ÍLHAVO


Sobram dúvidas sobre o seu nascimento. Em 1037, segundo registos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, existiu neste local um povoado romanizado que, pelos vestígios arqueológicos encontrados, leva a crer tratar-se de Ílhavo.

Do Illiauum de então se chegou à Ílhavo que, em 1296, foi elevado à categoria de vila e concedido foral.

Embora tão perto de Aveiro e de mão dada com a Gafanha a gente de Ílhavo é diferente: alta, leve, olhos negros, tez morena, respirando brisas do Oriente e do Mediterrâneo.

Profundamente inclinados para a vida do mar, não sabem viver sem ele e sem a pesca do bacalhau.

É curioso observar-se que até há umas décadas atrás o homem de Ílhavo, se não tinha trabalho na ria ou no mar, preferia passar fome do que trabalhar no campo.

Desde o século XVIII que os Ílhavos foram dados aos empreendimentos marítimos, encontrando-se espalhados por todos os continentes trabalhando na arte da pesca. Os que, por força das circunstâncias, não encontravam trabalho no mar emigravam para o Brasil e daí para outras paragens.

As mulheres, dizem, das mais belas de Portugal, crê-se da sua ascendência grega e fenícia, são donairosas, galantes no porte e no trajo.

O tipo rude e forte do homem da borda do mar, o pescador de Ílhavo, é valente e temerário.

Das xávegas, dos botirões e das robaleiras, por esse litoral fora, afirmou o seu valor e perícia e assinalou a sua passagem, fundando povoações e núcleos piscatórios, dando-lhes vida, carácter e riqueza.

Esse homem que enfrenta calmo a fúria de todos os elementos... baixa tímido e submisso os olhos perante os ralhos e as vontades da mulher.

É assim o povo de Ílhavo: o mar é o seu lema e o «Homem do Leme» o seu perfil.

Maria Armanda Grangeon

 

 

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