Obrou prodígio de valor
no incêndio de 5 de Maio de 1887 no "Hotel Line" à Rua da
Alfândega, hoje Rua Clube dos Galitos e foi heróica no dia
24 de Agosto de 1899 no prédio onde hoje se encontra
instalada a "Cooperativa Agrícola de Aveiro e Ílhavo" na Rua
José Estêvão. Contudo, do brilhantismo invulgar, passa à
decadência originada pela discórdia entre os seus membros,
de que resultou o pedido de demissão do primeiro e segundo
Comandantes e respectivos membros directivos, em virtude de
graves dissidências ocorridas entre os Corpos Gerentes e as
praças, por motivos de infracções disciplinares de maior
importância em 23 de Maio de 1907.
A propósito, em 5 de
Novembro de 1908, o jornal “Campeão das Províncias" inseria
a seguinte local:
«Ontem e por virtude da
queda de um foguete na cocheira de
Manuel da Cruz, mais
conhecido por Manuel da Venda, no Rocio, pegou-se-lhe o
fogo, ardendo completamente apesar dos esforços dos
populares que acudiram.»
E se é certo que foi este
incêndio que deu origem à criação dos Bombeiros Novos, não
menos certo é que já desde 20 de Março de 1908 se trabalhava
afanosamente na sua fundação. A Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários desta cidade estava dissolvida, como
vimos, desde 23 de Março de 1907, e só mais tarde se
reorganizou.
E, assim, um Grupo de
Homens de Boa Vontade, a que se juntaram alguns dissidentes
da outra associação, reuniu-se em 28 de Novembro de 1908 na
sede da extinta "Associação dos Bateleiros” hoje edifício
dos Laboratórios Nostrum, próximo da capela de São
Gonçalinho, e deliberou a Fundação da Companhia.
Desta reunião saiu a
Comissão Instaladora composta por
João Maria da Naia Graça,
Presidente; José Augusto, secretário;
João do Amaral
Fartura, tesoureiro; Luís
Soares,
Luís Benjamim,
João da
Silva Júnior, José de Oliveira Barbosa,
Jorge Pereira da
Silva, vogais, que a 30 desse mesmo mês de Novembro, cerca
das 21 horas, e num armazém de pescado, sito no Cais das
Falcoeiras, que era pertença do vogal Luís Soares, à luz de
uma vela e sobre um cabaz de peixe, se lavrou a acta da
criação, fundação e instalação da
/ 20 / Companhia,
escolhendo para patrono o denodado mestre de Bombeiros,
Guilherme Gomes Fernandes. Daqui saiu a comissão
organizadora e administrativa, composta por Jorge Pereira da
Silva, José Augusto, João do Amaral Fartura,
Roque Ferreira
Júnior, José Maria de Carvalho Júnior,
Manuel Nogueira,
João Silva, José de Oliveira
Barbosa, João Maria da Naia Graça,
Carlos Augusto José Mendes, Luís Soares, Luís Benjamim.
E, assim, neste dia
30 de Novembro de 1908, ficou constituído o seu 1.º quadro activo e
foram seus
fundadores Luís Benjamim Nunes de Maia, João da Silva
Júnior, Jerónimo Martins Raposo, Jorge Pereira da Silva,
António Rodrigues Mieiro,
Abel Ferreira,
João dos Santos
Moreira, Manuel Augusto Migueis Picado, Alfredo
de Sousa
Maia, José de Oliveira Barbosa,
Joaquim Soares, João do
Amaral Fartura, João Augusto Henriques, José Maria de
Carvalho Júnior, António da Maia, João
Martins Raposo,
Manuel da Silva Palavra,
João da Silva Araújo,
Manuel dos
Reis, Máximo de Oliveira,
Francisco Nunes da Maia, José
Augusto, José Augusto Migueis Picado,
João Maria da Naia
Graça, Luís Soares, Joaquim Soares,
Adriano Rocha, Carlos
Picado, João Nunes de Oliveira,
Domingos João dos Reis
Júnior, Francisco de
Matos Júnior.
A Companhia teve a sua
primeira sede em Fevereiro de 1909 na Rua da Corredoura,
hoje Rua do Batalhão de Caçadores 10, numa casa de
António
Ferreira Félix, que para tal a cedeu por 18.000 reis anuais,
pagos em duodécimos. Ali fizeram os carpinteiros-bombeiros, e
em tempos livres, cinco lanços de escadas e uma carreta com
todos os apetrechos.
