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                  Notas
                  soltas para a história do liceu (1851-1910)
                   O
                  liceu foi criado em 1851, ao abrigo do art. 46º do decreto de
                  20 de Setembro de 1844 (Costa Cabral). 
                  Foi
                  primeiramente instalado no Paço Episcopal. 
                  A
                  partir da leitura de uma acta do Conselho Escolar, datada de 8
                  de Janeiro de 1852, lavrada pelo professor de Gramática
                  Portuguesa e Latina e Latinidade, que passou a exercer,
                  interinamente, o cargo de secretário, conclui-se que as reuniões
                  do Conselho se realizavam noutra casa. 
                  Em
                  Outubro de 1852, muda de casa, instala-se na casa de Francisco
                  José de Pinho Ravara, na Rua de Santa Catarina, arrendado por
                  cinco moedas. 
                     
                  Em
                  20 de Novembro de 1854, o corpo docente do liceu era constituído
                  pelos seguintes professores:1ª e 2ª cadeira - Germano António
                  Ernesto de Pinho (secretário); 4ª cadeira - Reverendo Padre
                  Mestre Fr. João José Marques da Silva Valente; 5ª cadeira -
                  Manuel Joaquim de Oliveira Santos, que substituía o Reitor;
                  Francês e Inglês - José Perry; Faltava prover as cadeiras
                  de 3ª (Aritmética e Geometria e Álgebra) e 6ª (História,
                  Cronologia e Geografia). 
                  Em
                  30 de Novembro de 1854, era Reitor interino o prof. Oliveira
                  Santos. 
                  A
                  29 de Setembro de 1855, é proposto pelo dono do edifício o
                  aumento do arrendamento para quarenta mil reis anuais. Algumas
                  vozes opuseram-se no Conselho do Liceu, e foi deliberado que o
                  Conselho se representaria a Sua Majestade, revelando-lhe as
                  dificuldades que o liceu atravessava. 
                  Dentro
                  de pouco tempo, o liceu foi instalado em dependência do
                  Convento de Santo António. 
                    
                  Na
                  sessão do Conselho do Liceu de 20 de Junho de 1857, toma
                  posse o novo reitor Queiróz (Francisco José de Oliveira
                  Queiróz) que exerce o cargo até 1861. 
                  Na
                  sessão parlamentar de 16 de Julho de 1853, José Estêvão,
                  requereu "primeiro para que o governo mandasse fazer a
                  planta e o orçamento de um edifício para estabelecer o lyceu
                  do distrito d'Aveiro, tendo por adjunto a bibliotheca
                  publica,..." 
                  Assim,
                  em 1855 foi publicada a portaria que ordenava as obras de
                  construção. 
                  O
                  Governador Civil desse tempo, Antero Albano da Silveira Pinto,
                  no seu relatório de 20 de Julho de 1855, escreve: "Para
                  o Lyceu Nacional d'esta Cidade, que desde a sua inauguração
                  em 1851 tem andado por casas de renda, mal situadas,
                  incommodas, e sem a suficiente capacidade, está designado um
                  bello local na praça do Municipio: para a construção do
                  respectivo edificio, em que também se estabelecerá a
                  bibliotheca do Districto, acha-se prompta uma grande
                  quantidade de material, e votada a quantia de desesseis contos
                  e oitocentos mil reis. - É grande a importancia d'esta
                  concessão, mas só se pode avaliar devidamente depois de
                  levada a effeito a projectada obra, para cujo começo e activo
                  andamento farei os meus esforços, como convém à mocidade
                  estudiosa d'esta cidade e Districto." 
                  O
                  definitivo alinhamento para as obras do Liceu foi dado pela Câmara
                  Municipal na sua sessão de 19 de Julho de 1855. 
                  As
                  obras devem ter principiado imediatamente. Em Julho de 1856
                  escrevia o governador civil Silveira Pinto: "Pelo que
                  toca ao Lyceu Nacional d'esta Cidade, vai bastantemente
                  adiantada a construcção do bello edificio...." 
                  A
                  construção achava-se quase concluída em fins de 1859. O
                  Conselho Escolar do Liceu reuniu-se em 10 de Novembro desse
                  ano, para tratar do problema do mobiliário para o novo Liceu. 
                  Em
                  26 de Janeiro de 1860 assina José Estêvão uma carta,
                  dirigida ao reitor Francisco José de Oliveira Queiroz, a qual
                  fala sobre a conclusão das obras do Liceu, e necessidade de
                  requisitar equipamento ao Ministério do Reino. 
                  Sobre
                  o liceu escreveu Marques Gomes em 1875: "O edificio é
                  sem duvvida, n'este genero, o primeiro de Portugal... A
                  construção interna e externa é elegante. Ás tres portas
                  ogivaes da entrada, no alto da escadaria exterior correspondem
                  outras tantas no fundo do atrio, comunicando a do centro para
                  o interior do pavimento e as lateraes para as escadarias que vão
                  ao patamar, do meio do qual arranca, em sentido inverso, e
                  alumiada por uma janela ogival, e antigamente por uma
                  claraboia, em forma de zimborio, a escada que dá acesso para
                  o segundo pavimento, occupado pelas aulas, gabinete onde se
                  acham as vitrines, que contem instrumentos de physica,
                  mineralogia, ornitologia etc, sala de espera e bibliotheca...
                  Nas aulas, os logares para os alumnos, formam em frente da
                  cadeira do professor, um amphytheatro de cadeiras de braços
                  em semi-circulo." 
                  A
                  verba total gasta na construção aproxima-se de 27 contos de
                  reis. 
                    
