Ergástulo

 

Na humana natureza somatopsiquica
Vive a profana divindade do medo,
Das desilusões, e das frustrações,
Dos que rejeitando o encantamento
A facilidade, o lúdico, e até a balda,
São hoje, na prisão de si mesmos,
Vítimas cruéis de subtil perseguição;
E, culpados por causas fora da malha
Vão definhando na clausura sem grades
Donde a evasão física é inconsequente
Mas zarpam na empatia dos afectos
Livrando-se dos semi-sábios sonsos
Cujos pecadilhos que fingem redimir
Ensaiando saídas do zero ao infinito
Jurando recuperar a justiça universal
Mas caem pela base com as desculpas
Nas mãos vazias e de luzes apagadas
Num adiar incensado com o cinismo
Que aspergem na quietude do sequestro
Acelerando assim a tomada de decisão
Com o intuito de. esquecer aquela tribo
Deitando mão à via fiável de sublimação:
A dicotomia atávica, prazer -desprazer
Sepultando ameaças que, neste ergástulo
Infernizam as livres e salutares consciências
Cuja vulnerabilidade tanto une como afasta.

                          Fevereiro de 2023

 

 

09-02-2023