A segunda sede foi
instalada, em 15 de Abril de 1912, na Praça Luís Cipriano,
hoje Praça Humberto Delgado.
Em 1913 comprou-se a
primeira bomba braçal e, em 24 de Junho de 1915, chegou a
segunda bomba e deu-se até o caso curioso de ter de abrir-se
uma estação na Rua do Sol, hoje Rua Sargento Clemente de
Morais, num armazém cedido por José Gamelas, porque o Quartel
era demasiado pequeno.
O terceiro quartel-sede
foi construído no Largo Maia Magalhães e teve o seu início
em 1920, ficando concluído em 1922. Tinha de frente 14 metros
e 12 de fundo e uma cerca com 1000 metros quadrados.
A planta do quartel foi
feita pelo primeiro comandante efectivo que os Bombeiros
Novos tiveram, Carlos Augusto
José Mendes, e foi nesse local que, depois desse edifício
ter sido demolido, se
ergueu o actual quartel.
A primeira saída dos
Bombeiros Novos, o seu
"Baptismo de Fogo", foi para a Rua dos Tavares, em 13 de Janeiro
de 1909, na Pensão da Ti Feliciana. Foi um fogo na chaminé
por "falta
de limpeza", e nesse combate esteve presente um carro manual com escadas.
Os prejuízos andaram pelos 6.000 reis.
Em 2 de Fevereiro de 1914,
houve uma saída para
a Rua de Jesus, às 17 horas, numa casa defronte do antigo
Convento de Jesus e habitada pelo sacristão do Convento, que
era pertença da Câmara Municipal. Fogo
/ 21 /
no junco que cobria o pavimento, provocado por qualquer
brasa caída para o chão, causando prejuízos sem importância.
Foi a primeira saída da primeira bomba braçal.
Em 13 de Outubro de 1915:
fogo num prédio, com loja, na Praça de Ílhavo, propriedade
de Ana Vareira. O material e bombas foram transportados numa
carreta.
Em 8 de Agosto de 1926:
fogo na estação da C. P., na Pampilhosa. Arderam um armazém
e 29 carruagens; a ida e regresso dos Bombeiros fez-se de
comboio. É de notar que, neste
tempo, ainda não se possuíam viaturas motorizadas.
Em 1926 comprou-se um "chassis"
que depois se adaptou a Pronto-Socorro, a que foi dado o
nome de Papo-Seco. As rodas deste carro eram de raios [de
madeira].
Em 1927 comprou-se um "chassis"
Ford que depois se carroçou em Pronto-Socorro. As rodas
deste carro eram também de raios. Neste mesmo ano, comprou-se a
primeira moto-bomba de marca Norton, que custou 13.740$00. Foi inaugurada em 30 de Novembro, criando-se
o quadro de motorista.
Em 1930 comprou-se o "chassis"
Stutz, sendo nele montado o Pronto-Socorro "Aveiro".
Em 1940
comprou-se um "chassis" a que, depois de carroçado, se deu o
nome do benemérito Dr. Nascimento Leitão. Estava equipado com
moto-bomba D.K.V., oferecida pelo mesmo benemérito.
Em 1942 carroçou-se o
Pronto-Socorro "Vouga".
Em 1930, por iniciativa de
Humberto Trindade e José Teles de Meneses, elementos
directivos, realizou-se, em 31 de Agosto, pelas 15 horas, o
primeiro
Circuito do Centro de Portugal de Motocicleta,
patrocinado pelo Moto Clube de Portugal, num percurso de 200 Kms, em 40 voltas no triângulo das estradas Barra à Costa
Nova, Forte e Barra, e cujo produto líquido reverteu a favor
desta companhia. Neste circuito inscreveram-se:
Manuel
Machado, Augusto Rei (o americano),
Ângelo Ferreira Bastos,
Mário Teixeira (campeão de Portugal neste ano),
Manuel
Rodrigues da Silva, José de Figueiredo,
Henrique Emiliano e
Fernando
de Sousa. Os prémios, de elevado valor, eram constituídos
por uma Taça, medalhas de oiro e objectos de arte.
Em 1931, 30 de Agosto,
realizou-se o II Circuito do Centro de Portugal.
