ANTÓNIO JOSÉ FLAMENGO

António Flamengo escreveu um original — singularmente enriquecido com os versos do Dr. Luiz Regala — pleno de simplicidade, traduzido numa linguagem acessível, popular, cheio de beleza.

Na urdidura do seu texto, foi dominante a preocupação em evitar o calão e esquivar o recurso à porcaria — tão usuais nas revistas portuguesas —, eliminando o duplo sentido, e banindo a pornografia.

Estudioso atento e sempre ao corrente das inovações cénicas, não é de estranhar em António Flamengo a marcante influência do teatro musicado da Broadway, o esplendor das "Folies-Bergère" e, não menos, a beleza sóbria das revistas alemãs da UFA.

Acrisolado no seu amor a Aveiro, enamorado das suas belezas e das suas gentes, com génio, estruturou uma revista regional superior como nenhuma outra, até hoje, subiu à cena nos palcos aveirenses.
 

DR. LUIZ CARLOS REGALA

Os versos do "Môlho de Escabeche", da autoria do Dr. Luiz Regala, valorizam extraor­dinariamente o original desta revista regional.

Causídico de créditos firmados na co­marca de Aveiro, o novel poeta, delicado, de alma sensível, que, no dizer do Dr. Alberto Souto, "no manejo das leis e nas lides do fôro não perde de vista a musa que lhe inspira versos, que são versos" requintados, sem dificuldade, por isso, verteu em quadras simbólicas os desejos e as ideias do principal mentor da revista. Perscrutando, com veia, como lídimo aveirense que era, os encantos e seduções de Aveiro, no muito das suas tradições e belezas da sua Ria, rimou com maestria todas as situações decorrentes dos quadros musicados na revista.

Dr. Luiz Regala, poeta cheio de talentos e qualidades já evidenciados no campo literário, formou, com António Flamengo, o duo de autores desta excelente Revista, que João Lé, superiormente, musicou.
 

JOÃO LÉ

Ao musicar mais de trinta números do "Môlho de Escabeche", João Lé revelou-se um prometedor talento, ao dominar tão agilmente os quadros de feição, predominantemente, folclórica e regional.

Toda a textura da sua partitura demons­tra trabalho aturado, não sendo estranha a busca, na transposição, da tradição e alma populares.

Incute-lhe, no entanto, o ritmo das fortes influências da música moderna, na inspiração dos lindos “fox-slows", tirados à imagem dos filmes norte-americanos.

Diplomado em violino, pouco antes, pelo Conservatório de Música do Porto, sobressaem, em si, grandes qualidades de excelente com­positor.

Se mais não fosse, bastaria ouvir as lindas peças musicais da abertura e do final da revista, e a extraordinária "Sinfonia das Ondas", para demonstrar à evidência a capacidade inspiradora deste ilustre músico aveirense que, além de compositor, foi o ensaiador musical e competente director de orquestra.

NÓBREGA E SOUSA

Natural de Aveiro, Nóbrega e Sousa é compositor musical. Personalidade de marcante projecção no meio musical da Capital, é autor de numerosos trabalhos de música ligeira, de rica inspiração, e que, por isso, têm alcançado grande voga. Estas composições, vivas e alegres, têm sido editadas e gravadas em disco no nosso País e no Brasil. Tem colaboração espalhada por diversos jornais e revistas.

É diplomado com o curso superior de piano do Conservatório Nacional de Música de Lisboa. Foi assistente de programas ligeiros da E. N. e foi colaborador do semanário "Rádio Nacional".

É sua a linda canção que compôs, ex­pressamente para a revista, intitulada "Sonho de Luar".