                  O
                  edificio foi inaugurado em 15 de Fevereiro de 1860, tendo como
                  reitor Francisco José de Oliveira Queiróz (nascido a 28 de
                  Dezembro de 1804, em Aveiro, era médico). 
                  Na
                  sessão do Conselho, reunido para aprovação de contas, de 10
                  de Julho de 1862, figura o nome do novo reitor, Manuel Gonçalves
                  de Figueiredo. 
                    
                  Depois
                  do incêndio ocorrido em 20 de Junho de 1864, no edificío do
                  Paço Episcopal, as repartições do Governo Civil e Fazenda,
                  que nele se encontravam instaladas, passaram para o primeiro
                  andar do edifício do liceu. 
                  Em
                  21 de Outubro de 1866, inaugurou-se no Liceu o retrato de José
                  Estêvão. O retrato é obra do pintor lisbonense José Maria
                  Sales. E encontra-se hoje na sala dos professores da Escola
                  Secundária de José Estêvão. 
                  Um
                  novo reitor assume a direcção do Liceu, o professor Clemente
                  Pereira Gomes de Carvalho, que como tal assina as actas desde
                  27 de Julho de 1869 até Junho de 1871. 
                  A
                  primeira sessão de abertura solene das aulas no Liceu de
                  Aveiro fez-se em 1869. 
                  Na
                  acta da sessão de 20 de Julho de 1871 aparece como reitor, João
                  de Moura Coutinho de Almeida de Eça. 
                    
