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A actriz da escrita

 

Impregnas-me de inquietude até à alma,

Uma necessidade absorta e abrupta…

De cantar, dançar, gritar

Ao universo, repleto de mundos paralelos ….

Vontades bem próprias de cada mundo.

Cegas à compreensão do próximo.

E, por vezes, até mesmo intolerantes com o mesmo.

Sou um vulcão, onde transbordo

Sentimentos sentidos,

E outros pensados,

Que penso, que os sinto tão bem

Como se fosse eu própria a sentir.

Na verdade sinto

Por breves momentos, mas sinto…

No entanto, confesso, são mais pensados

Do que sentidos ….

Sou como uma actriz da escrita.

Tenho que os sentir ou pensar que os sinto,

Para que os possa escrever.

Não importa, se não seja eu que os sinta.

O que verdadeiramente interessa

É que sejam sentidos na sua essência.

E eu, uma mera actriz da escrita,

Transcrevo sentimentos, emoções...

Em palavras, frases...

Por vezes banais... tão banais talvez como estas…

No entanto, sacio este meu vício que me corrói

Até ao infinito do espírito…

Este vício, que é a Escrita.

 

Ana Cristina, 2006

 


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