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O Farol da Barra de Aveiro

 
 

 

O Farol da 1.ª classe da Barra de Aveiro foi construído por solicitações do então Vigário Geral do Bispado de Aveiro, Pires de Lima, deputado pela Vila da Feira.

O projecto foi feito sob a superior direcção do engenheiro Benjamim Cabral e tem a data de 5 de Abril de 1884.

Começada a construção na primeira quinzena de Março de 1885 debaixo da direcção do engenheiro Silvério Pereira da Silva, oficial superior de engenharia, (morreu no posto de general) passou ela a ser dirigida pelo engenheiro Figueiredo e Silva e em seguida pelo engenheiro José Maria de Melo e Matos, que o acabou na segunda quinzena de Junho de 1893, tendo custado então ao Ministério das Obras Públicas, que o mandou construir, a módica quantia de 51.265$75.

Como importante auxiliar, tiveram os engenheiros, como mestre da obra, o hábil Manuel Mónica a quem se devem algumas modificações no projecto primitivo.

É de forma cilíndrica, construído de pedra e cal, e possui uma escada com 272 degraus de granito, dispostos em espiral, com corrimão de ferro, que muito auxilia a sua estabilidade e tem o centro da luz a 68 metros acima do nível médio das águas.

As suas fundações consistem num maciço de betão com 6 metros de espessura, assentando sobre estacaria com grade de madeira e têm de profundidade 10 e meio metros a contar do nível médio das águas, o que eleva a totalidade da construção a 68,5 metros de altura.

Foram cravadas 97 estacas com 8,5 metros de comprimento e 0,26 de diâmetro na parte superior, ficando esta (a parte superior da estaca) 2 metros abaixo do nível médio das águas.

Possuía uma lanterna rotativa de iluminação de incandescência a petróleo e movida por um sistema de relojoaria, cujos raios luminosos consistiam em quatro clarões brancos, visíveis de 24 em 24 segundos, com um alcance de vinte milhas, que iluminava o horizonte num sector de 180 graus.

Para ocasiões de nevoeiro, possuía também um sinal sonoro, que produzia um som de 15 em 15 segundos.

Hoje, a sua aparelhagem de luz e sonora é recente, e do que há de melhor e mais moderno, estando assim a par dos melhores faróis do mundo.

A construção tem dado até hoje magníficos resultados, o que bem compensa os sacrifícios e cuidados dispensados na conservação deste verdadeiro monumento.

Foi inaugurado em fins de 1893, pelo então Ministro das Obras Públicas, Dr. Bernardino Luís Machado Guimarães, que na república já ocupou o mais alto cargo da Nação.

Nota triste e curiosa:

O deputado Pires de Lima, apesar de padre, deixou-se apaixonar de certa Dama lisboeta e por ela se suicidou, no cemitério dos Prazeres, passado pouco tempo depois de inaugurado o farol.

Aveiro − 1939.

J. M.

 
 

 
 

Dos meus olhos, aos teus olhos,

do meu coração, ao teu,

há um largo mar d'escolhos,

onde o náufrago sou eu.
      Aveiro − FIRMINO DE VILHENA

A tristeza dos teus olhos,

entristece quem a vê,

é como a noite sem lua,

faz chorar sem ter de quê...
           Águeda - ADOLFO PORTELA

O beijo tem o calor,

que nos atrai, nos seduz,

perfume que o nosso amor

transforma em ondas de luz.
             Aveiro − J. M.