Em 28 de Agosto de 1932,
e no mesmo mês do ano seguinte, realizaram-se os III e IV
circuitos.
Em 1933, para comemorar
os 25 anos de actividade, construiu-se um prédio na Rua do
Seixal, hoje Rua Voluntários Guilherme Gomes Fernandes.
José
de Pinho elaborou o projecto. A primeira pedra foi lançada,
solenemente, pelas 17 horas de 1 de Maio pelo então
governador civil, major Mário Gaspar Ferreira. Tal edifício Pela lotaria
de St.º António em 16 de Junho de 1934, foi a cautela
sorteada ao contemplado n.º 5185 que era pertença do zelador
municipal Francisco do Nascimento Correia.
Em 23 e 25 de Fevereiro
de 1936 realizou a companhia um corso carnavalesco e Batalha
de Flores no canal central e ruas
/ 22 /
marginais. Comprou-se um "chassis" marca Studebaker por
30.000$00 que, depois de carroçado em Pronto-Socorro pelos
irmãos Costa desta cidade, foi inaugurado em Agosto de 1936,
a que se deu o nome de "Vera Cruz". Foi um dos
Pronto-Socorros mais bonitos e operacionais do seu tempo.
Em
Março de 1953 adquiriu-se uma escada Magirus rebocável e um
jeep Willys.
Em 30-11-1955 inaugurou-se o Pronto-Socorro São
Gonçalinho e, em 1958, inaugurou-se o primeiro
Pronto-Socorro de Nevoeiro.
Em 1962 inaugurou-se um Land-Rover e, em 1963, adquiriu-se a primeira ambulância
da
companhia.
Em 1971 inaugurou-se o segundo
Pronto-Socorro de nevoeiro e dois barcos de socorros a
náufragos.
Em 1973, criou-se o corpo de Mergulhadores e
adquiriu-se um Volkswagen que foi adaptado a carro-cozinha.
Entretanto, a corporação foi equipada pelo I.S.A. com uma viatura Land-Rover e
atrelado, porta-cabos, duas lanchas em fibra e respectivos
motores, para a prevenção nas praias interiores, durante os
meses de Verão.
Em 30-11-1977
inaugurou-se um Pronto-Socorro médio de intervenção imediata
e uma ambulância.
Criou-se depois a Secção
de S. Jacinto, equipada com uma ambulância.
No decorrer dos últimos
anos, o quartel
foi apetrechado com quatro ambulâncias, um autotanque, um tractor Valmet, um
Jeep 1.200 polivalente, várias moto-bombas e diverso
material. Por último, foi adquirido um moderníssimo Pronto-Socorro
de fabrico alemão, a última palavra da marca Magirus.
REGISTO DE COMANDOS
1.ºs COMANDANTES
1.º
–
Carlos Augusto José
Mendes – desde 1/12/1909 a Outubro de 1913;
2.º
–
Fortunato Mateus de
Lima – desde 5 de Outubro de 1913 a 24 de Janeiro de 1916;
3.º
–
José Maria Pereira
– desde Fevereiro de 1916 a 5 de Agosto de 1917;
4.º
– Capitão
António
Pereira de Brandão – desde 29 de Dezembro 1918 a 1926;
5.º
–
Alberto Reis –
desde 26 de Dezembro de 1926 a ??;
6.º
– Capitão Serra ?;
7.º
– Tenente
Artur
Ferreira – 25-4-1936 a 5-2-1937;
8.º
– Tenente
Augusto
Natividade e Silva – desde 3 de Agosto de 1938 a 1-4-1973;
9.º
– Eng.º
João de
Oliveira Barrosa – desde 6-4-73 a ?
2.ºs COMANDANTES
1.º
–
Luís Nunes de Maia;
2.º
–
José Maria de
Carvalho;
3.º
–
João de Amaral
Fortuna – desde 1918 a 20 de Dezembro de 1927;
4.º
–
Antero Pereira – 16
de Janeiro a 21 de Fevereiro de 1928;
5.º
–
Belmiro de A.
Fartura – 28 de Dezembro de 1928 a 4 de Abril de 1960;
6.º
– Manuel Rigueira –
desde 30-11-1977 a ?
AJUDANTES
1.º
– Manuel Rigueira –
desde 26 de Novembro de 1961 a 30-11-1977;
2.º
–
José Matos de
Carvalho – a partir de 27 de Janeiro de 1978. |