Escola Secundária José Estêvão, n.º 25, Novembro de 1999

ISSN: 0873-3082[25]

Aliás, adv. (do Lat. alias) 1. De outra forma; de outro modo; se não; de outra maneira. 2. Ou por outra. 3. Diga-se de passagem. 4. Por outras palavras. Conj. Quando não; se assim não for.

aliás

Escola Secundária José Estêvão

N.º 25 Outubro 1999 – área-escola

Redacção e composição:

Arsélio Martins

Este Aliás devia ter sido publicado até Julho de 1999. Não conseguiu sair nessa altura. Pedimos desculpa aos alunos e professores que o fizeram. Esperamos que seja útil para este ano no que respeita à área escola.

entre nós, uma comunidade...

Mulheres – umas finas como os juncos, outras corpulentas como árvores de fruto – andam de um lado para o outro enquanto os filhos brincam no carreiro do jardim que dá para a casa comum. Os homens continuam sentados no banco do jardim e têm medo de pular a cerca invisível que os separa da casa em que sabem que os filhos dão os passos da rosca que a vida vai sendo. Esses murmuram segredos terríveis sobre os homens que saltaram a cerca e dão as mãos aos filhos. Nunca saberemos quando começa a comunidade e onde ela se separa dos outros, os que não fazem parte.
 

Aliás, não chegaremos a saber se há alguém que fica de fora ou se pensamos que ela é separada do resto, porque o resto não está lá quando olhamos. Perguntámos à nossa comunidade que comunidade é e que comunidade quer ser ou, por outras palavras, perguntamos que lhes falta para serem a própria casa aquela que é feita de betão e máquinas e de gente que a habita. Como se sentem os que habitam a casa comum, a escola onde crescem as perguntas que se fazem enquanto é tempo de fazer perguntas. Uns dizem que as salas deviam todas poder ser os laboratórios da água corrente ou rios onde pudessem lavar a roupa e meter conversa com os professores que se escondem atrás dos solilóquios que atiram para o vazio como quem atira palavras e pedras contra a tensão da superfície dos lagos e espelhos; outros pedem o céu azul para enfeitar os tectos e há até quem diga que assim é que está bem e se alguma coisa falta não é coisa que se possa pedir a uma escola ou a uma cidade e que o que parece que falta à nossa vida, falta à cidade que respiramos. Neste número do Aliás trata-se da prática da área-escola vista pelos olhos dos estudantes e dos professores que a quiseram ler e a quiseram mostrar aos outros. E este círculo virtuoso que aqui se mostra: (vi)ver, mostrar, olhar e apreciar a paisagem como foi construída naquilo em que são as nossas mãos construtoras laboriosas e os nossos pensamentos são ligações nervosas e as nossas relações são a teia em que descansamos dos nossos medos e, pronto! Ponto.

 

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