Ao
Contra-Almirante
Henrique de
Gouveia e Melo
Naquela penumbra
cinzenta dos dias
de solidão,
inconformismo e angústia,
Imerso em
gigantescas vagas de medo
navegou um
surreal submarino azul
sulcando ocultas
lágrimas amargas
a descolorirem
as pétalas da vida.
Cruzando a longa
noite escura e densa
navegando entre
torpedos e procelas
com a tristeza
na memória dos mortos,
a fixação
dolorosa numa nostalgia infinda,
as prosas
bárbaras, e as pérfidas arengas
impulsionadas
por ventos de vários rumos,
não se desviou
no resgate do bem comum
sequestrado sem
dó no dédalo do desespero,
e fê-lo até o
ver despontar no dia mais azul,
com bandos de
gaivotas em loucas acrobacias,
os rouxinóis
exauridos a cantar pelos silvados,
e até as rosas
rubras saíram em saudação
erguendo-se
vaidosas dentre as vinhas maduras
enquanto um sol
ia riscando de oiro e prata
a dengosa,
pacífica e convidativa ondulação
beijando em
longos soluços o vaso de guerra
no seu regresso
triunfal ao cais da fraternidade
aplaudido com
solenidade com o hino à alegria.
Missão cumprida.
Obrigado Almirante.
Setembro de 2021 |