Escola Secundária José Estêvão, n.º 23, Outubro de 1998

plano anual de actividades – 1998 / 1999


Introdução

Em 1997/98, para além da actividade normal e daquela que especialmente ficou definida pelo seu plano de actividades, os órgãos da escola começaram a preparar ou a estudar o futuro – em especial, o projecto educativo da escola. Uma parte importante do Conselho Pedagógico – secção do projecto educativo dividida em comissões especializadas de estudo e de recolha de dados e informações dedicou todo o seu tempo a esse estudo. Enquanto isso, a escola cumpria o seu papel e um outro plano todo em tomo do tema dos Direitos Humanos. As apresentações feitas pelas turmas e pelos clubes nos dias 2 e 3 de Abril passados mostraram como o plano foi bem sucedido. O conjunto dos pareceres da secção de formação sobre os estágios, bem como a sua intervenção nas reuniões do Centro de Formação deixou um rasto de evidência sobre o que pode ser feito bem nesse domínio. Ao mesmo tempo, demos vida a vários serviços que confirmaram a possibilidade de prestar serviços de educação e ensino a outros níveis - o pólo de S. Jacinto aí está como retrato da outra face possível para a escola e como pista para futuros desenvolvimentos de serviços à medida das necessidades das comunidades da área de influência da escola.

O estudo das Comissões especializadas veio demonstrar que não era possível cumprir no prazo de um ano as expectativas relativas ao conhecimento da escola e às definições do seu futuro. Em Março, o Conselho Pedagógico desistia de considerar possível iniciar, num nível superior de instalação, o processo de transição para o novo modelo de gestão e adiava para o ano que vai começar a apresentação, para discussão na comunidade escolar, das definições de futuro. O próximo ano é, portanto, o ano da instalação do novo modelo de gestão mas na base dos órgãos existentes em funcionamento.

Ao mesmo tempo, as alterações políticas decorrentes das eleições autárquicas vieram trazer algumas novidades ao nível da relação da escola com as autarquias. Principalmente, trouxe um novo tipo de relacionamento: para além das relações habituais, a Junta de Freguesia da Glória passou a chamar as escolas para o desempenho do papel de parceiras de política, de definição e execução de políticas de animação cultural da comunidade envolvente da escola. A participação activa da Junta promoveu a necessidade de localizações temporais das iniciativas da escola e o imperativo de tomar públicas as suas intenções para a Junta, para as outras escolas e instituições. É esta dinâmica bem expressa em documento da Junta que tomou necessária esta definição de plano anual bem mais cedo do que o habitual. As organizações da escola viram-se obrigadas a pensar a sua actividade para o ano seguinte num tempo em que as suas preocupações estão todas viradas para O encerramento de actividades do ano que finda. Este exercício teria de vir a ser feito mais tarde ou mais cedo: sem dúvida que é necessário para as escolas antecipar as suas intenções e iniciativas de modo a torná-las viáveis, começando pela determinação dos temas de trabalho, o que já se fez em anos anteriores, mas também pela aceitação de um quadro de resposta e exposição à comunidade (o que raramente se fez e se faz).  / 5 /

 

O tema geral

Há alguns anos atrás, defendeu-se que o tema geral prejudicava a iniciativa das turmas. No que respeita à actividade dos alunos interessava preservar o mais possível a autonomia da decisão relativa ao que fazer, bem assim como a possibilidade de fazer para as diferentes ambições ou capacidades. O ano passado veio demonstrar que as duas coisas são compatíveis: deixar que as turmas e dos estudantes ou mesmo alguns professores tenham o máximo de iniciativa e propor um tema geral, tão geral que diferentes grupos nele possam encaixar o seu nicho de interesse particular, tão geral que só ganhe sentido e profundidade com a produção das diversas intenções. Os direitos humanos constituiu uma escolha acertada. Cada turma, de acordo com a área de estudos ou interesses, encontrou formas de trabalho e subtemas mobilizadores: desde a bioética (clonagem, aborto, eutanásia...), malefícios da deriva industrial e direitos na arte ou na comunicação até à simples divulgação dos direitos da criança e denúncia das suas violações, os estudantes encontraram temas de estudo e reflexão que melhoraram a sua formação cívica e científica. E foi possível à escola, enquanto organização, influenciar o sentido das preocupações e preparar um clima favorável e compreensivo à comemoração dos 50 anos da Declaração universal dos Direitos do homem e os 25 anos do 25 de Abril. Sem constrangimentos, alunos do ensino básico e professores continuaram o seu trabalho dentro do projecto educativo europeu – sobre a indústria e as tradições culturais das zonas costeiras – tendo a escola recebido vários visitantes nacionais e estrangeiros – gregos, italianos, irlandeses e noruegueses – para assistir e participar na apresentação à comunidade das actividades desenvolvidas fora das aulas por todos os estudantes.

Para o ano que vai começar, volta a apresentar-se um tema geral e agora aparentemente muito limitado – a nossa escola.

As comissões especializadas do Conselho pedagógico recolheram dados e vão apresentar os seus estudos sobre a escola à comunidade. Necessário se torna que no próximo ano haja uma mobilização razoável para a participação nas definições da escola desde o projecto educativo geral até ao regulamente interno e outras definições mais finas.

O esforço de definição da escola não será conseguido se não houver uma mobilização da comunidade educativa para o que a escola é, o que faz, o que pode ser. É preciso, por isso, que os pais, encarregados de educação, personalidades e instituições da comunidade interessadas no desenvolvimento da escola e na melhoria dos serviços de educação da cidade foquem toda a sua atenção na própria escola e no seu papel.

Grande parte deste trabalho tem prazos bem apertados para ser feito. De facto, para que a transição se realize sem quaisquer sobressaltos é necessário regulamentar, em prazos certos, o funcionamento interno da escola, bem como produzir, discutir e fazer aprovar documentos orientadores da escola, com participação o mais ampla possível. Mas a produção e aprovação de documentos não significa apropriação pelos intervenientes do seu significado e muito menos a incorporação nas práticas. Vai ser necessário realizar um imenso trabalho de iniciação das partes às cartas dos direitos e deveres democráticos da participação na vida da escola. Vai ser necessário esclarecer e aprofundar cada um dos aspectos da actividade conhecida da escola, bem como desocultar aspectos que podem não ter estado visíveis até agora.
 

 

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