Aida Viegas, Pensar Alto (Poesia), Aveiro, 1992, p. 9.

Cantarei

Fizeram da tristeza sua graça
Os que vagueando, noite escura, 
De amargo fel, beberam doce taça 
Viajando pelas raias da loucura.

Ergueram estandarte da desgraça,
Da solidão, da dor, da desventura.
Passaram pela vida, como passa
Quem não recebe, ou dá, qualquer ternura.

Eu, porém, que amo o sol nascente 
Trago no peito a luz da alvorada, 
Procuro a paz, em Deus sou crente;

Eu, não quero, nem vou ficar calada.
A alegria, o amor, em tom crescente

Hei-de cantar, até ficar cansada.


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