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à beira mar

poesia de maria celeste

 

Junto da praia,
Nessa hora tão bela e tão suave
Do fim do dia,
Quando o sol é um braseiro em agonia
A afundar-se nas águas,
Qual lista de oiro e fogo a separar
No horizonte,
O azul do céu e o azul do mar,
Acordam-me na alma adormecida
Pela magia idílica da hora,
Sons dispersos de horas já vividas
E há muito perdidas
Tempo fora!...
Como um sonho vago, inconsciente,
Lembro as sombras dos sonhos que sonhei
E sinto uma saudade incoerente
De saudades que nunca experimentei!...
Saudade que eu não sei donde me vem
De todos e de tudo,
Do prazer e da dor;
Saudade que nasceu talvez do Além,
De sítios que não vi,
De coisas que não sei!...
Saudade que me põe na alma a ânsia
Duma tristeza vaga, dolorida,
De tão dispersas mágoas,
E se perde nos longes das distâncias
E no canto das águas...
Saudade que em mim grita e em mim chora
E vem talvez
Da poesia e tristeza dessa hora
Em que o sol é um braseiro em agonia,
Qual lista de oiro e fogo a separar
No horizonte,
O azul do céu e o azul do mar!...

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