−  3  −

DE PASSAGEM

 
 

− Somos de Aveiro !...

E de passagem, em visita de recreio, pelas terras alheias, não diremos que a cidadezinha donde vimos é superior às suas congéneres. nem que é mais linda a nossa terra do que qualquer das lindas terras de Portugal que andamos percorrendo...

Saudamo-Vos!

E saudando-Vos, pedimo-Vos permissão para Vos dar uma pequena notícia de Aveiro e seu Distrito, desejando que a vossa felicidade nos permita um dia, a nós aveirenses, receber a honra da vossa visita...

*

*       *

Aveiro não é uma cidade notável pelos seus monumentos. nem pelos grandiosos aspectos urbanistas próprios das capitais modernas.

É pequenina, humilde, popular.

O seu atractivo, a sua grande riqueza, a sua maior curiosidade é a Ria.

Resto de um antigo golfo separado do Atlântico por um cordão arenoso que se desalinhou das pedras de Espinho ao Cabo Mondego, comunica com o mar por uma barra artificial e abriga no seu interior um labirinto de canais, cales, esteiros e ilhotas entre os quais desaguam vários rios. O Vouga, o principal deles, esbraceja ainda por um delta, depois de divagar num largo estuário morto, hoje preenchido por campos, pateiras, juncais e salgueirais, e depois de percorrer um apertado vale entre montanhas, a recolher águas da Beira.

A cidade é modesta, mas preside a um distrito populoso, variado, rico de panoramas, complexo de actividades marítimo, lagunar, agrícola, industrial, que pelos seus brios, labor, recursos e aptidões honra o nosso País.

Mercê da região em que assenta e das paisagens que a circundam, Aveiro, servida pelas linhas férreas Porto−Lisboa e do Vale do Vouga, é uma terra que não repele o visitante nem fatiga o turista que ali se detém. Constituindo pela sua localização um prático e cómodo centro de passeios e digressões. dispõe de um bom hotel, de pensões económicas, de vários cafés, de teatro-cinema, de um agradável e acolhedor Jardim-parque, de um excelente Museu de Arte que é dos melhores do País, de automóveis de aluguer, lanchas de turismo para excursões fluviais, estradas de fácil e rápida ligação com Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu e Figueira da Foz.

O clima é privilegiado por isento de grandes oscilações e de penosos extremos.

Embora a região seja ventosa em certas épocas, por aberta às correntes aéreas do. Oceano, nem os seus invernos conhecem os rigores dos frios impertinentes, nem os seus estios contam mais que alguns dias de calor bem suportável.

Do seu clima e da movimentação das águas que a cercam resulta uma salubridade digna de nota.

Tudo isto e os seus aspectos peculiares tornam a cidadezinha atraente. dizem alguns escritores, simpática, talvez, com o seu ar lavado, a simplicidade de maneiras do seu povo, e a sua paisagem cheia de azul, de sol, de alegria, em verdade única no País.

Uma estrada encostada às marinhas, através da Ria e da Gafanha, conduz aos estaleiros navais e às secas do bacalhau, às praias da Barra e Costa Nova, ao Forte, ao Farol, ao cais da Aviação Marítima de S. Jacinto. Outra leva a Ílhavo, que possui um interessante Museu de etnografia marítima, e à afamada fábrica de porcelana da Vista Alegre, com seu Museu, rico mostruário e capela monumental.

O percurso dessas estradas maravilha os visitantes. O horizonte é vastíssimo: mar, dunas, campos verdejantes, salinas, praias, ilhas e canais, sal rebrilhando, barcos à vela, pinheirais, agras e campinas, colinas e serranias!

A terra é um anfiteatro, vai do nível do mar até aos 1.100 metros de altitude. Ao sul o Cabo Mondego e a serra da Boa Viagem, ao norte os montes durienses, fecham-nos o horizonte. Lá no extremo o pico do Trevim da serra da Lousã, os montes de Coimbra e do Lorvão, o Bussaco e o Caramulo, as Talhadas, o Arestal, a Freita e, sempre à volta, casario, povoados, ninhos de uma grei densa, prolífera e vigorosa.

Alguns quilómetros... e é a Curia, o Luso, o divino e histórico Bussaco; a Bairrada e o Vale da Mó; Águeda e o Panteon dos Lemos, a estrada dos Sanatórios do Caramulo; Albergaria e Sever; Estarreja, a Murtosa, a Torreira; Ovar e o Furadouro; Espinho e a Granja; Vila da Feira e o seu vetusto Castelo; Azeméis e S. João da Madeira com as suas fábricas; Cambra com o seu vale e Arouca com o seu riquíssimo convento. Tudo isso é digno de ver-se e vê-se com prazer e percorre-se sem enfado.

Aveiro orgulha-se desse Distrito, que é cheio de riqueza e de beleza e tem praias e vinhedos, campos e alcantis, areias soltas e rochas fraguentas, e com a sua gente humilde mas afável, onde se encontram raparigas que estranhos têm considerado das mais esbeltas de Portugal, com as suas festas e procissões, com os seus monumentos e com os seus canais, com a sua Ria e as suas indústrias, o seu clima, as suas especialidades, os seus arredores e os seus passeios. Aveiro não teme a vossa visita, porque não receia desagradar-Vos: por isso

−  Aveiro convida-Vos e deseja-Vos!

                   A excursão dos Empregados no Teatro Aveirense