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Bombeiros Novos - Velhos Bombeiros

 
           
 

 

 

1908. Havia apenas 25 anos que se organizara em Aveiro a sua primeira Corporação de Bombeiros, em momento de grande fervor humanitário, e preenchendo uma lacuna que existia então no pequeno burgo que era a nossa cidade. Era ainda muito jovem a Associação dos Bombeiros Voluntários de Aveiro, mas a sua vida interna mostrava-se agitada, fervilhando as desavenças entre os seus homens, com permanentes desentendimentos e divergentes critérios de acção. Vista à distância de uns tantos anos, não há dúvida que esse ambiente de agitação, então considerado como de indisciplina, traduzia um movimento positivo, pois que, no final de contas, todos lutavam pelo Bem de Todos! Os pontos de vista, díspares, não permitiam uma acção monocórdica. Era premente lima solução. E a cisão surgiu, não por desinteresse pela Causa, mas, ao contrário, pelo desejo vivo de, através de liberdade de actuação, fazer o melhor. Assim nasceu a magnífica obra que é a Companhia Voluntária de Salvação Pública "Guilherme Gomes Fernandes" (Bombeiros Novos), obra de que hoje, passado 75 anos, Aveiro tanto se orgulha!

A acta da sua fundação, criação e instalação, tem a data de 30 de Novembro de 1908, e a Comissão Instaladora era composta pelos seguintes senhores:

Presidente: João Maria Naia Graça; Secretário: José Augusto; Tesoureiro: João do Amaral Fartura; Vogais: Luís Soares, Luís Benjamim, João da Silva Júnior, José de Oliveira Barbosa, Jorge Pereira da Silva.

Teve a sua primitiva sede na Rua da Corredoura, de onde passou para a Praça Luís Cipriano em 15 de Abril de 1911, e mais tarde para onde hoje se encontra.

Foi o seu primeiro Comandante o senhor Carlos Augusto José Mendes, – de 1 de Dezembro de 1908 a 1 de Outubro de 1913, – sucedendo-lhe, de 5 de Outubro desse mesmo ano a Janeiro de 1916, o senhor Fortunato Mateus de Lima (pai do engenheiro Mateus de Lima, director da Junta Autónoma do Porto de Aveiro).

/ p. 28 / A primeira bomba braçal, montada numa carreta de freixo, foi adquirida em 28 de Dezembro de 1913, e com os acessórios custou 380$00 escudos. Só dois anos depois, em 24 de Junho de 1915, chegou a segunda bomba braçal. O primeiro pronto-socorro só em 1927 se conseguiu adquirir.

Como tudo, então, era tão difícil! Que força de vontade, quantos esforços, que amor à Corporação!... Que homens tenazes em quem o brio, o espírito de luta, e a sua dedicação à Aveiro nunca esmoreceram, apesar das grandes dificuldades que a época e a pobreza do meio nos deixam adivinhar terem sido enormes!

E tão grandes essas dificuldades que, em Janeiro de 1921 e sob o patrocínio do Presidente do Município, se pensou muito a sério na fusão das duas Companhias, com o nome de Companhia de Bombeiros Voluntários Aveirenses "Guilherme Gomes Fernandes". Para tal, realizou-se uma reunião em 4 de Março, chegando a Associação Humanitária a aprovar o estatuto-fusão. Eram homens de boa vontade, dispostos a apaziguar e a cooperar, mas a projectada fusão não se realizou por irredutível oposição do Comandante da Companhia "Guilherme G. Fernandes", António Pedro de Carvalho, embora a Assembleia-Geral a tivesse aprovado por unanimidade! Havia nele orgulho, e muito justificado ele era!

Também eu me orgulho de, como médico, ter pertencido ao brioso Corpo Activo da Companhia Voluntária de Salvação Pública "Guilherme Gomes Fernandes", que agora festeja os seus 75 anos de existência prestimosa. Foi bem modesta a minha acção adentro daquela casa, em ambiente de fraterna amizade e sã camaradagem. Do convívio que ali tive recordo boas e leais relações pessoais, e em meu poder conservo religiosamente um Diploma de Sócio Benemérito, que me foi atribuído em 29 de Novembro de 1958, pelos serviços prestados à Companhia, e ainda, através da Liga dos Bombeiros Portugueses, uma Medalha de Prata, (1 estrela) e uma Medalha de Ouro, (1 estrela) que me foram conferidas, respectivamente em 20-11-958 e 22-11-962.

 
 

Humberto Leitão

 
 

págs. 27 e 28

   

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