos do ME)

O texto anterior foi intencionalmente montado com fragmentos identificados por números. E a finalidade é propor-lhe o passatempo "pedagógico" seguinte: "É BOM OBSERVADOR?!"

- Então a chave apresentada a seguir e onde são mencionados psicopedagogos da aprendizagem. Nos seus trabalhos encontram-se ensinamentos que facilitarão a nossa inserção, como professores, no desenvolvimento da reforma educativa.

CHAVE:

(A) - Ausubel, D. – (B) - Buner, J. – (C) - Driver, R. – (D) - Novak, J.  – (E) - Piaget, J. – (F) - Tavares, J. – (G) - Witkin, H.

Passatempo proposto:

"Seleccionar números do texto anterior para uma relação com as letras da chave fornecida. "

Nota final: A sua auto-avaliação poderá sugerir-lhe pistas para eventuais leituras.

Manuel Ferreira,
Julho 92

 

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

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