Manhã tardia

 

A noite já rotineira, vai longa

escondida na brumosa escuridão

onde calados nos abrigamos

embuçados neste incrível manto,

o improvável e translúcido véu

cobrindo todos os nossos medos.

 

Esperamos a alvorada que não abre

a tão ansiada luz vivificante e sagrada,

aquela ditosa luz que nos abrigue e guie

pelos labirintos medonhos e sombrios

e nos deposite e guarde em segurança

no doce e tão ansiado colo da Ventura,

 

Ainda que tardio, venha pois, sorrateiro

o destino ou a sorte em cada manhã

a ferir e a rasgar o negrume do espectro

que nos intimida e sufoca sem dó;

que os Fados nos enlacem com Amor

libertando todas as alegrias sequestradas

que vivem enredadas nos liames da incerteza.

 

É esta a grande ameaça quase subliminar

que nos conduz à descrença e à desmotivação,

factores que matam o cerne da nossa Verdade.

Dezembro de 2020

 

 

20-12-2020