− Somos de Aveiro
!...
E de passagem, em visita de
recreio, pelas terras alheias, não diremos que a cidadezinha donde vimos
é superior às suas congéneres. nem que é mais linda a nossa terra do que
qualquer das lindas terras de Portugal que andamos percorrendo...
Saudamo-Vos!
E saudando-Vos, pedimo-Vos
permissão para Vos dar uma pequena notícia de Aveiro e seu Distrito,
desejando que a vossa felicidade nos permita um dia, a nós aveirenses,
receber a honra da vossa visita...
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Aveiro não é uma cidade
notável pelos seus monumentos. nem pelos grandiosos aspectos urbanistas
próprios das capitais modernas.
É pequenina, humilde,
popular.
O seu atractivo, a sua
grande riqueza, a sua maior curiosidade é a Ria.
Resto de um antigo golfo
separado do Atlântico por um cordão arenoso que se desalinhou das pedras
de Espinho ao Cabo Mondego, comunica com o mar por uma barra artificial
e abriga no seu interior um labirinto de canais, cales, esteiros e
ilhotas entre os quais desaguam vários rios. O Vouga, o principal deles,
esbraceja ainda por um delta, depois de divagar num largo estuário
morto, hoje preenchido por campos, pateiras, juncais e salgueirais, e
depois de percorrer um apertado vale entre montanhas, a recolher águas
da Beira.
A cidade é modesta, mas
preside a um distrito populoso, variado, rico de panoramas, complexo de
actividades marítimo, lagunar, agrícola, industrial, que pelos seus
brios, labor, recursos e aptidões honra o nosso País.
Mercê da região em que
assenta e das paisagens que a circundam, Aveiro, servida pelas linhas
férreas Porto−Lisboa e do Vale do Vouga, é uma terra que não repele o
visitante nem fatiga o turista que ali se detém. Constituindo pela sua
localização um prático e cómodo centro de passeios e digressões. dispõe
de um bom hotel, de pensões económicas, de vários cafés, de
teatro-cinema, de um agradável e acolhedor Jardim-parque, de um
excelente Museu de Arte que é dos melhores do País, de automóveis de
aluguer, lanchas de turismo para excursões fluviais, estradas de fácil e
rápida ligação com Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu e Figueira da Foz.
O clima é privilegiado por
isento de grandes oscilações e de penosos extremos.
Embora a região seja ventosa
em certas épocas, por aberta às correntes aéreas do. Oceano, nem os seus
invernos conhecem os rigores dos frios impertinentes, nem os seus estios
contam mais que alguns dias de calor bem suportável.
Do seu clima e da
movimentação das águas que a cercam resulta uma salubridade digna de
nota.
Tudo isto e os seus aspectos
peculiares tornam a cidadezinha atraente. dizem alguns escritores,
simpática, talvez, com o seu ar lavado, a simplicidade de maneiras do
seu povo, e a sua paisagem cheia de azul, de sol, de alegria, em verdade
única no País.
Uma estrada encostada às
marinhas, através da Ria e da Gafanha, conduz aos estaleiros navais e às
secas do bacalhau, às praias da Barra e Costa Nova, ao Forte, ao Farol,
ao cais da Aviação Marítima de S. Jacinto. Outra leva a Ílhavo, que
possui um interessante Museu de etnografia marítima, e à afamada fábrica
de porcelana da Vista Alegre, com seu Museu, rico mostruário e capela
monumental.
O percurso dessas estradas
maravilha os visitantes. O horizonte é vastíssimo: mar, dunas, campos
verdejantes, salinas, praias, ilhas e canais, sal rebrilhando, barcos à
vela, pinheirais, agras e campinas, colinas e serranias!
A terra é um anfiteatro, vai
do nível do mar até aos 1.100 metros de altitude. Ao sul o Cabo Mondego
e a serra da Boa Viagem, ao norte os montes durienses, fecham-nos o
horizonte. Lá no extremo o pico do Trevim da serra da Lousã, os montes
de Coimbra e do Lorvão, o Bussaco e o Caramulo, as Talhadas, o Arestal,
a Freita e, sempre à volta, casario, povoados, ninhos de uma grei densa,
prolífera e vigorosa.
Alguns quilómetros... e é a
Curia, o Luso, o divino e histórico Bussaco; a Bairrada e o Vale da Mó;
Águeda e o Panteon dos Lemos, a estrada dos Sanatórios do Caramulo;
Albergaria e Sever; Estarreja, a Murtosa, a Torreira; Ovar e o
Furadouro; Espinho e a Granja; Vila da Feira e o seu vetusto Castelo;
Azeméis e S. João da Madeira com as suas fábricas; Cambra com o seu vale
e Arouca com o seu riquíssimo convento. Tudo isso é digno de ver-se e
vê-se com prazer e percorre-se sem enfado.
Aveiro orgulha-se desse
Distrito, que é cheio de riqueza e de beleza e tem praias e vinhedos,
campos e alcantis, areias soltas e rochas fraguentas, e com a sua gente
humilde mas afável, onde se encontram raparigas que estranhos têm
considerado das mais esbeltas de Portugal, com as suas festas e
procissões, com os seus monumentos e com os seus canais, com a sua Ria e
as suas indústrias, o seu clima, as suas especialidades, os seus
arredores e os seus passeios. Aveiro não teme a vossa visita, porque não
receia desagradar-Vos: por isso
− Aveiro
convida-Vos e deseja-Vos!
A excursão dos Empregados no Teatro Aveirense
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