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Nas ondas, o baloiço da
fantasia
borbulha, enrola-se na espuma
descarta vozes indiferenciadas
convoca. em silêncio o sol no zénite
para esmaltar com a tez do bronze
os corpos apolíneos em doce sorna
acomodados no claustro do ócio
na intermitência de sonhos mornos
nimbados ora de rosa ora de roxo
sendo entrecortados pela vertigem
das enigmáticas e oníricas pulsões
estigmas de sublimações e traumas
com desfechos de incrível desconsolo.
O tempo correu pela crista das dunas
e dele restam sussurros, murmúrios
recordações de verões noutras praias
onde evocações de amores siderais
são a narrativa da liberdade inventada
no vaivém da rebentação das marés
a condensar filamentos de frustração
que o verão no vórtice do vento frio
guardará no rol de alegrias e tristezas
com o segredo de uma fuga sem danos
através da janela aberta da saudade.
Junho de 2022 |