                  A
                  acta de 24 de Abril de 1880 está assinada também por Álvaro
                  de Moura Coutinho de Almeida de Eça (sobrinho e genro do
                  Reitor João de Moura), mais tarde Reitor. 
                  A
                  primeira referência a José Estêvão, em actas do Conselho
                  Escolar, encontra-se na da sessão de 1 de Junho de 1882, a
                  propósito do lançamento da primeira pedra do monumento ao
                  grande aveirense. 
                  A
                  acta de 2 de Janeiro de 1866 é assinada pelo prof. Sousa e Sá,
                  como reitor interino por falecimento do efectivo (João de
                  Moura) e redigida por Gonçalves de Figueiredo, secretário
                  interino. 
                   O
                  novo reitor, José Cândido Gomes de Oliveira Vidal,
                  apresenta-se pela primeira vez perante o Conselho, em 31 de
                  Março de 1886. Foi este reitor quem primeiro se esforçou por
                  que do edifício do Liceu saíssem as repartições do Governo
                  Civil e Fazenda, que desde 1864, ocupavam o primeiro piso. 
                  Na
                  sessão extraordinária de 23 de Dezembro de 1887, o Reitor, Cónego
                  Oliveira Vidal, "deu conhecimento aos vogais do conselho
                  da consulta que lhes fôra feita pelo Presidente da Commissão
                  Districtal ácerca da mudança do lyceu para um edificio que
                  se edificasse de novo...". 
                  Em
                  3 de Janeiro de 1888, de novo reúne extraordináriamente o
                  conselho para apreciar e votar o parecer que a referida comissão
                  em seguida apresentou e que é do theor seguinte: - "A
                  Commissão encarregada de dar parecer sôbre o projecto
                  apresentado para o edificio do novo lyceo a edificar no local
                  das ruinas do palacete do Visconde de Almeidinha..." 
                  Em
                  actas do Conselho do Liceu não mais volta a falar-se em mudança.
                  O caso apaixonou a opinião pública e a imprensa local. Como
                  sempre acontece, dividiram-se as opiniões. Durante três
                  meses, diz Homem Cristo, em cada número do O Povo de
                  Aveiro publicou-se um artigo sobre o assunto. 
                  Em
                  22 de Março de 1892 falece o Reitor Cónego Oliveira Vidal,
                  pelo que assume o lugar de Reitor interino o professor Maia
                  Romão; mas na acta de 30 de Julho do mesmo ano figura como
                  reitor o professor Manuel Gonçalves de Figueiredo. 
                  Em
                  14 de Setembro de 1895 é Reitor do Liceu o professor Manuel
                  Gonçalves de Figueiredo e professores os seguintes: Maia Romão,
                  Elias Pereira, Álvaro de Eça, José Rodrigues Soares, 
                   Manuel
                  Rodrigues Vieira, Marques Mano e Ladeira Castro, professores
                  efectivos; e Marques de Castilho, provisório. 
                  Em
                  24 de Outubro de 1895, em virtude do estabelecido pela Reforma
                  de Intrução Secundária de 14 de Agosto desse ano, em que
                  pela primeira vez, entre nós, se decretou o ensino de
                  classes, foi nomeado reitor, estranho ao corpo docente, o
                  oficial da Armada, 
                   Francisco
                  Augusto da Fonseca Regala. O novo reitor tomou posse pela
                  primeira vez no Conselho Escolar, no dia 2 de Novembro de
                  1895. 
                  De
                  1901 por diante, modifica-se a situação do Liceu. Da acta de
                  2 de Dezembro desse ano conclue-se que o Liceu acabara de
                  sofrer reparações. 
                  Pela
                  acta de 1 de Maio de 1903, ficamos a saber que haviam saído
                  do Liceu as repartições de Fazenda. Entretanto, prosseguiam
                  as obras no edifício do Largo do Terreiro para a instalação
                  do Governo Civil e outras repartições. 
                  Na
                  sessão de 5 de Abril de 1907, apresentou o Reitor ao Conselho
                  um projecto de uma "Caixa Escolar", chamado
                  "Caixa Escolar do Lyceu Nacional de Aveiro", em
                  forma de associação, tendo por fim constituir capital
                  destinado ao pagamento das despesas a fazer em excursões
                  escolares de estudo e subsidiar estudantes pobres que
                  frequentarem o Liceu, fornecendo-lhes livros, pagando-lhes
                  propinas de matrícula, e quando for possível, conceder-lhes
                  pensões para a sua alimentação. 
                  Na
                  acta do dia 13 de Dezembro de 1907, existe uma referência á
                  mudança das repartições do Governo Civil para a casa do
                  Terreiro, deixando o liceu após 43 anos. 
                  Na
                  sessão de 6 de Março de 1908, o Reitor Regala, que era, ao
                  mesmo tempo, o Presidente da Caixa Económica de Aveiro,
                  comunica ao Conselho Escolar a instituição, pela Caixa Económica,
                  do prémio anual e pecuniário de 30$00, denominado -Prémio
                  do Governador Civil Nicolau Anastacio Bettencourt-, a atribuir
                  ao aluno da 5ª classe que conclua com distinção o Curso
                  Geral do Liceu. 
                  Em
                  1909, ano do 1º centenário do nascimento de José Estêvão,
                  o Conselho Escolar associa-se às festas que por esse motivo
                  se realizaram. Na sessão de 3 de Novembro, o Conselho aprovou
                  a proposta de Álvaro d'Athayde de descerrar uma lápide de mármore
                  no átrio do Liceu, onde conste que a construção do mesmo se
                  deve á força e tenecidade de José Estêvão, e ainda em
                  sessão solene ler um elogio histórico ao tribuno na qual se
                  apresentará o Orfeão Académico. 
                  O
                  decreto de 17 de Outubro de 1910 demitia todos os reitores. As
                  sessões do Conselho Escolar de 19, 20 e 21 de Outubro de
                  1910, foram presididas pelo professor Elias Fernandes Pereira. 
                  A
                  Francisco Augusto da Fonseca Regala sucedeu o reitor, 
                   Dr.
                  Álvaro de Moura Coutinho de Almeida de Eça, sobrinho do
                  primeiro reitor do Liceu. 
                  No
                  relatório de 1910-1911, queixa-se o Reitor de que "foi
                  adquirido há quasi dois anos, um terreno adjacente ao
                  edificio para a construção do gimnasio,..." e lá
                  continua o Reitor o seu lamento pela classe de ginástica não
                  ter sala. As obras só continuam em Dezembro de 1914. 
                  Em
                  fins de 1916 (decreto de 18 de Novembro), graças aos esforços
                  da Câmara de Aveiro e do Dr. Barbosa de Magalhães, o Liceu
                  foi elevado a Central. 
                  Por
                  decreto de 24 de Abril de 1919, foi adquirido um edifício
                  contíguo ao liceu por dez contos, para ampliar o mesmo.
                  Assim, o liceu com todas as suas dependencias passaria a
                  ocupar uma área de 5000 metros quadrados. Todas as obras de
                  adaptação foram executadas sob a direcção do reitor Álvaro
                  de Eça. 
                  Nos
                  anos seguintes a 1916 e em virtude da elevação do liceu a
                  Central, aumentou considerávelmente o número de professores. 
                  O
                  Reitor Álvaro de Eça faleceu no dia 9 de Julho de 1926.
                  Sucedeu-se o prof. José Tavares. 
                  Nota:
                  Reconversão do documento original consultável no endereço 
                                               
                  www.prof2000.pt/users/secje/HIST1.HTM
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