I
Saiu da assombração da
longa noite
E solto, em sonambulismo lúcido
Foi andando até ficar sem rumo
No desconforto da estrada do seu fim.
II
De súbito ouviu o frouxo
pio do mocho
Na alpendrada de uma outra dimensão
Mas não entendeu as vozes sonantes
Das preces, laudatórias, e cantochões
Que, a serpentearem pelas colunas da fé
Ofuscavam a melodia da harpa eólica
Nas acácias alinhadas no claustro.
III
Era o primeiro sinal
para a iniciação
Que deste modo se lhe oferecia
E temeroso deu o último passo
Porquanto já tinha o infinito dentro de si
Credencial para o mistério da Iluminação
Descrita nos pergaminhos dos profetas
Como a Lux Infinda, mãe de todos os sóis
O que isso seja no obscuro da razão
Desde as mil questões sem resposta
Ás oníricas pulsões dúbias, enigmáticas
Capazes de reduzirem a essência da vida
Ao grito existencial entre Eros e Tánatos
Acentuando a dolorosa angústia do ser
Enquanto matéria pensante mas perecível
Aspirante à libertação pela aura espiritual.
Julho de 2023 |